Capítulo 1

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Juliette

A expectativa.

Todas as minhas amigas, e colegas do ballet, se amontoavam no pequeno mural de vidro, que ficava na parede da entrada da sala de dança.

Eu olhava de longe, aflita demais para me juntar a elas e descobrir o meu destino.

Sentia a minha boca seca, e as mãos trêmulas. Será que depois de todo o meu esforço, eu finalmente consegui o papel que almejava?

Estava acostumada a fazer parte do corpo do ballet, fazendo papel de solista por algumas vezes, mas desde que nossa maître, anunciou que nossa próxima peça, seria o "Lago dos cisnes". Me empenhei como nunca, para finalmente conseguir o papel principal.

À medida que elas se afastavam, depois de descobrirem os papéis que exerceriam. Eu me aproximava com cautela, passos lentos, pernas bambas, frio na barriga. Quando enfim estava perto o suficiente, Lara olhou para mim sorridente.

- Você conseguiu! - informou empolgada, apontando com o dedo, meu nome na lista.

Olhei para onde seu dedo estava, e li meu nome, bem em frente aos nomes, Odette/Odile.

Eu consegui! Consegui o papel principal.

- Parabéns, Ju! - ela desejou, se inclinando para me abraçar. - Você mereceu.

- Obrigada, Lara. - a abracei de volta.

Eu estava tão feliz, que corri para o meu armário, e peguei as minhas coisas, substituindo minhas sapatilhas de ponta, por um chinelo. Nesse momento, só existia uma pessoa com quem eu queria comemorar, e essa pessoa era ele.

-

-

Entrei em nosso apartamento, já chamando seu nome, pelo horário, já deveria estar em casa.

- Rod. - chamei, caminhando pelo corredor, e procurando por ele pelo apartamento. - Amor?

Olhei pelos cômodos, e achei todos vazios.

Ele não estava.

Tirei o meu celular da bolsa, e procurei por qualquer mensagem dele, mas não havia nenhuma.

Resolvi ligar, o telefone chamou várias vezes, até cair na caixa postal. Repeti o processo, e recebi o mesmo resultado.

Talvez ele tenha decidido trabalhar até mais tarde.

Tentei mentir para mim mesma, mesmo sabendo exatamente aonde e com quem ele estava.

Caminhei para a nossa suíte, tirando os grampos do meu cabelo e desfazendo o coque, deixando meus fios longos e castanhos soltos. Liguei o chuveiro, deixando o vapor quente nublar os espelhos, me despi da saia rosa clara e do collant preto. Tirei o curativo do meu dedão, vendo que a minha unha já havia crescido novamente, e que eu poderia deixar de usar o curativo.

Entrei no chuveiro, sentindo a água quente tocar minhas costas, derretendo os pontos de tensão do meu corpo, fechando os olhos e me permitindo relaxar no banho.

Lavei meus cabelos e meu corpo, desligando o chuveiro e me enrolando na toalha felpuda. Vesti uma camisola rosa clara, com renda no decote, e voltei para o quarto, usando a toalha para tirar o excesso de umidade dos meus cabelos.

Olhei novamente para o celular, pensando que talvez ele pudesse ter retornado as minhas chamadas, ou até mesmo mandado alguma mensagem. Mas isso não aconteceu.

Eu não era o tipo de namorada obsessiva, que proibia o namorado de ter uma vida social, ou que exigisse que fizéssemos tudo juntos. Rodolffo sempre foi um cara com um grande círculo de amizades, e eu nunca me importei com isso.

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