Epílogo

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Rodolffo

Eu ainda não fui capaz de entender o que aconteceu, o porquê eu tive a oportunidade de voltar atrás, e corrigir meus erros. Só sei que estou grato por isso ter acontecido.

O senso de finitude, me fez valorizar ainda mais a mulher que eu tenho ao meu lado, me fez querer aproveitar cada segundo, como se fosse o último, porque eu já havia tido a noção de como seria perdê-la.

Ainda tinha pesadelos, lembranças da noite em que eu a perdi. E por mais difícil que fosse me lembrar daquele dia, eu estava feliz por ter tido a chance de mudar os nossos destinos, e ter a oportunidade de vê-la ali, sorridente, brincando a beira do mar, grávida do nosso primeiro filho.

Depois de me recuperar, cumpri minha promessa de trazê-la à Paraíba, e me culpei por não ter feito isso antes. A Ju amava a sua terra, e a sua felicidade era tanta ali, que era quase palpável.

Juliette já ostentava uma barriga de seis meses, e estava ainda mais linda, se é que isso era possível. 

Ela desconversava, todas as vezes que mencionava o ballet. Sabia que ela não estava pronta para lhe dar com a realidade, de que talvez nunca mais pudesse dançar.

Eu sabia o quanto a dança era importante para ela, e eu, eu amava vê-la dançar. Meu maior desejo, é que ela conseguisse realizar todos os seus sonhos.

A apresentação dela em O Lago dos Cisnes, apesar de única, rendeu muitos elogios, e se não fosse o acidente, sei que ela teria recebido vários convites para ingressar em grandes companhias de dança.

- Ei, tu vai ficar só me olhando aí, é? - ela perguntou divertida, enquanto a água do mar molhava seus pés.

Ela suspendia o longo vestido branco até os joelhos, mas a tentativa de não molhar a barra, foi impossível. 

O sol começava a se pôr no céu, e a imagem que surgiu foi tão linda que precisei registrar aquele momento.

O sol começava a se pôr no céu, e a imagem que surgiu foi tão linda que precisei registrar aquele momento

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- Vem aqui, amor. - ela tornou a chamar e dessa vez eu fui.

Corri até ela, e a peguei no colo, arrancando risadas dela, enquanto a girava no ar. O som da risada dela, era como música para os meus ouvidos, e eu me sentia extremamente feliz de ter ela nos meus braços.

- Tu tá me deixando tonta, visse. – ela deu dois tapas fracos em meu ombro, e eu a coloquei no chão, passando as mãos pelos cabelos longos e sedosos dela.

- Eu te amo, hoje, amanhã e para sempre. – me declarei e sorri, a vendo abrir aquele sorriso lindo e iluminado que eu tanto amava.

- E eu amo tu.

A puxei pela nuca, aproximando nossos rostos, ates de tomar seus lábios, num beijo lento e apaixonado. Sendo tomado por toda onda de energia elétrica, que percorria meu corpo, todas as vezes que nos tocávamos.

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Dezoito anos depois.

A Ju conseguiu voltar aos palcos, depois de muitas seções de fisioterapia e ensaios constantes. Mas ela logo se "aposentou", e se tornou Maître na companhia de ballet de Goiânia. Se tornando a mentora de grandes bailarinas.

- Atualizou. – Julia gritou, olhando fixamente para a tela do Notebook.

Nossa primogênita esperava o resultado do vestibular de medicina, e pelo sorriso que iluminou seu rosto, eu soube que nossa garotinha havia passado.

- Eu passei! – lágrimas de felicidade inundaram seu rosto e eu e a Ju fomos até ela.

- Eu sabia que conseguiria, minha princesa. – Ju disse orgulhosa, abraçando nossa filha pelos ombros.

- Estou tão feliz, mamãe.

- Parabéns, minha pequizinha. – dei um beijo em seus cabelos e aproveitei para ver a tela do notebook, ficando ainda mais orgulhoso quando vi o nome da minha filha em quinto lugar.

A bichinha era inteligente igual a mãe.

Vi a porta da sala se abrir, entrando um Diego muito afobado e ansioso. Ele era nosso caçula, e havia completado quatorze anos há pouco tempo.

Nossos filhos eram a nossa mistura perfeita, enquanto Diego puxou toda a personalidade da mãe, era igualzinho a mim, em aparência física. Julia tinha a minha personalidade, mas era tão atrevida e inteligente quanto a mãe, além de ser tão linda quanto.

- Passou, Julinha? – ele perguntou animado, se aproximando da irmã mais velha.

- Passei, Di.

Olhei para os três, me sentindo feliz e completo.

Aprendi a agradecer a Deus todos os dias, por ter me abençoado com uma segunda chance, nem sempre a temos de verdade, e eu a agarrei a minha com todas as minhas forças. Para mim, não tinha nenhuma outra explicação para isso, além de Deus agindo na minha vida e me mandando acordar.

Hoje, eu valorizo muito o que eu tenho, e faço questão de dizer a Ju e aos meus filhos, o quanto eu os amo, e o quanto são importantes em minha vida.

FIM.

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