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Boa Leitura!

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“Também no afeto é preciso ser inteligente.”

~ Antônio Gramsci

🤎 GIOVANNI (JIMIN) 🤎

     Ao longo da vida recebi diversos rótulos, muitos deles pelo simples fato de ser diferente das pessoas à minha volta. Cresci me sentindo um peixe fora do aquário, do tipo que foi tirado de um oceano longínquo e trazido contra sua vontade de para uma terra que não é sua.

     Florença é uma cidade maravilhosa, e embora tenha uma vida estável ao lado dos meus pais, sempre houve um vazio que nunca sequer imaginei como completar. Sei que sou adotado e tenho uma história triste, mas no fundo gostaria de entender por qual razão meus pais biológicos me abandonaram como dizem.

     No entanto, já não sinto mais a necessidade de buscar tais informações, afinal tudo o que precisei ao longo dos últimos anos, recebi dos pais que me adotaram com tanto amor. Sou mais ligado à minha mãe, tendo em vista que meu pai é bem rígido quanto às tradições familiares que devemos seguir.

     O ruim de ficar mais velho é sentir que perder alguma coisa, pois no fundo toda curiosidade sobre meu passado ficou esquecida em algum lugar de minhas memórias. De fato tenho boas recordações, a mente não permite acesso à todas, talvez venha disso a sensação de haver um vazio que precisa ser preenchido.

     Isso não quer dizer falta de afeto dos meus pais, até porque sou tudo na vida daqueles dois. Eles não sabem do meu interesse em buscar por minhas origens, caso contrário já teria encontrado alguma forma de me fazer mudar de ideia.

     Acredito que devo fielmente agradecer a eles por esse gesto, especialmente por entender que esse é o modo com o qual me protegem. Parece pesado pensar ou dizer algo assim, mas é a forma que me sinto sendo tão feliz ao lado de meus pais adotivos. Sendo honesto, não me importam as condições que cheguei aqui, o que importa é o que me tornei graças ao amor deles.

     – Meu príncipe, você está pronto? – ouvi leves batidas na porta pouco antes de minha mãe entrar. – Santo Cristo, o que você fez no cabelo?

     – Eu pintei ontem com a ajuda da Mia. A senhora não gostou?

     – Não é isso, meu anjo. Só achei a mudança meio radical, não? – a mulher se aproximou parando ao meu lado antes de encarar o reflexo no espelho. – De certa forma qualquer coisa fica bem em você.

     – Eu só queria me sentir como a maioria dos garotos da minha escola. – respondi terminando de ajeitar minha gravata. – A senhora sabe, me sinto um pouco fora de lugar.

     – Insegurança deveria ser um crime, meu filho. – disse ela virando meu rosto em sua direção. – Seus olhinhos apertados, essas bochechas cheinhas e esse dentinho torto são um charme. Não deveria se sentir inferior por isso, e no fundo sabemos que o que incomoda a eles de fato é a sua beleza.

     – Mães sempre defendem os filhos, senhora Mazzini. – respondi com bom humor. – Eu poderia ser o garoto mais feio do mundo, ainda continuaria sendo lindo aos seus olhos.

     – Temos conceitos diferentes sobre a definição de feio, meu anjo. – a mais velha continuou a ajustar o blazer em meu corpo. – Feio para mim é falta de caráter e não algo ligado a aparência.

     – Hum... Já acordo com uma lição de moral. Devo pegar uma caneta e fazer uma nota para colar na parede? – brinquei sabendo que arrancaria um sorriso da mesma. – Estou me sentindo um palhaço usando essa coisa. – disse me referindo ao terno.

BELLO 🤎 JIKOOK Onde histórias criam vida. Descubra agora