Eu Só Quero Ser Seu - LIVRO II

CAPÍTULO 34

(Alex)

- A gente chegou faz muito tempo? – meu amor pergunta olhando confuso em volta, na rua de sua casa e depois se volta para o mangá em suas mãos.

Essa é a segunda vez em todo o trajeto de volta que ele tira os olhos do livro, que deve ter lido de trás para frente umas mil vezes.

A outra vez foi quando em um surto repentino ele deu um suspiro e começou a digitar no celular incansavelmente. Exatos 24 minutos. Eu contei, pois estava preocupado com ele e não mudei muito depois que voltou ao mangá, ou mesmo agora que olha perdido a nossa volta.

Sinto um desespero velado vindo dele. Eu consigo sentir isso!

Eu sinto porque o amo.

- Só alguns minutos. Vi que seu tio ensaiou uma saída, mas acho que voltou para trás. Deve ter sido dona Vanessa lhe puxando pela orelha! – faço a brincadeira para tirá-lo dessa bad e funciona porque o vejo rir de leve do que eu falei – Que bom que te fiz sorrir. – Nicholas então me encara com um olhar centrado e eu nervoso para mim.

Com seu olhar penetrante engulo em seco e resolvo lhe dar... Nos dar a chance de ficarmos mais perto, pelo menos por hoje, nessa situação difícil que ele está passando.

- Eu te trouxe em casa, mas se quiser ir para minha para relaxar a mente...

- Não. Estou ótimo aqui. – Nicholas fala rapidamente e de forma nervosa, me fazendo me preocupar mais com ele – Desculpe o jeito. Obrigado por me trazer. – ele ensaia um sorriso que não se completou, acho que ele nem percebeu o esforço para fazê-lo.

- Não tem problema e não foi nada. – eu digo tentando ser o mais normal possível, mas não consigo tirar os olhos do Nicholas, cheio de preocupação por ele, e seu olhar se encontra com o meu por algum tempo. Esse é a hora de tentar melhorar essa situação toda! – Eu sinto muito por tudo, Nicholas. Do Samuel, meu jeito confuso hoje com você, até mesmo aos seus avós.

- Pais do meu tio. – ele rapidamente me corrige e me encara sério, mas não com raiva. Vejo por relance Kleber finalmente saindo da casa e andando em nossa direção – Meus únicos avós se foram antes de eu nascer. – eu aceno mostrando que o entendo e então ele olha para o lado, vendo seu tio vindo para nosso encontro – Eu já vou. – meu amor fala abrindo a porta do carro rapidamente e saindo...

Fugindo de mim.

- Nicholas... – eu tento o chamar, mas vendo que ele nem mesmo vacila em voltar o seu olhar para trás, sinto que estou sendo intrometido demais e me calo.

Acho que perdi toda a intimidade com o Nicholas.

Nem mesmo ajudá-lo eu posso mais.

- Garoto, que cara é essa?! – Kleber comenta desacelerando o passo ao ficar do lado do sobrinho, que passa por ele de cabeça baixa – Foi tão ruim assim a viagem?! – o ouço questionar o Nicholas com tom confuso e preocupado ao mesmo tempo.

Estranho ele já estar preocupado se nem mesmo deve saber o que está acontecendo.

- Pior. – é tudo o que o Nicholas responde antes de continuar sua caminhada em direção a sua casa.

Eu o observo terminar de atravessar a rua, descuidadamente devo citar, e diferente do que imaginei o Kleber não o seguiu e sim continuou o caminho até mim.

- O que deu nele? – ele me questiona assim que chega perto do meu carro, se escorando na porta deixada aberta pelo sobrinho dele.

- Uma situação ruim. Uma coleção de situações ruins. – corrijo esse final com a mais dolorida verdade para ele – Que bom que o dia está acabando e nada mais pode atingi-lo.