CAPÍTULO 31

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(Alex)

Eu sei que não queria me ver, mas pelo menos coma algo.

Fica bem.

N.

O Nicholas está tão culpado por tudo o que me escondeu que não se deu a decência de escrever nem o próprio nome.

- "N". Que idiota. – digo enquanto encaro o bilhete em minha mão e como com raiva o pão com manteiga – Como se um bilhetinho fosse resolver as coisas! – eu reclamo com ódio dele, amassando o papel na minha mão e jogando com muita força para longe de mim, no chão, rolando para baixo da minha escrivaninha, ou o que sobrou dela.

Pelo menos eu não tenho que ler aquelas palavras mentirosas mais.

Ele acha mesmo que umas palavrinhas bonitinhas vão resolver tudo, que a próxima vez que eu o ver tudo vai ser como antes?

As coisas não são como antes há muito tempo. Tudo era um conto de fadas naqueles dias na praia.

Um conto de fadas como eu disse.

Pura mentira. Só para enganar bobos e ingênuos como eu.

Me levanto da cama e vou logo para o espelho do meu quarto, a única coisa que eu não quebrei, pois queria agora, no outro dia, me olhar e tentar entender quem eu sou.

A resposta?

Eu não tenho ideia.

Continuo por minutos olhando e olhando para essa imagem refletida e percebo que não tenho ideia de quem o Alex... Seja lá qual for meu sobrenome agora, é de verdade.

Meu sobrenome.

Algo que sempre achei que diziam muito de mim, da família que eu tinha, razão muitas vezes dos meus erros, mas também dos meus acertos.

Suspiro ao pensar que minha mãe, meu... Meu pai adotivo e o professor Guilherme, já que nunca vou chamá-lo de pai, esconderam essa verdade de mim.

Cada um escondendo uma parte dessa verdade, criando mentiras para esconder seja lá qual for essa história entre eles.

Eu não quero ouvir nada deles, de nenhum deles.

Mesmo do cara que se deu o trabalho de me trazer comida e fazer um bilhetinho que não resolve nada de seus erros.

Ele era o único que não tinha o que perder me falando a verdade e não me importa o quão altruísta ele pode ser de se sacrificar, nos sacrificar, para que eu não odeie esses três que esconderam a verdade de mim, ele errou.

E eu vou me vingar dele.

Começando agora.

Fiquei tanto tempo me arrumando com raiva, comendo com raiva que não percebi o quão queria que ele sentisse a traição que eu estou sentindo vindo dele.

Eu quero que o Nicholas sinta a mesma dor que senti. Só assim ele pode me entender.

Frase do Pain, de Naruto.

Droga de Anime que eu comecei a assistir quando descobri que o Léo gostava e fez o Nicholas gostar, então o idiota aqui assistiu quase tudo!

Mas nunca pensei que a frase do cara que pega corpos para fazer o serviço sujo dele faria sentido para mim algum dia. Que esse cara que tem uma visão tão distorcida de como a dor deveria ser vivida estaria tão certo.

- Você vai sentir a mesma dor que eu estou sentindo, Nicholas... – eu sussurro para mim mesmo enquanto vou em direção a porta. A abro devagar e olho de relance para o corredor.

Eu Só Quero Ser Seu - LIVRO IIOnde histórias criam vida. Descubra agora