Prólogo: Antes

188 14 3
                                    


Hob tem 14 e é o mais velho de cinco quando recebe sua leitura de marca, depois de uma caminhada de dois dias da sua quieta e pequena vila até a Leitora mais próxima, por uma velha enrugada sem dentes e com os olhos mais penetrantes que ele já viu.

Ele entra em sua cabana com seu melhor amigo Will, tagarela e alegre, a irmã mais velha reservada e sinistra do Will, Isabol, e sua própria irmã mais nova Em, doce como uma pequena baga, ansiosa para receber sua própria leitura para esperar mais alguns anos, apegando-se a sua mão e tremendo com seu entusiasmo.

Isso é um antigo costume, a Leitura, mais velha que os pais do Hob, que seus avós, mais velha que qualquer um da sua vila possa se lembrar. Hob sabe, todos sabem, que todos os humanos nascem com uma alma gêmea, uma pessoa que é seu destino, seu único amor acima de tudo e quem eles encontraram sua paz – e uma marca na parte interna do pulso esquerdo, cada um perfeitamente único, para guiá-los até este Único.

Claro que a maioria das pessoas não consegue ler as marcas.

Eles são estranhos desenhos, rodopiantes, intrincados, sem sentido. Eles não correspondem a qualquer outra marca já existente ou que existirá.

E por isso os Leitores: pessoas sábias, com algum dom mágico, ou que estudaram muito com o passar dos anos, que podem olhar as marcas de reis e pessoas comuns, e ler o que elas significam. Sua sabedoria é preciosa, de imensurável valor, no entanto, é considerado um presente a qualquer um que dela necessite – sabe-se que Deus derrubaria qualquer Leitor que conscientemente procuram enriquecer-se por meio de suas habilidades.

(Hob e os outros ainda trouxeram simples presentes, um pouco de comida, alguma tecelagem, tanto quanto suas famílias poderiam dispensar. Afinal, Deus também derrubaria qualquer pessoa que não demonstrasse a apropriada gratidão ao Leitor.)


Isobel é a primeira, descobrindo o pulso, e Hob observa com reverência quando a Leitora pressiona seus dedos finos no braço carnudo dela, e ver tanto a marca quanto o seu futuro distante.

E ela sorri, banguela e largo.

"Você se casará com um bom mercador, que alimentará você e seus filhos em todos os invernos frios," A Leitora resmunga, voz alta e esganiçada. "Sua cabeça está cheia de cachos ruivos, e tem alguns anos a mais que você – mas não é velho. Ele te amará verdadeiramente, minha Isobel, ele te amará intensamente e te amará bem."

Isobel acena com a cabeça, e sua sombria boca se contraindo na coisa mais próxima de um sorriso que Hob já viu em seu rosto. Ela está satisfeita – é uma boa leitura, com certeza, prometendo um futuro abundante e feliz.

"E no Livro do Destino, as palavras que eu leio para serem as primeiras dele são:" eu já vi você aqui antes?"


Will é o próximo e, embora tenha tagarelado o caminho todo que não daria muito valor às palavras da Leitora, Hob pode ver que ele está tremendo nos dedos dela. 

"Eu vejo uma moça em seu futuro, uma donzela que você apreciará, que você sem dúvida vai adorar à primeira vista," A Leitora murmura, com palavras novamente carregadas de sabedoria. "Os olhos dela são como o verde da floresta, e você a encontrará no espelho, quando chegar na hora certa. Ela vai te amar de verdade, minha querida e doce criança, ela vai te amar na tranquilidade e te amar na turbulência."

Will está pálido como papel, confuso, esperançoso, e ainda trêmulo.

"E no Livro do Destino, as palavras que eu leio para serem as primeiras dela são: "Meu nome é WIlhelmine."

Passing Stranger!(You Do Not Know How Longingly I Look Upon You)Onde histórias criam vida. Descubra agora