Passing Stranger!(You Do Not Know How Longingly I Look Upon You)

O novo começo

O braço de Hob com a marca da alma costumava aquecer e queimar sempre que o Estranho estava por perto, ou quando Hob pensava nele.

Não dá mais.

No máximo sentirá uma espécie de dormência causada pelo frio, um latejar distante nos ossos do pulso, mais forte à noite e quando se aproxima uma tempestade. Isso não é incomum, conclui Hob, entre os Viúvos de alma - houve bastante pesquisa médica sobre os efeitos físicos e psicológicos de laços rompidos, nas últimas décadas, que Hob acompanhou atentamente.

(Puramente por curiosidade científica, ele continua lembrando a si mesmo. Ele ainda não perdeu a esperança, não o fará por um bom tempo, e enquanto ele ainda tiver um pouquinho de esperança, ele não está "viúvo" e o vínculo ininterrupto.

Hob continuará acreditando nisso enquanto puder suportar.)

Dor nos nervos, cãibras nos pulsos, desequilíbrios hormonais que levam a todos os tipos de problemas - todos sintomas muito comuns, embora Hob suspeite que suas próprias dores sejam em grande parte psicossomáticas. Seu corpo não se deteriora, cura mais rápido do que a maioria, e o vínculo com o Estranho era unilateral e incompleto em qualquer caso, sempre foi ... é seu coração, sua mente, que precisou se ajustar ao novo estado de coisas.

Então, ele não sente mais aquela queimação de formigamento quente, a picada dela em sua pele...
 
 

Ou seja, ele não sentiu mais, até hoje, sentado em sua mesa favorita na Nova Taverna (linhas de visão para todas as portas e entradas, caso alguém entre e deseje procurá-lo), e sonhando acordado com tudo e nada durante a correção de papéis.
 
 

Começa como um formigamento, um calor, que mal é registrado no radar de Hob, mas que, em poucos segundos, se transforma em uma queimação aguda que faz sua mão se contorcer e ter espasmos, seu instinto imediato de pressionar a outra palma e esfregá-la em um esforço inútil para afugentar a dor.

Hob para de escrever.

Olha para o pulso dele apoiado na mesa, a cobertura da marca aparecendo sob a manga onde se estende para envolver a metade inferior da palma da mão. Ele o fez sob medida, para se adequar ao tamanho incomum de sua marca de alma, e escolheu cuidadosamente um tecido que não irritasse sua pele - ele está usando a maldita coisa quase constantemente, mantendo a pele sob ela saudável de erupções cutâneas e infecções é uma verdadeira preocupação. Talvez...

Outra onda de sensação, abrasadora. E, apesar de o primeiro instinto de Hob ser identificá-lo como dor, ele descobre que, na verdade, não dói tanto assim. É um fogo suave, sussurrando sob sua pele...

Está sussurrando para olhar para cima, Hob. Olho para cima!
 

Hob olha para cima.

Por um momento, ele está convencido de que adormeceu em sua mesa.

(Ou, talvez, que seu tênue domínio da sanidade e da realidade finalmente tenha cedido, e sua imaginação ociosa tenha se transformado em alucinações completas.)

É o Estranho, parado diante dele.

Ainda estranho e bonito, ainda magro e apenas um pouco distante de ser um humano de alguma forma indefinível. Cabelo despenteado, casaco escuro - a falta de rubi em sua garganta faz Hob parar por um momento, mas no momento em que seus olhos se encontram, no momento em que ele vê a meia-noite naquele olhar, Hob não duvida mais.