Capitulo 5 (POV: DRACO)

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Eu me sinto em uma coleira apertada. Potter vem brincando comigo desde o início do ano e eu já não sei como me sentir sobre isso.

Eu me sinto irritado, realmente odeio a parte de mim que tem vontade de entrar no jogo dele, e odeio ainda mais gostar da atenção.

As vezes me pego implorando em meus pensamentos pra que ele venha me provocar novamente. Me chamar de riquinho mimado e me fazer tropeçar, e me lançar aquele olhar de triunfo quando pega o pomo de ouro bem na minha frente.

Nunca foi tão torturante e tão gostoso ser controlado por outra pessoa.

-Hey, Malfoy.

Ele me chama casualmente, como se conversássemos com frequência.

Estamos no meio da aula de poções e por algum motivo misterioso, esse inepto sem noção achou que era uma boa ideia se sentar atrás de mim.

-Pare de sussurrar, seu idiota. Vamos acabar pegando detenção novamente.

Ele sorri e leva seu dedão aos próprios lábios, pousando-os delicadamente numa leve carícia.

-Bem que você queria.

Juro por Merlin que quase que eu saio no tapa com ele ali mesmo.

-Você ta pra tirar a minha paciência hoje. Não está, Potter?

-Ora, já nos conhecemos bem, pode me chamar de Harry.

-Que coisa ridícula.

-Estou mentindo?

-Está me atrapalhando.

-Você gosta.

Sim.

-Não.

Ouço o professor Snape arranhar a garganta e me fazer um sinal, chamando-me para frente.

-Senhor Malfoy, por que não experimenta?

Me distraí, conversando com Potter, e não faço ideia do que ele está falando. Antes de me levantar, Pansy sussurra discretamente:

-É só descrever o cheiro.

Me levanto e caminho até a mesa do professor Snape. Ele empurra um pequeno frasco com um líquido rosa e prossegue.

-Por exemplo, o senhor Malfoy sente cheiro de..?

Aproximo meu nariz do frasco e sinto um odor extremamente atraente. É quase sedutor.

-Cheira a baunilha... orvalho, chuva e... chocolate quente... eu acho qu...

Minha mente trava assim que percebo que estou descrevendo o exato cheiro do Harry Potter.

Puta merda.

Olho com atenção, procurando alguma dica pela mesa de Snape. Não pode ser. A cor da poção era a dica perfeita, como eu não entendi isso antes? É Amortentia.

-Na verdade, acho que cheira a esgoto - digo finalmente - É bem ruim mesmo.

Apresso o passo, voltando rapidamente para o meu lugar. Snape aproxima o próprio nariz da poção, provavelmente achando que a própria poção possa ter dado errado. Mas logo ele a afasta com a feição triste e nostálgica.

-Enfim. Mesmo sendo a mais forte poção do amor, ela não pode criar amor de verdade. Apenas uma obsessão temporária e a falsa sensação de paixão.

-Baunilha, hein - ouço atrás de mim.

-Cale a boca - respondo.

Ouço apenas uma risada de Potter, mas ele finalmente para de me incomodar.

Durante o resto do dia, não sou incomodado por ele.

  Espero que ele venha me atormentar no dia seguinte, mas ele me evita novamente.

  Não sei se ele desistiu de me irritar ou se simplesmente não se importa mais.

  Ele me beijou primeiro! Ele fez isso primeiro. Ele que me atacou na detenção e me provocou durante semanas, até meses. Então por que isso agora!? Eu não consigo entender.

  Me vejo espiando Potter durante seu treino de quadribol. Ele voa tão veloz quanto sempre, as curvas são rápidas e sem erro, e demoram apenas alguns minutos para que ele consiga pegar o pomo de ouro. Como apanhador, eu sei muito bem o quão habilidoso ele é.

  Ele repete várias e várias vezes, voando em alta velocidade atrás do pomo. Seu cansaço começa a se tornar visível e o suor escorre por seu cabelo.

  Me canso de bancar o stalker e monto minha vassoura para dar o fora dali. Já estou levitando quando vejo Potter voando na vertical, subindo até não poder mais. O resultado é óbvio.

  Sua mão se estica na tentativa de alcançar o pomo de ouro, mas ele fracassa. Nem a vassoura e nem ele aguentam mais aquela posição e, por fim, Potter despenca de ao menos 60 metros do chão, enquanto sua vassoura foge da sua mão.

  Sou tão rápido quanto ele quando voo ao seu resgate. Juro que nunca voei tão velozmente. Alcanço-o quando sinto o corpo de Potter cair sobre o meu. Por causa da velocidade da queda, seu corpo pareceu mais pesado, fazendo minha vassoura ir um pouco pra baixo.

Voei preparado pra pega-lo, então seu corpo caiu sobre minhas coxas para que não se machucasse.

Observo-o assustado e preocupado enquanto o vejo desorientado e confuso.

Potter esfrega os olhos e passa a mão no cabelo, tentando voltar pra realidade.

-...Merlin.

Encaro-o com raiva. De repente, sinto uma onda de raiva maior que eu esperava. Com as costas da mão, dou um tapa na sua testa e começo a brigar.

-Qual o seu problema? É tão desesperado assim pra morrer!? Já não basta se colocar em perigo contra Voldemort TODA porra de ano!? Caralho, todo jogo você inventa de subir até a puta que pariu, quase morre toda vez. As vezes não sei se a característica da Grifinória é coragem ou burrice, pra vocês parece ser a mesma coisa!

Parados levitando com a vassoura, Potter me encara confuso, mas escuta a bronca inteira em silêncio obediente. Depois que termino, ele fica quieto por uns segundos. Não sei se esse silêncio serve pra me acalmar ou me estressar ainda mais.

Como pode esse garoto quase morrer praticamente quase todo dia? As vezes parece que estou apaixonado por um suicida.

-...Você tá bravo? - ele pergunta com cautela. Sua voz é doce, como se estivesse tentando amortecer meu humor.

-Estou.

Respondo com firmeza, bravo e friamente.

Seus olhos fogem dos meus e olham pra baixo, avaliando a altura a que estamos. Vejo-o engolindo seco e voltando a olhar pra mim.

Seus olhos são tão hipnotizantes que quase me desoriento. Grandes e curiosos. Nada discretos. Afiados.

-... Desculpa.

Reviro os olhos enquanto suspiro com raiva e levo-o até o chão.

Enquanto descemos, Potter se segura em mim, com medo de cair. Faz sentido, vassouras não foram feitas pra duas pessoas, ainda mais na posição desajeitada em que estamos. Suas mãos morenas se seguram na minha roupa e eu quase me permito fantasiar sobre isso.

Mesmo com tanta raiva, esse pouco contato físico quase me faz derreter de amor.

Quando chego ao chão, Potter desce e se vira pra mim.

-Malfoy-

Não permito que ele termine de falar, me virando e saindo dali imediatamente.

Não estou só com raiva dele por se colocar em perigo diariamente. Estou com raiva de mim por estar com raiva dele.

Porque estar com raiva dele por esse motivo diz bem mais sobre os meus sentimentos de paixão do que de ódio.

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