Capítulo 8 (POV: HARRY)

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  Puxo-o pela gravata para um beijo desesperado e urgente. Quando sua mão envolve minha nuca para me aproximar ainda mais dele, sinto um arrepio prazeroso correr por todo o meu corpo.

  É o tipo de sensação que só Draco consegue me proporcionar.

-Se você se deixar ser morto pelo meu pai, eu mato você - ele ameaça,  tirando seu palitó com pressa e expondo o quão sexy fica com o colete interior.

  Enquanto isso, eu faço o mesmo com a minha roupa.

-Isso é uma declaração? - pergunto.

-Por que pergunta, se você já sabe a resposta?

  Um sorriso maroto dança em meus lábios.

-Gosto de ouvir suas declarações românticas.

   Draco respira fundo, como se tomando coragem pra falar em voz alta. Quando fala, suas bochechas voltam a ficar rosadas como dias atrás. Como quando eu o irrito e sei que ele adora.

-Sim. - responde - É uma declaração. Eu gosto de você, Harry.

-Eu també-

  Alguém tenta abrir a maçaneta. Meu coração dá um salto, e posso ver que o de Malfoy também.

  Agradeço a Merlin por ele ter trancado a porta assim que entramos. Me lembro que não posso estar aqui. Não só porque estou numa cama com o principezinho da Sonserina. Mas também porque eu não deveria saber a senha dessa comunal.

  Alguém bate na porta, eu diria até com raiva.

-Por que a porta tá fechada? - ouvimos a voz curiosa - Draco? Cê ta aí dentro?

  Draco aproxima a boca da minha orelha e sussurra.

-É o Blaise.

  Nós nos levantamos e arrumamos nossas roupas com pressa e silêncio.

  Draco aponta pra janela, me mandando fugir com gestos silenciosos.

-Draco... a gente tá de baixo d'água.

-Abre a janela - ele sussurra.

-Draco? O quarto vai inundar.

-Confia em mim, abre a janela.

  Ainda hesitante, corro, com passos leves, até a janela e minha mão ainda treme ao destrancar a tranca. A janela é feita de um vidral de serpentes verdes, de modo que não é possível enxergar o lado de fora.

  Quando a janela finalmente está aberta, percebo que não estamos debaixo d'água, e sim numa torre do castelo de Hogwarts.

  Viro pra Malfoy com o rosto em pura curiosidade e desentendimento.

-Como?

-A comunal fica debaixo d'água, mas a maioria dos quartos fica em torres, sustentados por um feitiço de extensão de espaço. É uma prevenção que tomaram alguns anos atrás depois que os amigos do seu pai explodiram uma parte da comunal de vocês. Se isso acontecesse aqui, morreríamos afogados. 

  Blaise bate na porta novamente. Ele deve ter saído por um momento pela falta de barulho anterior. Provavelmente pra procurar uma chave, ou talvez ao Draco.

-Vai! - ele diz, num sussurro gritado.

  Arranco minha varinha da roupa de aponto-a para fora da janela.

-Accio firebold! - murmuro.

  Alguns segundos tensos e silencio assustador tomam conta do ambiente.

  Ouvimos uma chave invadindo a maçaneta da porta e girando.

  Tudo é muito rápido e mesmo assim, parece extremamente lento.

  Minha vassoura finalmente chega à janela.

  Blaise gira a maçaneta.

  Monto a vassoura.

  Blaise abre a porta.

  E finalmente, eu sumi na imensidão do escuro céu noturno de Hogwarts.

  Foi quase. Quase.

Já bem longe da torre, grito:

-Merda, merda, merda!

  Não sei se é de felicidade ou de medo, mas a adrenalina no meu corpo está com certeza além do comum.

  Draco se declarou pra mim? Eu estou louco?

  Merlin, ele falou mesmo!

  Nós quase- quase fizemos aquilo.

  E essa história de que o pai dele quer me matar? Por acaso isso é alguma novidade?

  Merlin, é muita coisa pra processar de uma vez só.

  Agora o problema é voltar ao dormitório da Grifinória. É proibido ficar fora do dormitório\comunal a esse horário, e se eu for pego, certamente levarei uma detenção.

  Eu devia ter trazido a capa da invisibilidade, mas achei que a máscara seria o suficiente pra ocultar a minha identidade e não contei com uma fuga de última hora.

  Me arrisco, atravesso o  jardim voando, e entro pela janela do meu quarto.

  Todos estão acordados, e mesmo que eu tenha chegado sem que nenhum professor ou monitor me visse e isso me poupasse de uma detenção, minha chegada não foi nada discreta.

  Rony, Neville, Simas e Dino param a conversa animada que estavam tendo para ter um minuto se silencio, me encarando com os olhos arregalados.

-Harry? Cara? Onde você tava? - pergunta

-Dei uma saidinha - repondo dando os ombros e descendo da janela, guardando minha vassoura.

-Com essa roupa? Uma saidinha onde? Num jantar com o ministro da magia? - caçoa Dino.

  Rony franze as sobrancelhas e inclina o pescoço na minha direção.

-Harry, você foi ao ba-

  Corro até ele e tampo sua boca com ambas as mãos.

-"Ba"...? Tipo bar? Banheiro? Banda? Foi ver uma banda? Num bar? - interroga Simas.

-Você foi num encontro!? - acusa Neville.

-E a Ginny? - pergunta Dino.

-E o Cedric? - pergunta Simas.

-Qual deles? - pergunta Neville.

-Merlin. Eu pareço ter envolvimento com algum deles? - pergunto, ficando bravo por ninguém ter perguntando "E o Draco?".

-O Cedric dá um mole pra você - responde Rony, dando os ombros.

-Eu tenho cara de gay? - pergunto.

  Não que eu não seja. Mas eu não quero andar na rua sabendo que as pessoas me identificam como gay como se estivesse escrito na minha testa.

-Bissexual? - chuta Simas.

-Pansexual, talvez? - Dino tenta logo em seguida.

-Então não existe a possibilidade de eu ser hétero? - deduzo, tacando uma almofada nos dois.

  Pego meus pijamas e vou até o banheiro, limpo meu rosto e visto os pijamas. Eu até teria tomado um banho, mas já tomei antes de ir ao baile, que cai entre nós, foi uma ida bem rápida.

  Volto ao quarto e me deito em minha cama.

-Não acredito que Harry foi pra um encontro e eu não - murmura Dino pra Simas - Tomara que não tenha sido com a Ginny.

  Não durmo. Passo a noite inteira pensando sobre mim e Draco. Sobre ele admitindo que gosta de mim. Sobre como foi beijá-lo, sobre como eu gostaria de fazer mais que isso. Sobre falar com ele amanhã, sobre fazer mais que falar com ele amanhã.

  Sobre se ele está pensando as mesmas coisas toscas e apaixonadas que eu. Sobre qual deve ter sido a desculpa que ele deu pra Blaise.

Em algum momento, no meio desses pensamentos, caio no sono.

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