Capítulo 3

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Estou mais um dia na mansão Jauregui, as crianças estão na escola, e pelo meu relógio que marca quinze pras doze elas já estão chegando. Me prontifico na porta para recepcioná-los, olho em meu relógio de pulso e quando dá exatamente meio dia o carro blindado adentra os portões enormes da mansão.

Grace e Christian são os primeiros que disparam em minha direção quase me derrubando, e por último Isabela, a vejo dentro de suas roupas do ballet, e só então me recordo que hoje era sua apresentação de ballet na escola, ela estava tão animada nos últimos dias e até feliz, se é que posso dizer
isso, treinava e se empenhava todos os dias, eu queria poder vê-la dançar, tenho certeza que se saiu perfeitamente.

Mas diferente dos outros dias, ela não me dirigiu nenhuma palavra ao passar cabisbaixa por mim, encarava o chão arrastando sua mochila no chão, seu rosto estava avermelhado assim como seus olhos, ela estava chorando.

Não a intervir, apenas peguei sua mochila e a observei subir os degraus desanimada, com toda certeza entristecida, e eu mais ou menos sabia o motivo disso tudo. Não demorou
muito para TJ surgir coçando sua cabeça e suspirando. O encaro, ele também está com um olhar entristecido, Isabela é a única que nos trata com um brilho, mas hoje, esse brilho parecia ter se apagado.

─ O que houve? ─ Pergunto preocupada, estranhava esse comportamento da parte dela.

─ Hoje foi a apresentação de ballet dela, a Sra. Jauregui não pode comparecer... e parece que isso era tudo na qual ela queria, a presença da mãe. ─ Ele diz baixinho e se retira.

Naquele instante sinto meu coração em pedaços. Isabela sempre esteve querendo conquistar a atenção de sua mãe, isso era notável, mas infelizmente Lauren não se importava com a filha, Isabela era apenas uma criança, tinha sentimentos, ela só queria ela ali, a assistindo, a encorajando.

Que mulher mais idiota!

Bufo indignada e subo as escadas em direção ao quarto das meninas. Quando abro a porta sou surpreendida por Grace que sai quase me empurrando de dentro do quarto.

Encaro a imagem de Isabela, sentada em sua cama, encarando o chão. Em imediato me aproximo dela, puxo o puff e me sento de frente para ela, tiro sua sapatilha e a coloco de lado. Abro meu melhor sorriso e toco suas mãos.

─ E então? Dançou bem? ─ Pergunto animada, ela me olha, bufa triste e olha pro lado disfarçando as lagrimas que se formavam nos seus olhinhos castanhos e brilhantes.

─ Dancei... mas... ninguém estava lá, nem você, Mila ─ diz deixando suas lágrimas escaparem. ─ Eu só queria a mamãe lá... mas ela não foi.

Ela me encara, seu olhar puro e inocente faz meus olhos se inundarem de forma critica, sinto meu coração em pó, ela era apenas uma criança, apenas isso. Me sento em seu lado na cama e abro meus braços a convidando pro famoso "abraço de urso" como diz Pietro. Ela hesita, mas logo me abraça forte chorando em meu peito, abraço seu corpo frágil também
deixando uma lágrima escapar.

─ Me desculpe por não ir, Bela. Tenho certeza que dançou muito bem.

─ Eu dei o convite duas vezes para ela ─ ela sussurra contra meu peito, abafando o choro. ─ Esperei dois domingos para entregar os dois convites e ela disse que ia, Mila ela disse que ia, ela prometeu que iria estar lá, eu queria que a Mama estivesse viva, eu tenho certeza que ela iria e que ficaria muito orgulhosa de mim, eu me dediquei tanto... tanto.

─ Está tudo bem, meu amor, eu tenho certeza que ela está muito orgulhosa de você ─ Acaricio seus cabelos de forma materna.

Como ela pode fazer isso? Logo com a filha dela? Que mulher é essa? São apenas crianças desprovidas de amor materno, ela trata as crianças como fantoches, como se fossem seus inimigos mortais. Mas eram apenas trigêmeos, eles precisavam de amor e atenção.

A Juíza •Intersexual•Onde histórias criam vida. Descubra agora