Capítulo 11

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Voltei, desculpem a demora estou com muito trabalho esses dias!🌝

Sou recebida com um abraço de urso, e como prometido, milhões de beijinhos do meu pequeno. O abraço, o cheiro, e abro um sorriso de orelha à orelha por ter ele em meus
braços. Foi só dois dias, eu sei, mas parecia ter sido anos e anos. Quando se é mãe, um minuto longe é como uma eternidade.

─ Tavo com soldade de voxê ─ ele me abraça forte. ─ Titia complou solvete de chocolate para comemolar!

─ Sua tia compra sorvete de chocolate todo dia, isso não é desculpa para comprar ─ dou um sorriso e o pego no colo. Aceno para TJ que tem seus olhos cravados em Dinah e vou
empurrando a senhora tarada para dentro de casa. ─ Dinah, por favor, você e Dylan são quase casados, para de secar o segurança da Jauregui.

─ Ah, cansei de Dylan, quero um homem igual ele, minha nossa, tô toda molhadinha aqui ─ ela diz abraçando a parede e fingindo lamber a mesma.

─ Dinah, por favor né ─ aponto para Pietro que olhava a cena sorridente.

─ Titia quem jogou água em voxe para tá moiada? ─ Pietro indaga inocente e rolo os olhos subindo com o mesmo até nossa pequena casinha.

Entrar naquele flat era um alívio imenso, me sentei no sofá me esquecendo por um momento de toda dor de cabeça que passei durante essa viagem. Eu estava em casa afinal
longe de São Paulo, longe da Sra. Jauregui, estava ao lado da minha família, do meu filho e do que me fazia bem.

─ Alguma HNB? ─ Dinah perguntou deixando minhas malas em um canto, a sigla ""HNB" era a sigla criada por Dinah para dizer se houve alguma: hiper novidade bombástica.

─ Sim... ─ coloquei Pietro no chão e suspirei. ─ Filho? Cadê os desenhos que fez para mamãe? Quero ver ─ peço e o mesmo saí correndo em busca dos desenhos, nesse momento Dinah vem correndo e se senta do meu lado.

Conto tudo para ela, sobre minha crise, sobre ter visto o suposto cara que me estuprou e por último... do beijo. Dinah parece assimilar tudo com uma cara espantada, e quando
termino de contar tudo, ela solta um grito agudo e meio que faz uma dancinha louca no meio da sala.

─ Vocês se beijaram? ─ grita como uma louca.- Sério?

─ Isso não foi algo certo, Cheechee ─ viro o rosto, envergonhada, fazia anos que não beijava uma pessoa, ou melhor, fazia anos que não me aproximava tanto de alguém
dessa forma.

─ Com certeza não foi algo certo, foi muito errado, mas e do errado que a gente gosta né? Eu fico feliz por isso ter acontecido, não que eu quisesse para ser com ela, mas você não percebe que isso é uma forma de ver que está superando? Que nem toda mulher, ou até mesmo homem vai te machucar ou te tocar? Não sei se a Lauren não tem essas intenções.
Agora ter beijado a sua chefe... depois me chama de safada, né?

Faço uma careta e ela vem me abraçar.

─ E quanto ao policial militar... você acha mesmo que era ele? ─ ela pergunta baixinho.

─ Não sei, talvez fosse só coisa da minha cabeça.

─ Também acho, como ele ia sumir do nada?

─ Pois é... vou tomar um banho e mimar meu pequeno.

Vou me levantando mas ela me puxa.

─ Você sabe que não deve confiar na Lauren, não é? Não caia na tentação, não pegue fama, sabemos que ela é gostosa e maravilhosa, e coloca maravilhosa nisso, mas ela não presta, não quero que você se magoe.

─ Pode deixar, Cheechee ─ vou me levantando.- Eu não gosto dela e nem vou gostar... foi apenas um... beijo.

Dito isso saio dali apressada antes que ela fale mais alguma coisa, e vou direto pro quarto atrás de Pietro que procurava ainda os desenhos em meio de vários outros.

─ Puxa vida, mamãe ─ ele coça a cabeça.- Não tô achando.

─ Eu espero ─ me sento na cama e vejo o aglomerado de desenhos espalhados pelo chão, um rabisco mais bonito que o outro, um, em especial, me chamou atenção. ─ Que desenho é esse? Fez para quem? ─ peguei a folha do chão olhando o desenho.

Era uma cor azul escuro, com pontos brancos, digamos que um céu

─ Pera, dexa eu ver ─ ele se levanta e vem ver. ─ Ah, eu fiz po papai, quando eu ver ele vou dá de plesenti. Voxe acha que ele vai gostar?

─ Sim... ─ digo com um nó na garganta. ─ Está lindo.

─ Bigado ─ ele revirou mais os desenhos até que achou os que procura ─ Plonto, fiz para voxe.

Peguei as duas folhas vislumbrando o que ele havia feito: Eu, com uma roupa de "super mãe" e uma coroa. No segundo desenho, era eu e ele, na praia. É óbvio que eram rabiscos que mal se entendia os bonecos desenhados mas para mim aquilo era uma obra de arte, uma forma de demonstrar amor e carinho, era a coisa mais linda do mundo.

─ Eu amei ─ disse sorrindo e o puxando para um abraço. ─ Você vai ser um grande artista, sabia?

─ Não, não... titia Dinah disse que grande eu vou ser lindo.

─ Mas lindo você já é.

─ Então não pleciso mais de nada ─ diz convencido.

─ Vem aqui vem, cebolinha da mamãe ─ o puxo para um abraço. ─ Eu tava morrendo de saudades.

─ Eu tavo mais, deita aqui, dexa eu
fazer calinho em voxê.

Me deito e ele se senta na cama fazendo carinho no meu cabelo, era uma sensação ótima sentir os dedinhos curtos dele acariciando meus cabelos, e por um momento esqueci de tudo ao meu redor, de todos os problemas que me rodeavam.

A Juíza •Intersexual•Onde histórias criam vida. Descubra agora