Bônus

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A fumaça se misturava ao vento e desaparecia no ar. O homem de cabelos loiros e olhos escuros encarava a cidade apoiado na sacada da cobertura, as luzes eram como estrelas,
mas nem se comparavam ao céu estrelado que enfeitava aquela monótona noite. Ele sente o leve incômodo do revólver na cintura, mas não liga, toda sua atenção está focada em sua mente, onde ele estava revivendo cada instante daquela noite, o estupro que havia cometido contra Camila.

Ele puxa o cigarro e solta a fumaça no ar, pelas narinas, tudo estava escuro na cobertura do irmão, ele estava sozinho,
pensando. Mas ele não se importava, a escuridão fazia parte dele.

Diego se lembrava claramente daquela noite, não foi o primeiro estupro, mas a primeira vítima que deixou escapar, como um ratinho de uma ratoeira. Todas as meninas tinham
um fim, rápido de preferência, mas naquela noite ele não sabe o que aconteceu para deixar aquela menina frágil, de olhos e
cabelos castanhos, ele simplesmente não conseguiu apertar o gatilho, pela primeira vez.

Os olhos dele estavam vermelhos, já era a segunda carteira naquela noite. Ele sentia raiva, sentia raiva por falhar, o ódio corria em suas veias. E apertando a bancada da sacada
com toda sua força ele gritou, tentando deixar aquela raiva sair de dentro dele, mas não conseguiu, falhou mais uma vez.

E voltou mais uma vez a reviver aquela noite.

Por que a deixou fugir? Por que não deu um fim? Era só apertar o gatilho, dar um fim no corpo e pronto... ninguém ia saber.

Mesmo sendo um homem da ''lei'', Diego tinha mais crimes cometidos que qualquer bandido existente. Estupro, homicídio, tortura, abuso físico, verbal... nem todo homem que pertence à lei, a cumpre.

Mas o problema de Diego não era comum, como saciar um desejo, como ter um fetiche. Ele era doente, alguns chamam de psicopata, mas os psiquiatras preferem usar o termo ''transtorno psicótico.''

Camila tinha ele nas palmas da mão e podia em um estralar de dedos acabar com a vida dele, colocar ele atrás das grades, descobririam as merdas dele, o condenariam por todos os crimes acometidos e pronto, Diego estaria para sempre na prisão. Para sempre. 

Sua cabeça dói, ele massageia as têmporas, não podia deixar as coisas ficarem dessa forma.

Não seria Camila que acabaria com a brincadeira dele, não seria ela que acabaria com a vida dele... enquanto ela vivesse,
ele estaria em perigo, corria risco de toda verdade vim à tona.

Mas o que Diego não imaginava que era pai, que naquela noite, naquele banco traseiro, ele havia concebido à Camila uma vida.

Ele tirou o revólver da cintura e vislumbrou o metal, em seguida sorriu, de forma diabólica.

─ Mal vejo a hora de tirar sua vida com esse revólver bem aqui, Camila ─ diz soltando a fumaça do segundo cigarro pelo nariz e encarando seu próprio reflexo no metal do revólver.

Como prometido, +1!

Agora só mês q vem..... Ou talvez não.

A Juíza •Intersexual•Onde histórias criam vida. Descubra agora