Cap. 19 - 2° Mês de gestação

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Durante o primeiro mês, Marília ficou melancólica até perceber que o esposo a ignorava quase completamente. Murilo entrou em contato com ela depois de uma semana e meia que estava na Argentina.

Enquanto ele não ligava, ela criava diálogos em sua cabeça, dizendo tudo o que falaria quando ele finalmente desse as caras, mas não foi o que ela fez. Marília se derreteu em preocupação, perguntando se ele comia e dormia bem, como estavam as obras, e toda a atenção era voltada para ele. O rapaz não perguntou sobre o bebê, nem sobre ela, mas a loira resolveu não abrir a boca para dizer nada, se ele não perguntou, era por que não estava interessado.

Marília já se sentia incômoda, ao ter que ficar pulando de galho em galho, ou de casa em casa, já que Maraisa não queria deixar ela sozinha em casa, pois dizia que todo cuidado era pouco até o terceiro mês. Então, a loira ficaria trabalhando em sua casa até lá.

No entanto, Marília preferiu voltar para sua residência. Se livrou de todas as coisas que lembravam Murilo, colocando no quartinho ao final do corredor, o qual ela estava pensando em transformar no de hóspedes, para o atual, virar o do bebê, já que a casa só tinha três quartos.

Zaida não a procurava para saber se a garota estava bem, a sogra não sabia que ela estava grávida, e Marília pretendia guardar o segredo até o último segundo. Ela agradecia pela mulher deixá-la em paz durante todo esse tempo.

Maraisa vivia na sua cola, ajudava Carlota com os alimentos certos para Marília poder comer. A mesma adquiriu gosto por filé de peixe, coisa que Ruth achou que nunca aconteceria, mas a filha agora amava.

Maraisa dedicava o tempo extra que tinha em casa para ficar com Marília e sua irmã, ela não tinha mais encontros frequentes ou nem quase, com Shay, o que deixava a morena em um péssimo humor no trabalho, mas nada que o sorriso de Marília não fizesse passar.

***

E então, entramos na nona semana de gestação, os tão falados dois meses.

Marília havia ganhado um quilo e meio, e estava completamente feliz.

Flashback on

Maraisa estava sentada no sofá da casa de Ruth. A mais velha tinha convidado as duas garotas para um almoço de domingo. Enquanto a comida não ficava pronta, Maraisa assistia um jogo de futebol com Deyvid, e Marília brincava de dominó no tapete ao chão, com João Gustavo.

- Lila, acho que você engordou um pouco. - João Gustavo disse despercebido, colocando uma peça na outra.

- Você acha mesmo? - Os olhos da loira mais velha brilharam em expectativa, João Gustavo assentiu. - Mara. - chamou Maraisa.

- Oi? - respondeu sem tirar os olhos da TV.

- João Gustavo disse que eu engordei. - pontuou um pouco receosa, com medo de Maraisa não se importar.

- Mesmo? - Maraisa desviou o olho da TV. - Então sobe lá e pega a balança e pesa pra tirarmos as dúvidas. - Marília sorriu abertamente, se levantando e indo até o quarto da mãe, pegou a balança em vidro e desceu as escadas novamente.

- Vamos ver... - sussurrou pra si mesma, colocando o vidro ao chão, pisou com um pé, e esperou a balança se acender Quando os números apareceram, Marília subiu na balança, vendo indicar 59kg. - Yah! Um Kilo! - Comemorou levando as mãos até a barriga, Maraisa sorriu terna olhando a garota em sua frente.

Flashback off.

Além do peso ganho, Marília passava metade do dia dormindo, o que deixava Carlota preocupada, mas que também dava um descanso a mais a pobre Maraisa. Parecia ser um castigo, mas a cidade inteira resolveu precisar de atendimento com Maraisa durante aquelas semanas. Estavam sendo muito pesadas, mas mesmo assim a morena dava um jeito de estar perto de Marília.

Surgiu também o primeiro desejo, e Maraisa quem pagou o pato, tendo que correr de madrugada para fazer um ovo de páscoa antes do tempo para Marília.

Flashback on.

Marília despertou de madrugada, o relógio marcava duas horas da manhã, a loira sentia um calor muito forte em seu corpo, caminhou até o banheiro do quarto, e banhou-se ali mesmo.

Respirando fundo após o banho gelado, Marília colocou as roupas novamente, e ao sentar-se na cama, salivou um ovo de páscoa enorme e recheado, sua barriga deu um estrondo alguns segundos depois.

- Não brinca filho, logo agora? - em respostas veio mais um ronco e sua boca voltou a encher de água. - Tudo bem, você quem manda.

Marília pegou o celular, pensou em discar o número de Carlota, mas a senhora deveria estar cansada.

Então, pensou no número de sua mãe, mas a casa da mulher era quase quarenta minutos dali, não valeria a pena.

Lauana estava trabalhando naquele plantão, Maiara e Luísa iriam pela manhã, e não seria justo acordá-las agora.

Então, todos os lados apontaram para Maraisa. Marília mordeu o lábio inferior, sabendo que a morena tinha acabado de chegar do serviço e estava morta.

- Tem certeza que não dá pra esperar até amanhã? - ela imaginou o gosto.- Ou céus, okay , não dá.

Ela apertou o número de Maraisa, depois de cinco toques, a voz grossa e sonolenta ao outro lado atendeu.

- Aconteceu algo? - perguntou preocupada.

- Oi Mara, boa noite, desculpa incomodar...

- Imagina, Marília. - Maraisa deu um bocejo. - O que houve?

- Eu tive um desejo..

- Uhum... De que?

- Eu quero um ovo de páscoa com morangos, banana e brigadeiro branco. - Marília ia dizendo o que vinha em sua mente, Maraisa não prestava muita atenção. - Será que você pode me trazer em menos de quarenta minutos?

- Claro... - disse sem pensar.

- Obrigada Mara, até jaja. - e desligou.

- Até já já... - respondeu de olhos fechados, sua mente começou a processar as informações, e foi aí que ela deu um pulo da cama. - Ovo de páscoa? Quarenta minutos? Desejo? Oh céus!

E lá se foi Maraisa Pereira até a cozinha, derreter chocolate, cortar frutas, fazer brigadeiro, e transformar as formas em dois ovos de colher.

Flashback off.

Era nesse mesmo mês, que os enjôos apareceram, e mais uma vez Maraisa estava lá para ampará-la e segurar-lhe os cabelos enquanto Marília colocava toda a refeição para fora.

As duas se tornaram amigas inseparáveis na concepção de Marília, já que para a morena, o amor só ia crescendo cada vez mais.

Agora o bebê parecia um caroço de feijão, com braços e pernas minúsculos. O bebê agora, era um girino.

Um caminho para o destino | Malila Adapt.Onde histórias criam vida. Descubra agora