Cap. 31 - Não sou viúva, não fui eu quem morri.

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Os olhos de Maraisa se arregalaram ao ver a mulher tão estressada à sua frente. O ar dos seus pulmões sumiram, assim como ela, Marília se encontrava extremamente nervosa e desconfortável.

- Ruth. - Chamou Deyvid, tentando quebrar qualquer tipo de discórdia de início.

- Aquieta homem, eu quero saber o que está acontecendo. - Se colocou de pé, Marília caminhou até Maraisa, suspirando. - Vamos Marília Mendonça, me explique. - a mulher cruzou os braços, Marília olhou para o padrasto que lhe passava toda a confiança no momento, apenas com o olhar.

- Mamãe.. - começou baixinho.- Maraisa e eu estamos namorando. - Ruth não pôde se esconder da baita surpresa que havia recebido naquele momento.

- Você ficou louca, Marília?! - Maraisa sentiu seu corpo congelar mais ainda, ela não sabia o que fazer, queria enfrentar a mulher, mas não conseguia. - Que palhaçada é essa minha filha? Não te criei para esses meios, você é uma mulher viúva Marília, nem esperou o corpo do marido esfriar, e já está se engraçado com outra pessoa? Uma mulher ainda?! - Marília sentiu o sangue ferver, quem a mãe achava que era para lhe dizer o que havia de fazer ou não?

- Mamãe, por favor! Será que você ficou sabendo que Murilo me traía enquanto eu bancava a boa esposa e boa mãe dentro de casa? Sabia que ele não ligou para o filho enquanto estava aqui, muito menos depois que viajou?! Sabia que Maraisa sempre se importou mais com o meu bem estar e do teu neto do que ele? - perguntou se aproximando da mãe. - E por quantas tentativas de inseminação eu tive de passar para aguentar os caprichos do meu ex-marido e minha ex-sogra? Eu não pude tirar uma criança do orfanato para poder fazer a bela vontade deles! Eu não pude mãe! - apontou o dedo na cara da mais velha, Maraisa se mantinha estática ao lado de Deyvid. - Eu quero que se foda que o corpo dele não esfriou, na verdade ele deve estar lá a essa altura sendo devorado pelos bichos, assim como a cobra da mãe dele me devorava cada vez mais, e onde estava a minha mãe que eu nunca vi? Quantas vezes Deyvid e até mesmo João me deram mais apoio do que você? Me diz, mãe! Zaida estava te pagando para ficar de bico fechado esse tempo todo? - Exclamou brava, Ruth parecia um fantasma de tão branca que havia ficado com tantas explicações. - Você nunca foi o suficiente pra mim mãe, quebrou meu coração assim como Murilo fez! E eu não quero saber se Maraisa é uma mulher ou deixa de ser, ela é a pessoa que eu amo, e não vou deixar ninguém se intrometer na minha vida. - pontuou. - Não estou viúva, não fui eu quem morri, e sim ele. Ele morreu e levou tudo de bom que eu tinha quando descobri que ele havia viajado pra comer aquela vagabunda que estava grávida dele! - Marília já chorava, seus olhos vermelhos por conta do choro e da raiva, eram evidentes. Maraisa estava preocupada com a morena pelo bebê, mas também estava com medo dessa personalidade de Marília. Porém... orgulhosa. - Ele levou e Maraisa trouxe tudo de volta. - deu uma pausa. - Não quero intromissão de ninguém, da minha vida amorosa cuido eu.

- Mas você está grávida dele Marília, deve respeito a sua memória! - Marília riu amargamente.

- Porra mamãe! Você não enxerga além do que não quer! Esse filho não é de Murilo!

- Não? - Ruth e Deyvid lhe perguntaram juntos.

- Não! Eu só engravidei por causa do óvulo de Maraisa, e da sua boa vontade para me curar, não tenho nada de Murilo aqui, apenas um esperma que foi doado para conseguir me fazer ser mãe! Eu e Maraisa somos a família desse bebê, os Huff que se fodam! - Ruth estava perplexa. - Agora por favor, saia da minha casa, preciso descansar, irei trabalhar pela manhã.

- Marília Dias Mendonça, tenha mais respeito comigo! - foi tudo o que a mulher conseguiu dizer, diante de tantas coisas.

- Marília Dias Mendonça Pereira, muito em breve. - resmungou. - Deyvid, me de licença, te vejo amanhã. - Marília murmurou subindo as escadas.

- Maraisa eu sinto muito por tudo isso... - Deyvid começou para a doutora que estava no canto da sala, ainda assustada, mas com o sorriso em seus lábios por ouvir a última frase de Marília.

- Tudo bem, Deyvid. - Maraisa sorriu.

- Vou chamar João Gustavo para ir embora, te esperamos na garagem. - direcionou a Ruth. - Tchau Maraisa.

- Tchau, Deyvid.

- Zaida tinha razão? Você e Marília mantinham um caso, o meu neto não é um Huff! - disse assim que Deyvid deixou a sala.

- E o que a senhora está querendo insinuar com isso, dona Ruth? - Maraisa finalmente começou a falar. - Se é o dinheiro da pensão de morte de Murilo que lhe preocupa, fique tranquila, eu sou uma das poucas ginecologistas mais renomada desse país, tenho hospital em nome da minha família, e muito mais dinheiro que toda a Família Huff junta. - riu em sarcasmo. - Ainda bem que Marília não é como você, uma mulher amargurada que nunca conseguiu se levantar sem o dinheiro, será que casou com Deyvid por amor? - Maraisa sabia que estava tocando na ferida, mas não deixaria a mulher lhe pisar.

- Não se atreva a dizer uma mentira dessas!

- Não se atreva a senhora a entrar na casa de sua filha, casa que ela conquistou com seu dinheiro, seu suor. Não se atreva a vir xingar nós duas, e nos acusar por algo que nunca aconteceu! Marília e eu começamos a nos envolver há menos de um mês, e estamos muito felizes juntas, cuidando do nosso filho.

- Ele nunca será seu filho, dois iguais não reproduzem, ele ainda é um Huff!

- O filho é biologicamente meu, pelo que eu saiba a senhora nunca lavou nem uma louça, e quer discutir sobre ciência e medicina comigo? - perguntou em deboche. - Murilo está morto, e o que me admira é que a senhora não se comove por saber que sua filha havia sido enganada por ele durante todos esses anos.

- Ele é homem, tem necessidades!

- Ah, é mesmo? Como um homem de verdade procura na rua outra mulher, tendo Marília em sua cama sempre que quiser? Amor não é só sexo dona Ruth, e eu fico feliz por Deyvid ser um cara tão bom, ou eu teria pena de você. - Ruth olhou-lhe com descaso. - Acho melhor a senhora ir embora, e tentar ser uma mãe de verdade para João Gustavo enquanto ainda há tempo. - Maraisa caminhou até perto da escada. - Espero que se arrependa antes que seja tarde, sogrinha. E engula que sou eu agora a mãe do seu neto, e a mulher que tem Marília nos braços todas as noites.

Um caminho para o destino | Malila Adapt.Onde histórias criam vida. Descubra agora