Cap. 13 - Desagradável

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Naquela mesma noite, quando Maraisa foi embora, Marília subiu as escadas sentindo seu interior ficar mais calmo, ela realmente deveria deixar o esposo ir até para puta que pariu, pois ela tinha as melhores pessoas ao seu lado.

Tirou suas roupas e colocou a banheira para encher, quando entrou, imergiu seu corpo, deixando a água cobrir até seus lábios carnudos, fechou os olhos e permitiu-se pensar.

Ela era apaixonada pelo marido quando eram namorados, se entregou pra ele de corpo e alma, mas no segundo ano do casamento foi aonde as coisas começaram a pesar para ela.

Sua sogra sempre dava a entender que Murilo procurava na rua o que não recebia em casa, o que era uma mentira, pois mesmo quando a loira chegava cansada do trabalho, ela se permitia esgotar-se para dar total atenção ao marido, e ele nunca retribuiu na mesma intensidade.

No segundo ano do casamento, Murilo passou a chegar mais tarde do serviço, e sempre cansado, quando não dizia para Marília que deveriam tentar fazer o bebê, ele simplesmente virava e dormia, e quando tinha suas relações com a garota, eram rápidas o suficiente para apenas o prazer dele chegar, o que demorava, mas Marília se sentia usada no sexo, mas sempre lhe disseram que nem todos os homens atenderiam suas necessidades, ela sabia disso.

Os hormônios da gravidez tomavam conta do seu corpo, a loira já era quente, e fazia tantos anos que não tinha um sexo de verdade, que atendesse todas as suas necessidades, fazia anos que ela não choramingava de prazer, ela nem sabia se com Murilo chegou a tal ponto, Marília sentia falta dos toques de uma mulher, ela só não admitia pra si mesma.

Do outro lado da cidade, Maraisa ia embora levando consigo que seu melhor amigo era um idiota, era claro que ela sabia tudo o que se passava dentro da casa de Huff,, era obvio que ela sabia que Marília sentia suas necessidades e que o rapaz estava sempre ocupado demais, e ela queria o matar.

Chegou por volta das dez no mesmo hotel de sempre que marcava encontros com Shay, Maraisa precisava parar de pensar em Marília, ela precisava saciar a vontade que crescia toda vez que via a loira e nada melhor do que correr para os braços de Shay.

Marília continuava pensando se era uma boa escolha continuar sendo a estrutura deste casamento, que havia caído na rotina a três anos, ela nem sequer tinha a certeza se à três anos, ela havia sido enganada dentro da própria casa, ela não sabia e se odiava por isso. Murilo a deixava nervosa,preocupada, insegura e sozinha. Zaida a irritava, a humilhava e a pressionava. Marília se praguejava por ter entrado naquela família, mas agora não havia mais nada a fazer.

Seus olhos se abriram, ainda que úmidos por conta das lágrimas, suas mãos se apossaram da sua barriga lisa, ainda sem qualquer saliência, e alistaram por debaixo da água, a pele, Marília sorria pois sabia que ali havia um pedaço dela, um amor só dela, uma criança que viria em tão poucos meses para alegrar seus dias.

- Ainda bem que eu tenho você, meu amor.

Sussurrou tentando fazer com que o feto escutasse, a primeira consulta era na semana que vem, e ela não se mantinha de tanta felicidade.

Depois de alguns minutos que mais se arrastaram para a eternidade, Marília escutou o barulho da porta, respirou fundo se levantando e colocou seu roupão. Esvaziou a banheira, penteou os cabelos e escovou seus dentes. Tomou os remédios que havia deixado sobre a pia, e assim saiu da suíte indo para o quarto.

Seu marido estava de costas dentro do closet, vestindo um pijama de dormir, o rosto de Marília franziu em dúvidas, ele não tomaria banho? Murilo se virou, e pareceu surpreso ao ver a mulher em pé, o encarando.

- Boa noite amor. - disse ele ao voltar para o lado do quarto e ir em direção a Marília, seus braços circularam a cintura da garota, e seus lábios buscaram o pescoço da mesma. Marília sentiu seu perfume e se afastou dele.

- Que cheiro é esse, Murilo?? - perguntou Marília em um timbre de voz mais alto , porém firme, fazendo o nó em seu estômago torcer mais forte.

- É o meu sabonete novo amor, gostou? - o homem se virou de costas para não ter que olhar sério nos olhos de Marília.

- Você não tomou banho em casa. - ela afirmou.

- Tomei banho onde eu estava com alguns colegas, fui pra casa de um deles comemorar, já que minha mulher permitiu que eu fosse para a Argentina. - Marília soltou um riso irônico.

- Você bebeu?! Deixou sua mulher grávida sozinha em casa até essa hora sem explicação? Pra encher a cara e voltar com cheiro de outro alguém?! - Marília começava a se alterar.

- Ah por favor Marília, não seja estúpida, eu apenas tomei um banho para que meu cheiro não te desagradasse, não fique estressada, isso faz mal ao nosso filho. - Murilo pediu se sentando na cama, ele sentiu medo ao ver as pupilas dos olhos de Marília se dilatarem e um sorriso presunçoso em seus lábios surgirem.

- Meu filho Murilo, meu filho, a porra podre do seu esperma só serviu pra criar o feto que eu gero com a ajuda de Maraisa. - apontou o dedo na cara dele, ela estava sendo má, estava, mas ela não deixaria ele sair por cima, não desta vez. - Essa criança é mais dela do que sua, por que durante as quatro semanas você nem se quer relou em mim, ou perguntou alguma coisa, seu merda! - as veias do pescoço dela saltavam, seus olhos estavam escuros e Murilo sentia medo, pela primeira vez, ele sentia seus olhos encherem de lágrimas. - Enquanto ela cuida da saúde do bebê, e da minha sanidade também. - ela pegou os seus travesseiros e ele engoliu seco sentindo a lágrima escorrer.

- Aonde você vai? - ele perguntou com receio, ainda engolindo as últimas palavras.

- Eu e meu filho vamos dormir longe de você. - Marília caminhou até a porta. - Ah, antes que eu me esqueça, não é teu cheiro que me desagrada, ultimamente tem sido a sua presença. - Marília saiu e bateu a porta com força.

Um caminho para o destino | Malila Adapt.Onde histórias criam vida. Descubra agora