Cap. 41 - Hi, baby Léo!

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Medo, ansiedade e muito medo. Era isso e mais um pouco que Marília conseguia sentir e pensar naquele momento.

Marília se assustou quando percebeu que estava sangrando. Desde o início imaginava que sim, seu filho poderia nascer antes da hora. Mas ao longo de toda a gestação, evitava pensar nisso.

Tentou se manter estável apenas para não piorar a situação. Imaginou que quando a bolsa finalmente estourasse, ela poderia entrar em pânico e soltar o ar com dificuldade por conta da euforia que tomaria conta de si, mas tudo o que ela conseguia pensar no momento, era no medo de perder o filho.

Então ela se manteve calma para ajudar a não aflorar os sentidos maternais de Maraisa também, mas parece que não adiantou muito, já que a morena começou a entrar em pânico a partir o momento em que haviam saído de casa.

- Vamos Marília! Meu Deus! Pra que tomar banho, mulher?! - Perguntou nervosa enquanto andava de um lado para o outro, a veia do pescoço saltava para fora e era visível o grau de estresse da morena aquela hora.

- Maraisa, por favor, sem pânico... - Marília pediu em tom sereno. Ao sair do banheiro lentamente, se enrolou em uma toalha vermelha e começou a se enxugar. - Já ligou pra Luísa? - Perguntou e a morena negou. - Então ligue.

- Não vou te deixar sozinha. - Maraisa reclamou buscando as roupas de Marília dentro do closet.

- Eu não vou morrer, estamos bem. - Marília pareceu tentar mais se convencer do que qualquer outra pessoa.

- Poderíamos ser mais rápidas?

- Maraisa, nem parece que você é médica na área. - Marília bufou terminando de colocar o vestido de malha em algodão, que marcava a barriga. - Melhor irmos, antes que algo de ruim aconteça.

Então, Maraisa foi se tremendo e se cagando toda dentro do carro, ela mal conseguia dirigir na velocidade que precisava, Marília estava quase surtando.

- Eu estou bem... - Marília dizia baixinho pra si mesma, tentando se convencer.

- Oi, Mônica! - Maraisa cumprimentou a atendente ao chegar no hospital.

- Senhorita Pereira? O que fazes aqui tão cedo assim? - Perguntou.

- Minha namorada, a bolsa dela rompeu e ela está tendo um sangramento. - Explicou pra mulher que começou a digitar algumas coisas no computador. - Luísa a espera no quinto andar. - A mulher assentiu.

- Um enfermeiro já foi buscá-lá no carro.

- Como sabe disso? - Perguntou confusa e logo a garota apontou para um lugar atrás de si. Maraisa olhou e viu a amada sentada na cadeira de rodas, sendo empurrada por um homem forte em direção ao elevador. - Amor! Onde você vai? - chegou perto de onde Marília e o homem estava.

- Estou indo pro quinto andar, não se preocupe. Fique aqui e preencha minha ficha, depois pegue nossas bolsas e suba, okay? - Sorriu levemente acariciando as mãos de Maraisa.

- Posso tentar...- Sussurrou. - Eu te amo. - Disse assim que Marília adentrou o elevador.

- Eu também amo você, meu amor. - Marília sussurrou.

Maraisa mordeu o lábio inferior. Ela estava com medo, muito medo, era gritante o quão nervosa ela estava.

Voltou a Mônica e preencheu toda a ficha de Marília, ligou para Deyvid e avisou o que estava acontecendo, ligou também para sua mãe e seu pai, eles não demoraram, e logo estavam os cinco dentro do elevador, subindo para a ala da maternidade.

- Vai ficar tudo bem, meu anjo. - Almira acalmou a filha que suspirou alto se confortando nos braços da mãe.

João Gustavo, Alice, Yasmin e Guilherme haviam ficado na responsabilidade de Maiara naquela madrugada. Ela não trabalharia nesse dia, e por não ser da área das meninas, ela não tinha que aparecer ao hospital. Ficou encarregada de cuidar dos pequenos.

Ao chegarem na ala, os quatro mais velhos seguiram para a sala de espera e foram informados que o bebê já iria nascer.

Maraisa se vestiu adequadamente com as roupas verdes de acompanhante para a cirurgia, entrou na sala e sorriu contente ao ver todas as suas amigas reunidas para salvar a vida dos amores da sua vida.

Lauana conversava com um estagiário, ela estaria ali para esperar o pequeno nascer, e tomar conta dele.

Luísa conversava com Marília, que estava sentada na maca, recebendo a injeção em suas costas.

- Eu estou com medo. - Marília disse para Luísa que suspirou.

- Você tem tentando por anos ter um filho, vai desistir agora? - Perguntou sorrindo. - Marília, estamos todas aqui com você, não vamos deixar nada acontecer com vocês dois. - Maraisa se aproximou, apertando as mãos de Marília.

- Vamos lá então. - Marília disse e ambas sorriram.

A loira se deitou na maca, seus olhos estavam marejados, tudo o que ela queria era ter seu filho nos braços.

- Fica calma, não vou sair do seu lado. - Maraisa disse sentando no banco ao lado de Marília.

- Obrigada, amor. - Agradeceu. - Esse pano em minha frente está me dando nos nervos. - Respondeu rindo nervosa.

- Logo a anestesia vai fazer efeito e você vai ficar com vontade de dormir, mas não durma. - Marília assentiu.

- Vamos começar. - Luísa avisou, já estava com as máscaras e as luvas.

A loira maior pegou uma caneta e marcou a linha na barriga da amiga, onde seria cortado para poder tirar o bebê. Em seguida, segurou o bisturi, levando até a linha.

Sua mão apertou sobre a pele, puxando um caminho até o fim daquela linha, Lauana virou o rosto para o outro lado, era agoniante ver tudo aquilo.

Luísa repetiu o processo por mais algumas vezes, e logo o útero já era visível, debaixo de todo aquele sangue.

- Certo, iremos tirar o pequeno. - Avisou.

- Sabe? Imagino nós três lá em casa, vai ser tão perfeito. - Maraisa sussurrou acariciando os cabelos de Marília, que sorriu fraca e cansada.

Luísa cortou a camada do útero, e logo um braço miudinho saiu para fora. Ela sorriu puxando o afilhado para fora.

- Cinco e vinte da manhã. - O assistente disse.

- O que? Nasceu? - Maraisa perguntou afoita. - Luísa!

- Maraisa, calma. - Pediu Luísa desesperada por dentro, Léo tinha o cordão enrolado no pescoço, estava roxo demais e não chorava. Passou o menino para os braços de Lauana.

- Como você quer que eu mantenha a calma?! Meu filho não está chorando!

O auxiliar de Luísa olhou para os estagiários, que foram de encontro a Maraisa, que estava fora de controle. Luísa suspirou.

- Preciso que tirem ela daqui, tenho que fechar Marília e colocar ela em repouso.

- Não! Não vou sair!

- Maraisa, por favor. - Pediu e a morena se debateu. - Tirem ela daqui agora.

Tiraram Maraisa de dentro do centro cirúrgico, a médica estava transtornada, Luísa precisava dar os pontos, mas ela estava realmente preocupada com o que poderia acontecer com o menino.

***

- Hey, pequeno. - A voz serena de Maraisa, embargada pelo choro tomou conta da neo natal. A doutora e agora mãe, estendeu a mão dentro da incubadora, fazendo o menino tão pequeno segurar seu dedo indicador e dar uma espreguiçada. - Fiquei com tanto medo de te perder, filho. - As lágrimas caiam furiosamente pelo seu rosto.

O menino havia nascido de 34 semanas, prematuro, mas ao contrário do que muitos pensavam, ele tinha quarenta e oito centímetros, três quilos e quatrocentos, era um bebê gordo e saudável, só estava na incubadora para poder ser monitorado, tinha um pequeno sopro em seu pulmão e precisavam tratar.

Se ele não desse trabalho, logo estaria em casa.

Um caminho para o destino | Malila Adapt.Onde histórias criam vida. Descubra agora