Capitulo 2 - Profecias e Relíquias

23 7 0
                                    

"Mas eu tenho que voltar, eu preciso voltar!" Eu insisti, começando a sentir uma onda de pânico me invadir. "Eu tenho responsabilidades, um lugar para viver, pessoas que sentiriam a minha falta!" Digo enquanto percebo que estou mentindo para mim mesmo.

Eu olhei para a elfa, desesperado. "Eu não sei nada sobre magia, não sei lutar, não tenho habilidades como vocês. Eu não pertenço a esse lugar."

Aiden colocou uma mão em meu ombro, me olhando com seriedade. "Nós vamos ajudar você a entender melhor esse lugar, a aprender a lutar e a dominar a magia. Não vamos te abandonar, Arin."

Eu me senti um pouco reconfortado pelas palavras de Aiden, mas ainda assim não conseguia controlar a sensação de estar preso em um lugar desconhecido e sem saída. "E como vamos fazer isso? Como vou sobreviver aqui?"

A elfa me olhou por um momento antes de responder. "Não tenho certeza. Mas se você quiser sair daqui, temos que achar um Viajante Alpha."

"Viajante Alpha? O que é isso?" perguntei, curioso.

"São arcanos com a habilidade de abrir portais interdimensionais, como o que você e Aiden usaram para chegar aqui. Eles são raros, e muitas vezes são procurados por várias facções para diversos fins."

"Entendi", respondi, tentando assimilar todas as informações. "E você é uma elfa, certo?"

Ela assentiu. "Sim, sou uma elfa, e uma das guardiãs de Eldrid. Meu nome é Lirien Silverleaf."

"Guardiãs?" repeti, surpreso. "Então, você é tipo uma guerreira?"

"Algo assim", respondeu Lirien, com um sorriso. "Fui designada a cumprir uma profecia, este é o meu propósito."

"Isso é bem legal", falei, admirado. "Mas que tipo de profecia?"

Lirien respirou fundo, e então respondeu "O que faz de mim uma guardiã é o fato da profecia ter me escolhido para guardar as Relíquias Sagradas. A profecia diz que cinco guerreiros irão lutar bravamente para protege-las e salvar o mundo mágico das trevas."

Não posso negar que fiquei bastante admirado, vejo que ainda tem muito desse mundo que preciso conhecer. "E quem são os outros quatro?" pergunto com os olhos brilhando.

Ela deu de ombros. "Não sei ao certo. Mas tenho certeza que logo se realizará". Um silêncio se prolonga no ambiente por alguns segundos, até ela voltar a dizer: "Vocês tem algum lugar para ficar?"

Fico um pouco desconcertado com a pergunta, mas logo percebo que precisamos de um lugar para nos abrigarmos enquanto estou preso em Eldrid. "Não, não temos nenhum lugar para ficar. Na verdade, não sabia nem que existia Eldrid até chegarmos aqui hoje."

Lirien pareceu surpresa. "Isso é estranho. Vocês não sabiam que estavam indo para Eldrid?"

"Não exatamente", responde Aiden. "Viemos parar aqui por acidente, através de um portal que encontramos na Terra."

Lirien franziu a testa, parecendo preocupada. "Isso é preocupante. Não é comum que portais aleatórios se abram para Eldrid." Ela para de falar e seus olhos se arregalam, ela tenta disfarçar seu espanto e então diz "Bem, eu preciso ir, vocês podem ficar no Alojamento para visitantes, no castelo. Vejo vocês em breve". Ela diz e sai andando.

Fico intrigado com a reação da elfa, mas não quero incomodá-la com perguntas, então apenas aceno com a cabeça e agradeço. Aiden e eu seguimos em direção ao castelo, observando a arquitetura impressionante de Eldrid. O castelo era enorme, com torres altas e uma grande muralha que cercava a cidade. Ao chegar no alojamento para visitantes, somos recebidos por um elfo que nos conduz até nossos quartos.
O quarto era simples, mas aconchegante, com duas camas de solteiro largas e aconchegantes, um armário e uma pequena mesa. Aiden e eu jogamos nossas coisas na cama e nos sentamos, ainda processando tudo o que tinha acontecido desde que chegamos a Eldrid.

"Acho que não estamos mais em Kansas, não é mesmo?", brinca Aiden, tentando quebrar o clima tenso.

Eu dou uma risada fraca, mas concordo. "Com certeza não. Essa história de profecia e relíquias sagradas é bem intensa."

"Sim, e ainda tem o fato de que você está preso aqui." Aiden suspira, parecendo cansado. "Mas pelo menos temos um lugar para ficar e comida para comer. Acho que podemos ficar aqui até descobrirmos como te tirar daqui."

Concordo com a cabeça, mas minha mente ainda está girando, tentando entender tudo o que está acontecendo. Será que fomos parar aqui por acaso? Ou será que tem algo mais por trás disso?
Fico olhando pela janela, observando a cidade lá fora, e me pergunto o que mais esse mundo mágico tem a oferecer. E me pego pensando o que estaria fazendo agora se estivesse no Orfanato Albergue dos Sonhos. Talvez sentado nos cantos, sozinho, enquanto as outras criança brincavam, ou quem sabe até fazendo piadinhas sobre mim. Ou Madame Clarice me dando olhares tortos pelo lugar... Acho que estou mais confortável neste alojamento do que jamais poderia estar naquele orfanato.
Aiden parece observar tudo no ambiente, curioso. É interessante vê-lo assim, tão atento a tudo. Depois de alguns minutos, ele se senta na cama ao lado da minha e suspira.
"Arin, eu sinto muito por tudo o que está acontecendo. Eu não queria que você fosse arrastado para tudo isso. É culpa minha que você esteja preso aqui em Eldrid."

Eu o olhei com tristeza e coloquei a mão no ombro dele. "Aiden, tá tudo bem, você não fez nada. Não tem que se desculpar por algo que não é sua culpa."

Ele suspirou, parecendo aliviado. "Obrigado, Arin. Isso significa muito para mim." Ele olhou para baixo, parecendo pensativo. "Eu sempre me senti um estranho entre os elfos, por ser meio humano. Minha mãe nunca me contou sobre minha origem e eu fui julgado e excluído por isso. Mas você, Arin, você me aceitou como amigo sem nem saber disso. Isso é muito importante para mim."

Eu sorri, sentindo uma pontada de dor em meu coração. "Aiden, eu nunca julgaria alguém por algo que não pode controlar. Você é meu amigo, e isso é o que importa." Naquele momento senti que a nossa amizade se fortaleceu, mas ainda temos uma longa jornada pela frente.
O sol começou a se pôr e, com ele, a conversa entre Aiden e eu se encerrou. O cansaço se abateu sobre mim, e em questão de minutos eu já estava adormecido.
Acordei com um barulho ensurdecedor do lado de fora. Aiden também acordou com o barulho e olhou pela janela.

"O que está acontecendo?" perguntei, ainda atordoado pelo barulho.

Aiden parecia assustado. "Eu não sei, mas isso não é normal. Precisamos sair daqui e descobrir o que está acontecendo."

Saímos correndo do alojamento e seguimos o barulho ensurdecedor. Quando chegamos do lado de fora do castelo, vimos um elfo na nossa frente. Seus olhos brilhavam com uma luz azulada, e ele parecia estar sob o controle de alguém.

"Arin, esse elfo está sendo controlado", Aiden disse, preocupado.
O elfo sacou suas armas e se preparou para nos atacar.

"Vamos acabar com isso", disse Aiden, firme.

O elfo controlado se virou na nossa direção e nos encarou com um olhar vazio. Ele apontou sua mão em nossa direção e uma onda de energia mágica foi disparada em nossa direção. Eu consegui desviar, mas Aiden foi atingido em cheio e caiu no chão, inconsciente.
Eu comecei a me aproximar dele, mas fui atacado pelo elfo controlado novamente. Eu mal conseguia me esquivar dos ataques, mas felizmente, Lirien apareceu para me ajudar. Mas antes que pudéssemos lutar, vi algo pelo canto dos olhos. Não podia ser. Agora não. Os ladrões da cidade, a garota da pulseira e o anão. Eles estavam bem aqui, chegando na luta. Me preparo para ataca-los também, embora não saiba nada de luta ou magia. Mas surpreendentemente, eles atacam o elfo. Lirien também se junta a luta, e juntos, os três lutam bravamente contra o elfo controlado. A garota usava adagas ao invés de sua pulseira agora, e o anão usava um machado maior do que o seu braço. Juntos, eles derrotaram o elfo. Mas antes que ele perdesse a luta completamente, ele diz com uma voz monótona: "A profecia não seguirá adiante. O humano morrerá!".

Os Guardiões do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora