Até que enfim consegui uma folga com a madame Bourjois e posso ir ver alguns lugares para alugar. De todos que visitei, uma quitinete na Sé foi a mais promissora. Fui comer algo afim de pensar e decidi pela mais próxima ao Instituto. Voltei ao prédio de apartamentos e deixei tudo acertado com o senhorio. Finalmente encontrei algo que posso pagar. Finalizei tudo e antes das duas da tarde já estava em Paraisópolis para buscar minhas coisas.
O momento era perfeito. Sei que a esta hora, Maycon está cuidando de seus negócios e meus irmãos estão na escola. Vanessa como sempre, deve estar passeando no shopping ou em algum salão fazendo as unhas. Então sei que poderei entrar e sair sem que ninguém me veja.
Entro na casa e vou direto para o meu quarto. Pego uma mochila e algumas sacolas e começo a colocar as minhas roupas que não são muitas. Pego meu computador, verifico se não esqueci de nada e saio.
Mas antes de chegar a porta, ouço um barulho que me deixa petrificada. Se for o Maycon que voltou mais cedo estarei perdida.
― Quem está aí? – ouço a voz da Nana
― Oi, Nana sou eu. – digo com a voz baixa
― Ah menina é você! – diz me tateando. Virou seu costume depois que perdeu a visão
― Onde está indo com essa mochila? – pergunta
― Desculpe, Nana. Mas não posso continuar aqui. – respondo
― Torci para que esse dia chegasse logo. – diz segurando minhas mãos ― Sinto muito que tenha que sair desse jeito minha menina. – fala com pesar e eu a abraço
―Obrigada por cuidar de mim. Serei eternamente grata. – digo depositando um beijo em sua bochecha antes de sair.
Saio da residência em direção ao ponto de ônibus apenas para despistar algum conhecido de Maycon e peço um carro de aplicativo. Tenho a ligeira impressão de que estou sendo seguida. Mas olhando ao redor não vejo ninguém. Balanço a cabeça em negativa. Todo esse estresse deve estar me deixando paranoica.
Cerca de quarenta minutos depois estou na portaria do prédio que chamarei de lar e respiro aliviada. Cumprimento o porteiro antes de entrar, sigo para as escadas, estou muito ansiosa para esperar pelo elevador. Subi seis lances de escada como se estivesse flutuando. Ao colocar a chave na porta, sinto uma lágrima rolar pelo meu rosto. Um misto de felicidade e alivio brotam em meu peito. Aqueles dias de escuridão, finalmente ficarão para trás.
"Tio Maycon chegou em casa e eu estava assistindo televisão na sala. Ele pegou o controle e desligou o desenho. Comecei a chorar e pedir que me deixasse assistir o desenho. Ele ficou bravo comigo e como das outras vezes me xinga, me pega pelo braço e me sacode. Só que desta vez eu me desiquilibrei e cai com as costas na quina do rack da sala e machuquei as costas. Saio chorando e minha mãe que acabou de chegar, começa a brigar com ele.
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A herdeira perdida da máfia
RomanceAntonella Menezes foi criada em meio as pessoas da maior favela de São Paulo. Desde de pequena teve que mostrar ser uma pessoa valente para sobreviver em meio a violência e o preconceito das pessoas. Só não sabe que sua história está prestes a sofre...