Levo Antonella até seu apartamento. Ela me convida a entrar, talvez esteja curiosa para saber de meu sumiço ou esteja encorajada pelo álcool que sei que bebeu. Coloca a chave no trinco e abre a porta para espaço.
O local não é muito grande, mas é melhor do que o barraco que vivia em Paraisópolis. Pergunta se quero beber alguma coisa, enquanto se esforça para tirar as sandálias. Em uma dessas tentativas acaba se desiquilibrando e cai sobre mim, a pego e a coloco no sofá.
― Deixe-me fazer isso. – digo pegando sua perna e levo minhas mãos até seus tornozelos, desafivelando a sandália. Antonella solta um gemido e meu amigo que estava começando a adormecer, acorda novamente. Repito a mesma coisa com o outro pé e ela solta mais um gemido.
― Mia bella, se continuar gemendo assim não responderei por mim. – falo deixando os sapatos de lado e me erguendo até sua boca.
― E quem disse que quero que responda. – diz olhando para meus lábios
―Mia cara. Você não está em condições e não quero que se arrependa depois. – digo sorvendo o calor de seu hálito
― Eu não irei me arrepender. – diz ébria
― Mas não posso. Não com você neste estado. – digo me levantando ― Quero você sóbria para aproveitar cada segundo que tivermos juntos.
Antonela se levanta cambaleante e segue para seu quarto. Sei que pode estar com raiva agora, mas irá me agradecer mais tarde. Vou até a cozinha procurar algo que possa usar para curar a ressaca que ela terá pela manhã e não encontro nada que irá servir. Envio uma mensagem ao meu soldado com uma lista de que preciso, incluindo um bom café e alguns analgésicos. Dou-lhe o endereço e digo para entregar dali algumas horas. Escuto o chuveiro ser desligado e sei que Antonella já deve estar pronta para ir para cama.
Arrumo as almofadas sobre o sofá e me deito. Não será uma noite confortável, mas é o que temos para hoje. Me ajeito do melhor que posso e fecho olhos. Algum tempo depois adormeço.
Acordo com o sol batendo na janela de meu quarto e sinto que uma britadeira está fazendo um buraco em minha cabeça. Tive um sonho estranho com Federico me tirando da boate e me trazendo para cá. Mal consigo abrir olhos. Com muito custo me sento na beira da cama. Um cheiro maravilhoso de café chega as minhas narinas e meu estômago dá sinal de vida. Saio do quarto com os olhos semicerrados e vejo a figura de um homem. Forço meus olhos para abrir e percebo que é Federico.
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A herdeira perdida da máfia
RomansaAntonella Menezes foi criada em meio as pessoas da maior favela de São Paulo. Desde de pequena teve que mostrar ser uma pessoa valente para sobreviver em meio a violência e o preconceito das pessoas. Só não sabe que sua história está prestes a sofre...