Depois de esvaziar a garrafa de uísque, meus olhos se fecharam por conta própria. Mas o sono ébrio não foi nada satisfatório. Acordei com o corpo dolorido e com a cabeça martelando por causa do álcool.
Olhei para o relógio e vi que ainda faltavam algumas horas para me encontrar com Antonella. Me dirigi ao banheiro a fim de me livrar do cheiro da bebida.
Ao fechar a porta atrás de mim, o reflexo no espelho revela um semblante tenso. Livro-me das roupas e ligo o chuveiro, deixando a água correr, enquanto tento dissipar os vestígios do álcool que permeiam meu corpo. O cheiro forte da bebida parece impregnar cada poro, e a necessidade de parecer sóbrio para a conversa iminente é urgente.
Saio do box e com uma toalha, seco o rosto, tentando também afastar as imagens perturbadoras que rondam meus pensamentos. A culpa e a raiva ainda estão presentes, mas a preocupação sobre o que será revelado durante o nosso encontro adiciona uma nova camada de complexidade à situação.
Pedi para que Antonella me encontrasse em uma cafeteria próxima ao hotel. Não sei o poderia fazer se nos encontrássemos em um local mais reservado.
Com a mente ainda turva pelo efeito do álcool, respiro fundo, tentando recobrar a compostura. O encontro com Antonella será um teste de paciência e eu preciso estar preparado para enfrentar o desconhecido que nos aguarda.
Chego à cafeteria no horário combinado e avisto sentada numa das mesas ao fundo. Sua beleza se destaca mesmo usando roupas modestas. Caminho de devagar e a tensão sobre nós é palpável.
―Buongiorno, Antonella! - a cumprimento
―Bom dia, Federico! – ela responde
Afasto a cadeira e sento-me a sua frente. Nenhum de nós diz uma única palavra. O silêncio parece amplificar a atmosfera carregada de expectativas, o barulho da cafeteria ao nosso redor é um contraste com a quietude desconfortável que nos envolve.
Um garçom se aproxima. Peço um café, e a espera se torna uma pausa entre atos, um respiro tenso antes do desfecho iminente.
― Por que Antonella? – pergunto quebrando o silencio
― Você não tem o direito de me fazer essa pergunta. – diz olhando diretamente em meus olhos
― Como não. Fui privado de meu filho, meu herdeiro, meu sangue. E você vem me dizer que não tenho direito a lhe perguntar nada. – falo com raiva assustando-a
Somos interrompidos pelo garçom que traz meu pedido, o líquido fumegante a frente, se torna testemunha silenciosa da tempestade emocional que se desenha entre nós. Cada gole é um pequeno intervalo, na busca errante de manter me calmo.
― Eu já disse. Ele não é seu filho. – diz após se recuperar ―Você sabe muito bem que sou uma mulher casada. Matteo é um Orekhov. – diz e sinto meu sangue ferver
― Matteo Orekhov. – repito o nome do menino ―E ainda teve coragem de dar o nome de outro homem a ele. – respondo entredentes
―De outro homem não. Do pai dele. – enfrenta-me
―Até quando continuará mentindo, Antonella? – pergunto com sarcasmo ―Eu sei muito bem que seu casamento é uma fachada.
― E como pode ter certeza disso? Eu amo Mikail e não poderia ter escolhido esposo melhor. – meu coração erra uma batida ao ouvi-la dizer que ama outro homem ―Ele me ama, respeita e jamais me enganou. – suas palavras soam como um soco meu estomago e vejo o quanto está magoada
―Nunca tive a intenção de te magoar. – falo em um tom apaziguador
― Claro. Eu havia acabado de me entregar a você e sou abordada por uma mulher que se diz sua noiva e você nunca quis de magoar. Mas como diz o ditado:" L'inferno è pieno di buone intenzioni" – diz ironica
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A herdeira perdida da máfia
Roman d'amourAntonella Menezes foi criada em meio as pessoas da maior favela de São Paulo. Desde de pequena teve que mostrar ser uma pessoa valente para sobreviver em meio a violência e o preconceito das pessoas. Só não sabe que sua história está prestes a sofre...