―Estou pouco me importando com seu casamento, Antonella. Quero fazer parte da vida de meu filho. Eu exijo. – escuto-o dizer
Respiro fundo, como em busca de forças para enfrentar o inevitável. O silêncio, mais uma vez, se instala entre nós, carregado com a aceitação de que alguns erros não têm conserto.
― Federico, precisamos aceitar a realidade. – digo com a voz embargada. ― O que foi, foi. Não podemos mudar o passado. Você precisa entender...
― Entender o quê? Que não tive a chance de conhecer meu próprio filho? Não, Antonella, não vou aceitar isso. – sua voz ressoa com a mistura de frustração e anseio.
Creio que meu olhar reflete minha batalha interna, uma luta entre a fidelidade ao presente e o reconhecimento da importância do passado. A tensão entre nós atinge seu ponto mais alto, como uma corda esticada ao máximo.
― Não posso simplesmente ignorar tudo o que construí até agora. Minha família merece respeito, e eu também. – falo com a voz trêmula.
― Antonella, entendo que possa ser complicado, mas não posso aceitar ser excluído da vida do meu próprio filho. – afirma, a voz embargada pela urgência de ser ouvido.
A dor em suas palavras encontra eco em minha própria dor. A dualidade desse momento é palpável, a sensação de que a busca pela verdade coloca em xeque não apenas minhas escolhas, mas todo o equilíbrio de nossas vidas.
― Federico, precisamos encontrar uma maneira de lidar com isso que não machuque ainda mais as pessoas envolvidas. Principalmente meu filho. – respondo exausta
― Nosso filho. – me corrige
A sala ao nosso redor parece estreitar-se, e as palavras tornam-se pontes frágeis sobre um abismo. O desejo dele de fazer parte da vida do meu filho, me causa calafrios. Temo que meu pequeno possa ser ferido com essa situação.
― O que você sugere? – pergunto
A pergunta ecoa no ar, carregada de expectativas e a ânsia por encontrar uma solução para o impasse em que nos encontramos. O silêncio que se segue é denso, como se as palavras fossem um elo frágil entre a vontade de construir algo novo e a resistência das realidades já estabelecidas.
― Estou disposto a fazer o que for preciso para estar presente na vida do nosso filho, Antonella. - afirma determinado
― Federico, não existe uma solução fácil. - respondo refletindo sobre a complexidade do dilema. ―Temos que agir com cautela para que meu menino não sofra.
―Não me importo. Mas não ficarei mais nenhum dia longe do mio bambino. – sua determinação me aflige
― Compreendo. Mas não posso simplesmente dizer ao meu filho de que sua vida não passa de uma mentira, isso só lhe trará sofrimento. – suplico
As palavras saem como um sussurro carregado de angústia, um pedido de compreensão diante do dilema que se desenha diante de nós. O olhar de Federico é um espelho das minhas próprias incertezas, e a sala ao nosso redor parece se fechar como se estivéssemos confinados a um espaço onde as decisões têm repercussões intransponíveis.
― Antonella, não quero magoar ninguém, especialmente nosso filho. Mas também não posso continuar vivendo como se ele não existisse. – ele responde, a voz carregada de pesar.
A verdade, crua e incontestável, se destaca como uma sombra. A ideia de que a revelação possa vir a machucar aqueles que amamos é um fardo pesado, e a perspectiva de desfazer uma narrativa construída ao longo dos anos é avassaladora.
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A herdeira perdida da máfia
RomanceAntonella Menezes foi criada em meio as pessoas da maior favela de São Paulo. Desde de pequena teve que mostrar ser uma pessoa valente para sobreviver em meio a violência e o preconceito das pessoas. Só não sabe que sua história está prestes a sofre...