Capítulo 22

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―Estou pouco me importando com seu casamento, Antonella. Quero fazer parte da vida de meu filho. Eu exijo. – escuto-o dizer

Respiro fundo, como em busca de forças para enfrentar o inevitável. O silêncio, mais uma vez, se instala entre nós, carregado com a aceitação de que alguns erros não têm conserto.

― Federico, precisamos aceitar a realidade. – digo com a voz embargada. ― O que foi, foi. Não podemos mudar o passado. Você precisa entender...

― Entender o quê? Que não tive a chance de conhecer meu próprio filho? Não, Antonella, não vou aceitar isso. – sua voz ressoa com a mistura de frustração e anseio.

Creio que meu olhar reflete minha batalha interna, uma luta entre a fidelidade ao presente e o reconhecimento da importância do passado. A tensão entre nós atinge seu ponto mais alto, como uma corda esticada ao máximo.

― Não posso simplesmente ignorar tudo o que construí até agora. Minha família merece respeito, e eu também. – falo com a voz trêmula.

― Antonella, entendo que possa ser complicado, mas não posso aceitar ser excluído da vida do meu próprio filho. – afirma, a voz embargada pela urgência de ser ouvido.

A dor em suas palavras encontra eco em minha própria dor. A dualidade desse momento é palpável, a sensação de que a busca pela verdade coloca em xeque não apenas minhas escolhas, mas todo o equilíbrio de nossas vidas.

― Federico, precisamos encontrar uma maneira de lidar com isso que não machuque ainda mais as pessoas envolvidas. Principalmente meu filho. – respondo exausta

― Nosso filho. – me corrige

A sala ao nosso redor parece estreitar-se, e as palavras tornam-se pontes frágeis sobre um abismo. O desejo dele de fazer parte da vida do meu filho, me causa calafrios. Temo que meu pequeno possa ser ferido com essa situação.

― O que você sugere? – pergunto

A pergunta ecoa no ar, carregada de expectativas e a ânsia por encontrar uma solução para o impasse em que nos encontramos. O silêncio que se segue é denso, como se as palavras fossem um elo frágil entre a vontade de construir algo novo e a resistência das realidades já estabelecidas.

― Estou disposto a fazer o que for preciso para estar presente na vida do nosso filho, Antonella. - afirma determinado

― Federico, não existe uma solução fácil. - respondo refletindo sobre a complexidade do dilema. ―Temos que agir com cautela para que meu menino não sofra.

―Não me importo. Mas não ficarei mais nenhum dia longe do mio bambino. – sua determinação me aflige

― Compreendo. Mas não posso simplesmente dizer ao meu filho de que sua vida não passa de uma mentira, isso só lhe trará sofrimento. – suplico

As palavras saem como um sussurro carregado de angústia, um pedido de compreensão diante do dilema que se desenha diante de nós. O olhar de Federico é um espelho das minhas próprias incertezas, e a sala ao nosso redor parece se fechar como se estivéssemos confinados a um espaço onde as decisões têm repercussões intransponíveis.

― Antonella, não quero magoar ninguém, especialmente nosso filho. Mas também não posso continuar vivendo como se ele não existisse. – ele responde, a voz carregada de pesar.

A verdade, crua e incontestável, se destaca como uma sombra. A ideia de que a revelação possa vir a machucar aqueles que amamos é um fardo pesado, e a perspectiva de desfazer uma narrativa construída ao longo dos anos é avassaladora.

A herdeira perdida da máfiaOnde histórias criam vida. Descubra agora