Acordo e vejo que já deve ser bem tarde. Olho no relógio e passam das cinco e quarenta da tarde.
― Meu Deus! Como consegui dormir a tarde inteira? – pergunto a mim mesma
Levanto-me da cama e vou ao banheiro tomar um banho. Federico esteve aqui ou foi um sonho, dentro do sonho. Minha mente está tão nublada que não sei distinguir o que é real ou fruto de minha imaginação.
Tomo um banho demorado, deixando a água cair sobre meus ombros relaxando-os. Depois de alguns minutos, saio e volto ao meu quarto. Visto um vestido fresco, já que estamos em pleno verão. Vou para sala e escuto alguém bater a porta. Olho pelo olho mágico e vejo que é Federico.
"Não acredito. Ele realmente está aqui." penso e respiro antes de abrir a porta
― Boa noite, mia bella. - diz ao entrar ― Trouxe o jantar. – Diz levantando uma sacola
― O cheiro está maravilhoso. – comento e meu estomago ronca como resposta, me matando de vergonha
― Credo che il mio uccellino sia affamato. – responde
― O que você disse? – pergunto
― Disse que acho que meu passarinho está com fome. – diz se aproximando ficando quase colado a mim
― Então vamos comer antes que esfrie. – digo me desviando e o vejo dar uma risada
―Come preferite, mia bella. – fala em italiano
― Me desculpe, mas creio que já te falei que não entendo muito de italiano. – digo
― Minha falta. Culpa do hábito. Disse como preferir, minha bela. – traduz
― Desculpas aceitas. – falo e arrumo a pequena mesa para nossa refeição.
Federico trouxe comida da cantina que comemos na primeira vez que saímos. Sentamos a mesa e nos servimos. Como um cavalheiro, retirou da sacola uma garrafa de vinho e percebo que o mesmo que tomamos daquela vez.
―Salute! – diz saúde erguendo o copo com vinho
― Cin Cin - digo Tim tim em resposta e tomo um gole do vinho
―Desculpe se posso estar sendo meio invasiva. – digo mexendo a massa em prato com o garfo ― Mas aonde esteve esse tempo? Sumiu de repente. Você é casado? Ou existe outra coisa? – pergunto
― Não precisa se desculpar mia bella. Quem lhe deve desculpas sou eu. – diz pousando sua taça sobre a mesa ― Precisei voltar a Itália. Problemas de família. – responde evasivo
―Entendi. – falo ― E conseguiu resolver? – indago levando o garfo a boca
― De certa forma, sim. – continua evasivo
―Ah. – é o que consigo dizer diante suas respostas
Um silêncio constrangedor começa pairar no pequeno cômodo, enquanto mexo na comida sem a mínima intenção de comer.
―Não está bom? – Federico indaga
― O quê? – pergunto distraída
―A comida? – aponta para meu prato ― Você está remexendo esse prato a tanto tempo que já deve estar fria.
―Está ótima. Eu que não estou com tanto apetite assim. – minto
―Me desculpe Antonella se pareço um pouco frio ao falar sobre minha viagem. Aconteceram algumas coisas que ainda estou digerindo. – respira ― Uma delas é que meu pai faleceu... – sinto sua voz ficar embargada
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A herdeira perdida da máfia
RomansaAntonella Menezes foi criada em meio as pessoas da maior favela de São Paulo. Desde de pequena teve que mostrar ser uma pessoa valente para sobreviver em meio a violência e o preconceito das pessoas. Só não sabe que sua história está prestes a sofre...