1. O Mensageiro dos Ladrões

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Anthony Strongstorm, como quase todo capitão da Frota da Bruxa, odiava o fim de uma temporada de saques

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Anthony Strongstorm, como quase todo capitão da Frota da Bruxa, odiava o fim de uma temporada de saques. A tripulação ficava animada com a possibilidade de retornar a Arhi Zlato - o único lugar em toda Zhivot onde piratas encontravam aceitação e segurança -, descansarem suas lâminas e encontrarem a sua família. Além disso, navegavam por rotas mais seguras, evitando qualquer outro navio que pudesse gerar conflito, de modo que ficavam mais relapsos e menos vigilantes, verdadeiramente relaxados. Somavam-se esses fatores ao fato inegável que A Fúria de Veraya era um navio que reunia mentes perturbadas, a escória de Zhivot, párias expulsos ou apartados de suas comunidades.

Nos últimos Sóis, gritou tanto que sua garganta parecia estar constantemente ardendo. Sua tripulação estava praticamente incontrolável e ele, mais irritado do que o normal, o que não era uma boa combinação. Os barris de rum e vodka se esvaziavam rapidamente, misturados com a quantidade limitada de água potável que tinham a bordo, o que apenas piorava a situação. Quando estava prestes a chegar ao seu limite, achou melhor deixar os turnos diurnos a cargo de seu irmão e imediato, Thomeryn Drabeck, antes que cumprisse suas inúmeras ameaças de jogar membros da tripulação no mar para serem devorados pelas sereias.

Ainda assim, quando saiu de sua cabine naquele início de anoitecer, o céu ainda mantinha alguns tons laranjas misturando-se com o negro, e podia sentir o caos no ar enquanto os berros de seu irmão expulsavam aqueles que trabalhavam durante o dia para os porões, para que se matassem longe de suas vistas. Os turnos noturnos costumavam ser mais calmos, principalmente porque eram compostos por criaturas mais antigas, seres da noite que o acompanhavam desde que se entendia por gente. Em sua maioria, eram bruxos, feiticeiros e os poucos lobisomens que se aventuravam em alto mar.

Deveria perceber que algo estava estranho quando viu seu filho recostado na pequena mureta que separava as cabines do piso inferior, ligados apenas por uma velha escada de madeira já escurecida pelo tempo. Geralmente, Lyan Strongstorm acompanharia a bebedeira dos marujos por algum tempo, rendendo-se às cantorias até embebedar-se e cansar-se o suficiente para arrastar-se até a cabine do pai e dormir até o nascer do sol, quando recomeçaria seu serviço.

Aproximou-se devagar, incerto. Lyan não era seu filho de sangue, e aquilo era visível ao primeiro olhar. Anthony era um homem alto, de porte esguio, pele pálida como a luz do luar e longos cabelos ondulados negros como uma noite de lua minguante sem estrelas, que sempre mantinha presos em um rabo de cavalo com uma tira de couro, escondidos por baixo do chapéu de aba larga que marcavam sua posição como capitão. Lyan conseguia ser mais alto que o pai, com ombros largos e músculos bem definidos, pele dourada como o nascer do sol e cabelos loiros escuros, presos em uma trança relativamente elaborada e embebidos em óleos cheirosos.

Sem dizer uma única palavra, parou ao lado do filho, apoiando as mãos na mesma mureta que o mais novo se debruçava. Por instinto, acompanhou os olhos azuis claros do loiro, que parecia ignorar sua presença, levando diretamente ao mar revolto demais para um céu tão limpo.

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