4. O Uivo da Madrugada

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O barulho de conversas altas e música desafinada já eram tão costumeiras que ainda se surpreendia quando sua cabeça latejava

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O barulho de conversas altas e música desafinada já eram tão costumeiras que ainda se surpreendia quando sua cabeça latejava. Tentava se lembrar que não havia motivos para isso, tudo sempre corria muito bem em seu turno - não era à toa que Lycan havia a escolhido para ser sua matrona. Era esperta o bastante para não se deixar ser passada para trás, comandava os seguranças com punhos de ferro para não deixar que ninguém saísse sem pagar ou que alguma briga descontrolada chamasse a atenção da Guarda Real. E, acima de tudo, cuidava muito bem das garotas - ou da "mercadoria", como seu chefe gostava de chamar.

Apenas um verdadeiro tolo acreditaria que o Uivo da Madrugada era somente o que sua fachada de hospedaria e taverna. Qualquer um que quisesse um bordel com mulheres mais saudáveis sem precisar investir uma fortuna destinada apenas a nobres e comerciantes de maior sucesso, sabia exatamente onde ir. Apesar dos clientes conhecerem o local como seguro, provavelmente mal imaginavam o trabalho que lhe davam.

Às vezes, se perguntava o que ainda estava fazendo ali, mas a resposta não demorava a vir em mente: não tinha muitas opções. Não que fosse louca o bastante para ter uma dívida com Lycan e ficar como praticamente uma escrava aos seus caprichos. Ainda assim, havia poucas oportunidades para uma mulher como ela. Poderia se tornar uma prostituta em outro bordel, arriscar uma vida criminosa solitária e ser presa, ou se casar com qualquer imprestável que lhe daria uma vida de miséria. Também tentava pensar que suas meninas precisavam de alguém que realmente se preocupasse com elas, que não permitiria que os clientes as machucassem, que lhes garantiria o mínimo de necessidade.

— Madame, o Oficial de Nashan está aguardando no balcão. — a voz de Viltarin a despertou de seus pensamentos, e pelo canto do olho, pode ver duas de suas garotas se encolhendo.

E não era de Viltarin que tinham medo. É claro, o velho lobisomem poderia parecer assustador para qualquer um de fora: quase dois metros de altura, músculos assustadores que as roupas de pele de lobo encardida não podiam esconder, formando uma combinação horrenda com as cicatrizes que deformavam sua pele amadeirada e os cabelos grisalhos desgrenhados. Mas qualquer de dentro sabia que ele não passava de mais um escravo de suas dívidas, mais leal a Calyntha do que a Lycan.

O verdadeiro problema era o filho do patrão, Tehel. Era um jovem inconsequente que se achava muito esperto, uma péssima combinação para aqueles que viviam clandestinamente. Em sua última tentativa de ajudar o negócio do pai, teve a brilhante ideia de que a proximidade com a Guarda Real seria proveitosa. Aquela era a coisa mais estúpida que já tinha ouvido em toda sua vida, uma vez que já pagavam para passar despercebidos. Se ele continuasse daquele modo, iria apenas acabar atraindo a atenção de Duque Eichbah e Condessa Blacksnide para a quantidade de homens de Armas corruptos que estava levando ali.

— Já estou indo. Pode cuidar das meninas enquanto fico fora? — Calyntha respondeu como se nada fora do comum estivesse ocorrendo.

— Sabe que não precisa lidar com isso, madame. — Viltarin a lembrou, parecendo preocupado. — Podemos chamar os dois malucos do patrão, estão aqui para isso.

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