5. Arhi Zlato

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Chegar em Arhi Zlato era sempre um alívio para qualquer pirata da Frota da Bruxa, mesmo para Anthony, que preferia passar a maior parte de seu tempo em alto mar

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Chegar em Arhi Zlato era sempre um alívio para qualquer pirata da Frota da Bruxa, mesmo para Anthony, que preferia passar a maior parte de seu tempo em alto mar. Graças a rajadas de ventos fortes, conseguiram alcançar seu destino um pouco antes do que Thomeryn calculou. Em qualquer outra ocasião, aquele seria apenas um momento de alegria extrema que o deixaria irritado, mas o silêncio mórbido com o qual sua tripulação descarregou o navio daquela vez fez com que sentisse saudades da cantoria desafinada. Mesmo que sua pequena e estranha família fossem os únicos a saberem o que estava acontecendo, não pode deixar de sentir um arrepio na espinha quando fez a última ronda pelo A Fúria de Veraya, para garantir que ninguém havia ficado para trás.

Não se surpreendeu quando encontrou Cahal o esperando no porto, olhando distraidamente para as carroças já carregadas com o saque. Era o imediato da Capitão de Todos, o braço direito da Rainha dos Mares, uma das pessoas mais importantes de toda a Frota da Bruxa. Já a primeira vista, aquele homem era capaz de colocar medo no mais experiente marujo: quase dois metros de altura em um corpo esguio e atlético, a pele muito pálida não própria de quem estava constantemente exposto ao sol; seus cabelos negros eram cortados bem curtos, extremamente desleixados e combinando com sua barba por fazer, que formavam um conjunto arrepiante com o grande número de cicatrizes em seu rosto, no qual se destacava uma que lhe tomava metade da face, transpassando seu olho direito.

Talvez aquele fosse o detalhe mais assustador em toda a aparência de Cahal: enquanto seu olho esquerdo era de um azul claro reconfortante, o direito era de um cinza quase branco. O visual todo era complementado pelas vestes: uma calça escura justa, com botas de cano longo de couro, uma blusa simples branca e um longo casaco negro com golas altas, destacando seu pescoço magro e longo também repleto de cicatrizes.

— Capitão Thony. — Cahal o cumprimentou com sua voz serena de sempre. — Vejo que os Deuses abençoaram seu saque essa temporada.

— E a eles sou eternamente grato, meu senhor. — Anthony respondeu mecanicamente, colocando a mão direita em punho em cima de seu peito esquerdo e abaixando a cabeça em sinal de respeito.

— Não é apropriado um Capitão se curvar diante de um imediato. — o mais alto observou, e precisou se conter para não revirar os olhos.

— Apenas um tolo não se curvaria diante do Oráculo do Sol. — Anthony bufou, endireitando seu corpo. — Suponho que a Capitã esteja à minha espera.

— Evidentemente.

— Thomy e Sylver? — Anthony não conseguiu evitar a pergunta, passando os olhos pelo porto e não conseguindo encontrar nem seu irmão e nem seu sobrinho.

— Já foram para as Celas. — Cahal informou com monotonia. — Badhyr estava com fome.

Mesmo que convivesse com essas cenas desde que Sylvest era filhote, não conseguiu evitar a ânsia de vômito que lhe subia à garganta toda vez que pensava sobre isso. Nunca deixava de lhe assombrar ver aquele rapaz que se parecia tanto com seu irmão tomado por um monstro, transformado em uma criatura de pura sombra. Os Deuses certamente tinham um humor peculiar, e não queria nem imaginar o que se passava na mente de Asthramyne.

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