Prólogo: Conselho de Erwyn

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"Não demonstre medo, ou eles saberão o quão fraco você é"

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"Não demonstre medo, ou eles saberão o quão fraco você é". O senhor seu pai costumava falar aquilo o tempo todo, e detestava ter que admitir que ele estava certo. O velho Cretos sempre ficava mais furioso quando ele chorava, e não demorou muito para perceber que na Corte, os mesmos princípios eram aplicados. Estava ali desde antes de se tornar homem-feito, conhecia muito bem os olhares de desprezo e desconfiança que sempre lhe perseguiam. E, como não era seu primeiro escândalo no Palácio da Esmeralda, ninguém se preocupava em realmente esconder sua hostilidade. Até mesmo meros Recrutas de Armas da Coroa ousavam sussurrar fofocas em sua presença, parecendo ignorar a hierarquia da Guarda Real.

Ainda assim, sabia que a única coisa que poderia fazer em sua atual situação era permanecer calado e de cabeça erguida. Ninguém ousava dizer-lhe algo diretamente, pois temiam sua reação, e no momento, aquilo bastava. Se demonstrasse que os boatos haviam o abalado de qualquer modo, perderia todo o respeito que construiu durante sua vida inteira, e sabia que jamais o recuperaria. Então, obrigou-se a seguir sua vida como se nada estivesse ocorrendo. Almoçou calmamente ao lado do Príncipe Regente e sua consorte, com conversas amenas e despretensiosas que sabia ter irritado algumas pessoas. Depois, prosseguiu para fiscalizar as fileiras sob seu comando, e talvez estivesse sendo especialmente rígido naquele Sol.

Não se importava. Aquela era a Guarda Real, e era o Duque de Armas responsável pelo Segundo Comando da Esmeralda. Todos em suas fileiras deveriam ser, no mínimo, perfeitos, e indulgência não era o melhor método para conseguir aquilo. Certamente meia dúzia de pessoas se lembrarem com quem estava lidando, mas sabia que nada daquilo iria adiantar ao Entardecer.

"Eles vão te considerar fraco de qualquer jeito, então se faça o favor de parar de se importar". Quantas vezes Yophiel havia lhe dito isso? Havia ficado gravado em seu cérebro de maneira tão profunda que simplesmente parou de se importar muito cedo em sua vida, e não era difícil admitir que seu antigo senhor estava certo. A única coisa que todos os homens de Armas deveriam se preocupar era sua capacidade de dormir tranquilamente, e naquele quesito estava despreocupado.

Darcan respirou fundo, vendo o céu lentamente tomar tons alaranjados pelas grandes janelas do corredor da Ala Leste. Não era a primeira vez que suportava os sussurros dos escândalos no Palácio da Esmeralda, mas os impactos eram claramente maiores para seu atual nível hierárquico. Ainda assim, não tinha nada a temer. Conhecia as leis do Império de Purvi como a palma de sua mão, e saberia usá-las ao seu favor: esse jogo estava ganho. No entanto, ainda teria que lidar com o tribunal da opinião pública, e este era implacável e imprevisível, capaz de acabar com carreiras promissoras. Mas já lidou com ele uma vez, tinha certeza que era capaz de contorná-lo novamente.

Ou, pelo menos, era aquilo que dizia a si mesmo conforme se aproximava do Salão Verde. Se acreditasse naquilo, metade de seu caminho já estaria trilhado. Foi parado por dois Recrutas de Armas do Templo, e precisou morder sua língua para não ofendê-los. Só estão fazendo o seu trabalho, tentou dissuadir-se. O problema era que seu trabalho era humilhá-lo e garantir que entrasse naquele local ciente de seus deveres para com Erwyn. Um homem que não respeitava o sagrado dos Arautos era pior do que qualquer bandido no Império de Purvi.

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