Os outros e o meu Autismo°

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É difícil comunicar pra o entorno os limites de uma pessoa Autista, o que sim é o que não, o pior é eles entender que não é uma escolha e sim a única forma de se sentir cómodo.
É enormemente complicado manter relações sociais com outras pessoas não Autistas e ajudar elas a não ver a gente como doidos. Até mesmo porque antes da gente ter um diagnóstico, a gente se sentia doido.
Na minha vida toda foi difícil manter amizades, namoros e até mesmo a convivência com minha família. Posso falar que nunca fui normal e que meu Autismo estava sempre gritando mais alto do que as atitudes que outros esperavam de mim.
Os reclamos do meu pai por colocar as pernas e pés nas cadeiras, minha mãe não entendendo porque bebia chá até no verão, sendo esse meu líquido de conforto, minha irmã me achando doida por escrever, ler e viver com música nos fones de ouvido, pra não escutar o redor.
Ninguém nunca ia entender os meus pulos pra tirar tanta energia do corpo, meus picos de criatividade, meus movimentos constantes de pernas e pés, ou meu cansaço físico do nada que me faz dormir por muitas horas.
No meu caso, já estava namorando antes de descobrir o meu T. E. A e me senti na obrigação de conversar com meu namorado sobre o meu diagnóstico, informar ele e pedir mais empatia da normal em coisas que a gente já tinha percebido, sem saber da onde vinha.
Nos estamos quase morando juntos, convivendo todos os dias a maior parte do dia, as vezes as 24 horas e outras menos.
Tem sido difícil, ainda é e vai continuar sendo.
Ele tenta desde o seu ponto, empatizar, entender  e tentar ajudar o mais possível. Hoje em dia ele cuida de mim, mais do que antes de saber do Autismo, ele abre as garrafas, sabendo da agonia que me dá pelo barulho, ele tampa meus ouvidos na frente de sons altos ou do nada, ele tira meus fones de ouvido depois de eu dormir, inclusive ele canta pra eu cair no sono.
É quem explica pra os outros que não como em casa alheia, não compartilho copos, nem mate e não por é por ser nojenta.
E acredito ter tido sorte em achar alguém como o meu namorado nesse aspecto, sendo ele a pessoa que tenta me ajudar pra eu estar na minha zona de conforto. Quem me vê brincando por horas com os piercings da minha nariz e quem também, procura eles quando eles caem por ali.
Eu desejo pra todos os Autistas, e todas as pessoas, alguém que ame eles de verdade e cuide sem importar diagnósticos, problemas ou inclusive qualquer dificuldade.

Eu e o Autismo°Onde histórias criam vida. Descubra agora