Tu não precisa estar dentro do espectro pra entender que socialmente as pessoas Autistas, são descarte. Desde os seus primeros movimentos "Fica quieto", em suas primeiras e estranhas palavras, e na ausência dessas situações, aparece o "-desculpa, é que é Autista".
Como se estar dentro do espectro virasse a gente surdo e insensível.
Não tem jeito exitosamente perfeito pra camuflar o Autismo.
A gente é "o estranho" da sala de aula, o "solitário", esses que mental e moralmente estão destruídos.
Estar em eles e ser eles é vergonhoso.
A gente é sempre "outro", esse "outro" inalcanzavel, "outro" neurotipicamente "normal". OUTRO QUE NÃO É COMO NOS.
Um "OUTRO" para um "EU" negado.
Ser Autista é ter a classificação adiantada pra todos os erros de uma existência normal.
O Autista não vive, ele simplesmente sobrevive.
É irônico ouvir os normais falando de nos e deixando claro "ela/ele vive no seu mundo", poxa, como é que eu vivo no meu mundo se eu corro dele, pra viver no seu.
Uma linha de supervivencia, sem espaços pra esperar nem pra contemplar nenhuma beleza, uma vida normal deixada num "inalcanzavel e nunca exitoso estereótipo".
Pra nós, hoje ser Autista não é só um ato de resistência, se não também um rescate, a os valores humanos.
Ensinaram a todos a ter uma vida cansativa pra o físico e a moral, ensinaram a todos a se manter camuflado entre os normais.
Meu interesse tá naquilo que o normal vê sem sentido, eu vejo todo o que o mundo tem pra mim em quanto querem ter o mundo pra eles.
A gente só tem uma vida pra ser Autista, e a gente vai criar e desfrutar em quanto a gente esteja vivo.
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Eu e o Autismo°
ChickLitUm pouco da minha vida depois de descobrir o meu T. E. A (Transtorno do Espectro Autista).
