°Preto Ou Branco

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Hoje é terça, são 7:51 da manhã e acordei pensando no quanto era diferente o que eu escrevia sobre minha vida a uns meses atrás. Falava de me sentir "acompanhada", "guardada" e "protegida" pelos braços quem diziam me amar, exatamente como se estivesse numa "caixinha" e hoje entendo o importante que é pra um Autista ter alguém de apoio, essa "famosa rede de suporte".
E é foda entender que a linha entre "o apoio" e a "dependência", é pequena demais. Se a gente precisa essa ajuda é porque a gente deixa de viver a realidade, deixa de entender o que tá e não tá bem.
Graças a o que estudo sobre psicologia, tô tentando me ensinar sobre a diferença de me sentir "acompanhada" e de me sentir "segura". Entender que pra 1, preciso de outro alguém e pra o outro, só preciso de mim.
Lembro bem de ter tentado explicar pra vocês o muito que o meu ex-namorado fazia pra que me sentisse segura, desde me ajudar a dormir até na hora de comer. Admito que as veces sinto muita falta disso e chego no ponto da "saudade".
E aqui é quanto o meu Austimo grita que o ser humano faz tudo mais difícil do que já é. Pra mim, falar de "saudade" é ativar uma parte da minha cabeça que tá %100 segura de que "saudade" só se sente por gente morta, o demais é burrice.
Se escuta cruel, mas como é que as pessoas sentem saudades de alguém que dizem amar e que tem as mesmas capacidade de se comunicar, podem existir milhões de motivos pra não se procurar, mas quem sente saudade de verdade, sempre volta.
Agora escrevo com seguridade, mas em muitos momentos do meu dia me afundo na saudade, nessa que não tem sentido. "Não sofra, pelo que tu não procurar".
As pessoas normais, se separam, fazem contato 0 com o outro, vão se esquecendo dos momentos pra no final, conhecer outro alguém e viver o mesmo.
Será que eu tenho que agradecer por ter me compreendido errado, por amar e agora ter que me ensinar a ser "o meu propio lar", é irônico, mas ainda se escuta como se eu estivesse errada.
Morro de saudades, mas também me ensino a conviver so comigo.
Em quanto o estava vivendo, senti esse ano de relacionamento como "aprendizado" e hoje que tô a meses saindo dele, e é como se eu tivesse começado de novo. Como se esse "alguém" que tava me acompanhando tivesse esquecido que quando ele fosse, eu não ia sabia como seguir andando, na final, não era sua responsabilidade.
Prendida das suas mãos, dava passos porque ele estava me segurando.
E ali é quando entendo que mais que um companheiro, eu era dependente a o que podia conseguir se ele ficava me segurando. Fui andando procurando que só ele aprendesse a entender minha vontade constante de fumar, os meus dias sem comer e todo o demais.
Não me julgo, na real. Ninguém te ensina a viver e menos sendo Autista num mundo aonde nem os normais sabem se acolher.
Num livro sobre saúde mental e transtornos psicológicos li "Pra o autista é tudo preto ou branco, não tem crescimento, só árvores ou raiz"
E aí é quando não me julgo por me perder na minha propia realidade, não é fácil. Ninguém é fácil, menos quando todos os dias tu tá obrigado a acordar com disposição pra conhecer um "novo eu".

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