Vou aproveitar um dia de pouca paciência pra entrar no assunto da Brutalidade e sinceridade EXTREMA dentro do T. E. A, na hora da comunicação .
Eu sou a filha mais pequena de uma família de 4, e ao contrário do que a maioria fala, eu nunca fui a filhinha de papais. Sem perceber eu peguei o papel da irmã maior e as vezes até de mãe. (vão entender logo porque explico isso)
No começo achei que era minha rapidez pra amadurecer, depois a minha falta de paciência, e agora, com 20 anos e diagnosticada, entendo tudo.
A gente não tem filtro PRA NADA.
O que a gente escuta, é o que é. Não tem ironia, não tem sarcasmo, não tem piada.
E o pior, não tem arrependimento depois de ter sido bruto ou inconsequente PORQUE PRA A GENTE não foi bruto, nem inconsequente.
Ganhei muito ódio e me senti muito excluida no correr da minha vida, e por muitos anos não entendi o porquê. Hoje compreendo que existem jeitos pra tudo, que tem que saber disimular, falar baixo e as vezes nem ter opinião, que o povo fala em códigos, e que não sempre o que se escuta, é assim mesmo.
Na nossa cabeça não tem tanta coisa, se tu fala que é não, a gente não espera que atrás desse não, exista uma esperança de ser entendido um sim. E tampouco existe falar sim, se a gente acha que é um não.
Assim de simples, a gente amadurece muito rápido.
Do mesmo jeito que não ficamos magoados por receber um não sincero. Não passaria pela nossa cabeça obrigar a alguém a gostar de nós, a fazer algo por nós que a outra pessoa NÃO QUER, que não sai de dentro dela.
Eu sempre fui muito direta, e rápida pra entender e engolir as situações. Os meus tempos de luto foram muito curtos, especialmente na minha infância e adolescência, e o pior, é que eu achava sem sentido que pra os outros não fosse igual.
Nunca fui como as outras crianças, que passavam meses lembrando os seus cachorros depois de falecer. Minha mãe explicava pra mim que foi, e que não ia voltar, e pra mim foi. Não existia chorar mais de um dia pela perca de um animal, e não é que não me importava, é que entendia perfeitamente.
Eu era a amiga sem noção, a que preferia ser bruta com a companheira que sofria por algum menino, falando direto que não fazia sentido sofrer por um bosta.
E o pior, é que na minha cabeça, até o sol de hoje, é mais fácil receber um chute de realidade, antes que enfeitar a mentira. Senti muita raiva por não conseguir mostrar pra os demais QUE ERA MUITO MAIS FÁCIL DO QUE ELES PENSAVAM(pelo menos pra mim)
Depois de ter começado a estudar psicologia, especialmente nas crianças, aprendi que não todo mundo era como eu, também mudaram muitas coisas depois de que me apaixonei por primera vez. Tem gente mais sensível e que precisa mais acolhimento e tempo.
Entre uma mistura de personalidade, criançao e os transtornos que eu tenho, eu falo o que penso, as vezes sem entender o que isso poderia gerar no outro.
Com pouca idade entendia que os relacionamentos problemáticos tinham que ser cortados, antes que sofridos. Fui muito bruta com minha mãe na infância e na adolescência, porque a pesar de não entender tudo, eu sabia que o que te fazia sofrer, não era bom. E se não é bom e não muda, tem que acabar.
Foi muito cedo que eu entendi coisas que as vezes nem os adultos entendem, e eu não sabia que era tão difícil pra os normais ver as coisas como eram em realidade.
Eles criam uma ilusão, uma expectativa, e nós não temos isso.
O que é, é.(Depois a gente enxerga pra dentro de nós, e entende que é fácil olhar a palha no olho alheio. Mas a pesar de sentir tanta raiva por os outros não entender na hora, a gente acaba fazendo igual, mesmo sabendo. Aí se aprende de empatia e também a pedir perdão. )
VOCÊ ESTÁ LENDO
Eu e o Autismo°
ChickLitUm pouco da minha vida depois de descobrir o meu T. E. A (Transtorno do Espectro Autista).