Como a gente fala quando o ouvido grita?
Bem ali quando o mundo todo está bem, mas você não, quando é confortável pra os normais e você só quer correr pra qualquer lugar.
Como a gente pede empatia pra aquele que não conhece, não vê e não sente como a gente.
Entrar em crise é um momento, mas viver o dia a dia, fazer como se nada, se fingir de normal, é uma vida toda.
Ouvir o que os demais não, se irritar com o de todas horas, a TV, o cachorro e até a água caindo num copo.
Chegar em semanas que a cabeça não dá pra mais, que o mundo fica gigante, até mesmo estando trancada num lugar.
Semanas que tu não consegue se fingir de normal.
Chegar no limite a cada 2 minutos e ter que fazer como se nada.
Como a gente se expressa se os normais não gostam de escutar, menos de mudar.
Indiretamente o Autista, nem que seja no primeiro nível, precisa que o outro tenha empatia, tanta que de pra ver de longe. Até os normais precisam, sendo seus comportamentos quase todos estudados e esperaveis.
Não dá pra se estressar com nós, do mesmo jeito que com os demais, não dá pra gritar, lutar ou inclusive xingar.
Não dá pra esperar que o Autista tenha reações como os demais, não dá pra ter calma, nem pra respirar.
Precisamos ter uma vida normal, mas as vezes quero concordar com a gente que fala que a gente deveria de estar numa bola aislada do mundo, pelo nosso propio bem-estar.
O pesso psicológico, o cansaço físico, mental, a falta de estabilidade e a dor que é não encaixar jamais.
Os momentos aonde a terra é ainda mais grande que todos os dias, aonde eu me sinto perdida, sem lar, inclusive nem meu propio mundo me dá paz.
Não gosto de estar sozinha, moro com meu namorado e é costume ter ele como companhia, nem que seja ter ele sentado no sofá. Mas as vezes, adoraria sair até de mim mesma, porque o meu mundo vira de pés a cabeça.
Começo a gostar do que nunca gostei, a me irritar até com o ar que passa, a demandar mais atenção e paciência e nesse momento sou incapaz de entender, que o outro também tem uma vida. Sinto como se todo o que a outra pessoa não conseguir fazer pelos seus motivos, é porque não me quer mais.
Sinto isso em carne e osso, realmente pra mim esse momento sem importância pra os demais, é limitante, triste e inclusive se torna tudo uma catástrofe.
Não interessa se mais tarde eu vou voltar ao normal, esse momento é horrível. A paciência não existe em mim, a sobre empatia, vira innecesaria nessa hora, eu só penso nisso que eu gostaria de receber.
Estressante pra os demais, imagina pra mim.
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Eu e o Autismo°
ChickLitUm pouco da minha vida depois de descobrir o meu T. E. A (Transtorno do Espectro Autista).