Tenho que admitir pra vocês que desde a última vez que escrevi aqui, eu não voltei a escrever sem ser pra estudar. Hoje com muitas mais coisas na cabeça, é difícil falar de mim e colocar um olho no Autismo também.
Aconteceram muitas coisas que me obrigaram a reagir com razões e bases, o que não me deixou prestar atenção em outras opções na minha cabeça(Não falo que por o Autismo eu não tenha ações razoáveis, mas se entende que não sempre o que deixa a gente confortável, é o que tem que se fazer).
O fechamento do meu relacionamento foi um antes e um depois, e foi o melhor. Foi um vínculo 0 saudável no final, depois de muito eu entendi que estar tão mal, acaba adoecendo mais a cabeça da gente (empeorar problemas psicológicos, do comportamento ou psiquiátricos).
A minha única realidade era esse relacionamento, e minha cabeça se acostumou.
Nessa relação minhas costumes diárias pelo Autismo foram sendo mais grandes, me controlavam totalmente(Se eu não tinha tal coisa, eu entrava em crise).
Lembro de ter falado aqui sobre o copo com canudo, comer só de culer ou só comer algumas poucas coisas. Eu sentia como meu mundo acabava se eu não tinha isso.
Quando eu sai disso eu não comia, não dormia, não gostava de interagir com os demais. Fazia falta uma estructura, mas eu não sabia como construir ela sem ese alguém.
Uma parte de mim depois de começar a interagir com muita mais gente que antes, tentou se auto achar errada e se convencer de que o melhor era ser como eles. Tive uma guerra interna durante meses, uma parte gritava que isso não fazia menor sentido e a outra, vendo como eu era amiga de muitos, queria nos convencer de que isso era o "o normal".
Tantas vezes falamos aqui do "normal" , e eu mesma tinha me esquecido que o que eu escolhesse como "normal", tinha que me fazer bem.
Pra qualquer um, entrar em vínculos tóxicos, acaba sendo o pior que acontece na vida. No começo, durante e no final, pra que vocês me entendam eu vou me comparar com uma criança. O mundo deu pra ela um brinquedo, essa criança tem Autismo, e o seu vínculo físico, emocional e psicológico, é esse brinquedo. Tanto que ela não come, não dorme, não bebe e nem vai no banheiro em paz, se não for com ele. O brinquedo levava ela a pontos de paz que por ela mesma e pelo seu entorno, ela nunca conheceu (Dormir e comer bem, ter energia e alegria, etc)
Sejamos sinceros, nesse mundo de hoje em dia, é difícil achar um vínculo saudável, o melhor do mundo é no começo, e depois a gente vê o brinquedo virar o mesmo inferno.
Ninguém precisa ser Autista pra entender a dor, mas sim precisam empatizar o suficiente pra entender que as costumes pra nós, são nossa vida.
Os poucos vínculos, as vezes só 1, são os mais intensos, e também são as nossas vidas.
Nos temos "dependência" a muitas coisas, palavras, músicas e entre essas, também estão as pessoas. O amor é capaz de mexer com a cabeça da gente, fazer nos perder a razão.
A quantidade de informação que o cérebro recebe quando se sente amado, é enorme.
Cair nas mãos erradas é questão de vida ou morte pra muitos normais, imagina pra nós.A confusão numa cabeça já confusa, é uma perdição.
Quase obrigados por o fato de ter T. E. A temos que procurar ajuda psicológica, é muito importante conseguir entender quando a gente está saindo da realidade pra estimular o que o cérebro precisa.
Não é fácil, mas pra ter uma vida "normal" temos que aceitar que somos mais propensos a muitas coisas (Drogas, problemas, accidentes, roubos, etc.), não somos bichos, mas só nos sabemos o frágil que o nosso coração é, e a pouca precaução que temos quando estamos na nossa zona de conforto.
O mundo é um perigo, por mais que nós não sejamos perigosos.
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Eu e o Autismo°
ChickLitUm pouco da minha vida depois de descobrir o meu T. E. A (Transtorno do Espectro Autista).