Eu e o Autismo°

°Roda sem fim

Hoje em dia a minha realidade é muito diferente do que era quando comecei a escrever "Eu e o Autismo".
Meu conhecimento é maior quando falo de mim e daquilo que incomoda ou que faz bem. Mas assim como na vida de qualquer um, tenho altos e baixos que simplesmente não posso evitar, por mais que seja mais difícil pra mim levantar.
Estou de novo na casa dos meus pais e isso revive uma e outra vez como o entorno em quanto não viva o que você, não vai entender e a maioria nem vai tentar. Sem importar quanto você comunique que isso te faz mal.
Já não namoro, nem moro com quem me dava a estabilidade que minha cabeça sozinha não me da, nem vai me dar.
As costumes tão essenciais que com tanta emoção escrevi em anteriores capítulos, já não estão e tampouco vão voltar.
Aprendi com o tempo a entender que mais além de ser alguém muito sentimental, o meu autismo me faz ver e sentir coisas que os demais não.
A vida de todo mundo rola, como tem que rolar e a minha fica num mesmo lugar por tempos indefinidos até que não tenha mais voltas que dar no assunto, e mesmo sem voltas pra dar, algum jeito inconveniente vou achar pra me machucar.
Me vi me tirado "do meu lugar", com minhas próprias mãos, mesmo sabendo que se isso não me fortalecia seguramente fosse me matar.
Não entendi nem entendo a maior parte das ações dos outros e ninguém consegue entender como meu chão ainda treme, depois de mais de um mês, um trabalho, e um pouco de paz momentânea.
O mundo tem se virando em contra de todo o que tento fazer, e por partes deixei de reclamar, e por outras simplemente sobrevivo com o que tenho e com o que o destino não decidiu tirar de mim.
Parece que tenho nojo das costumes que antes tinha, mas sinto sua falta, a falta do jeito em específico pra dormir, o meu lado da cama e a cama que era tão importante pra mim.
As pequenas coisas que todos passam por alto, e pra mim eram estabilidade pra sobreviver um dia mais dentro de uma batalha sem fim.