Capítulo 17

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P.O.V Allye

  Para a minha alegria e também incômodo, choveu durante toda a semana. Dia, tarde e noite. Variava de chuva forte a garoa. Eu amo a chuva, eu de fato a amo. Ela me traz uma alegria enorme, eu lembro da minha infância, dos momentos de aconchego em casa e dos sabores constantes em dias assim. E me causa incômodo toda vez que preciso entrar em um carro durante uma chuva, o que me leva a pensar nele, no que vivemos e nas dores que causamos um no outro. 

  Esse é um desses momentos.

  May encontrou um café interessante que é praticamente escondido em um bairro mais no interior da cidade. Gosto de conhecer novos lugares, por isso decidi acompanhar ela na aventura. As outras não quiseram vir. A Liyah depois de almoçar se trancou no quarto e dormiu. A Demi tem um trabalho para entregar até amanhã e não tinha condições para sair de casa. E a Babi escolheu colocar uma série em dia. No fim, ficamos só nós duas mesmo. O que não é ruim, me sinto tranquila e confortável com a May. Com todas elas, na verdade. Porém, a May me traz mais conforto, ela me trata como uma irmã mais nova e ouve sempre minhas preocupações, e tenta resolvê-las junto comigo. Sou totalmente e completamente grata a ela.

  Chegamos no café perto das 14h. E, sinceramente, ele é escondido de todas as maneiras possíveis. Fica em um bairro quase que do outro lado da cidade, a decoração externa é composta por plantas nas paredes e para ajudar, a entrada fica entre duas outras lojas que não se destacam muito.

Lly: Tem certeza que é aqui? - pergunto para ter certeza.

May: Tenho sim. O gerente disse que era um pouco difícil de encontrar mesmo. - desce do carro, e faço o mesmo.

Lly: Quando você falou com ele, lembrou de perguntar se um psicopata estaria nos esperando do outro lado da porta? - arqueio uma sobrancelha.

May: Não lembrei. - vira para mim - Será que eu deveria ter perguntado? - arregala os olhos por brincadeira - Vamos entrar logo.

Lly: Eu ainda não escrevi meu testamento...- enrosco meu braço esquerdo no braço direito dela que estava estendido na minha direção.

May: Quer começar a me ditar ele agora? - puxou a porta de entrada e avançou sem me olhar.

Lly: Acho que ainda posso esperar. - falei ao admirar a decoração interna do café.

  As mesas eram redondas, mescladas entre madeira escura e madeira clara. As luzes, cerca de duas em cada mesa, pendiam do teto até quase meio metro de altura da mesa. A ideia das plantas persistiam no interior, espalhadas no balcão e em alguns cantos das paredes. O ambiente era iluminado a meia luz, causando uma sensação de calmaria e aconchego. E, não, não tinha nenhum psicopata nos esperando atrás da porta.

  A May encontrou o café que veio buscar, pediu uma xícara dele e depois de experimentá-lo o amou, decidiu levar 700g dele para casa. Se eu sei que café era esse? Não. Se eu tenho alguma noção do que ele tem de diferente de qualquer um dos outros cafés do mundo? Também não sei. Mas, a May sabe, e as análises dela são ótimas e precisas. O que me resta é acreditar nela.

  Eu pedi um chá de frutas vermelhas e biscoitos de chocolate. Os chás estava maravilhoso e os biscoitos derretiam na boca. Uma combinação perfeita.

  Não passamos mais do que uma hora lá. Quando saímos a chuva tinha dado uma trégua, o que me tranquilizou.

  As meninas foram aparecendo na sala de estar depois de chegarmos. Conversamos por um tempo antes de nos arrumarmos para o jantar na casa dos meninos. Terminei de fazer uma trança no cabelo e olhei pela janela. Os galhos de árvores balançavam com o forte vento que estava lá fora. O céu estava mais escuro do que nos outros dias, e não parecia que viria uma chuva fraca. Isso tem cara de tempestade.

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