Capítulo 7

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P.O.V. Allye

Fazem dois dias que decidimos nos mudar para Buenos Aires e um dia que estamos no Brasil para buscar nossas coisas, apesar de que não iremos levar muita coisa, a casa ficará fechada, ainda com alguns pertences, assim quando visitarmos a vovó teremos um lugar para ficar.

No canto do quarto deixo a segunda caixa já repleta de objetos lacrada. Olho para o quarto, sua decoração está quase toda nas caixas empilhadas, parece sem vida, como se tudo que o fizesse ser um local aconchegante tivesse sido arrancado dele.

Começo a colocar os objetos que estão na minha penteadeira com cuidado em uma nova caixa, só restava ela com as últimas coisas que levaria. Analiso o frasco de perfume com formato de uma estrela quase no fim, o acomodo com cuidado.

Liyah: Precisa de ajuda?- me olhou encostada no batente da porta.

Lly: Não precisa, já acabei.- coloco uma pequena caixinha de brincos na caixa, a última coisa.

Liyah: As meninas queriam saber...

Lly: As meninas ou você?- a interrompo.

Liyah: Eu quero saber se você vai ir se despedir da vovó?- revira os olhos adentrando o quarto.

Cada uma delas reconhecem a minha avó como delas também, da mesma forma eu agia com as delas, dessa geração da família, quando digo família é tanto a de sangue quanto a que se formou pelas amizades, ela é a última. Minha avó, meu avô e os amigos deram início a tudo isso, somos assim hoje por causa deles, eles se uniram lá atrás, cresceram juntos e cuidaram de seus filhos e netos juntos. Lembro sempre de quando todos ainda estavam aqui, cada final de semana era em uma casa diferente. Passávamos o dia conversando, brincando e o mais importante comendo, tivemos sorte de ter avós boas na cozinha, não sei como continuavam todos magros. Nesses finais de semanas especiais nós nos reuníamos, os pais, os tios, as tias, os primos e muitos outros, só os que estavam sempre ocupados que apareciam vez ou outra. Não me recordo de quando começamos a fazer isso, mas foi do nada. Nos divertiamos bastante, sinto saudades dos finais de semana com todos juntos, das comidas feitas desde a parte da manhã, das mesmas piadas de sempre que nunca perdiam a graça, de como o almoço demorava para sair, do que era para ser um almoço se prolongando pela noite afora e pelo dia seguinte.

Volto para realidade com Liyah, estalando os dedos na minha frente.

Liyah: Ei, para de pensar no boy!- balançou levemente meus ombros.

Lly: Ficou maluca foi?- pisco algumas vezes- Colocaram soda cáustica na sua xícara hoje de manhã, é? Que boy?- a olho assustada.

Liyah: Maluca eu sempre fui, pergunta para Babi, foi ela quem fez o café hoje. E sim, em que boy você estava pensando, hein?- me cutuca na cintura.

Lly: Para!- digo rindo - Não tem boy nenhum.

Liyah: Ah não? E o Chris?- movimenta as sombrancelhas de baixo para cima com um olhar sugestivo.

Lly: O que? Não enlouquece! A soda que colocaram na sua xícara esta corroendo seu cérebro.- ando para trás.

Liyah: Tanto faz. Agora me responde!- anda em minha direção.

Lly: Responder ao que?- pergunto confusa.

Liyah: Definitivamente é a vergonha da família.- revira os olhos irritada.

Lly: Me respeita!- empurro ela na cama, que caí igual fruta do pé, ri da careta feita por ela.

Liyah: Vai ou não se despedir da vovó?- sustenta o corpo com os cotovelos.

Lly: Mas, que pergunta mais boba, essa a sua não?- digo ironicamente.

Liyah: Entenderei como um sim. Estou indo me arrumar!- sai do quarto saltitante.

Como OlvidarOnde histórias criam vida. Descubra agora