Capítulo 15

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P.O.V. Maya

  Olhei novamente a minha nova cafeteira. Ela é muito parecida com a antiga, é da mesma marca e da mesma cor, a diferença é que ela é mais moderna e com funcionalidades mais diversas.

  Confesso que fiquei muito abalada quando soube que a cafeteira que a minha avó me deu tinha quebrado. A Demi ficou tão triste e culpada pelo que fez que não conseguiu dormir direito, ela contou que passou grande parte da noite procurando pela cafeteira mais parecida possível com a antiga. Ela se esforçou bastante para se redimir. A culpa não foi totalmente dela, afinal a cafeteira tinha quase 10 anos de uso.

  Deito na cama com os pés ainda no chão, olho para o teto e suspiro. Sinto saudades dela, das vezes em que ela me acompanhava nas xícaras de café ao longo do dia, e das viagens que fizemos para conhecer novos cafés. Ela era apaixonada por café, e com certeza herdei isso dela.

  Três batidas na porta me trazem de volta para o presente.

May: Pode entrar. - me apoio nos cotovelos.

Erick: Posso mesmo? - coloca a cabeça entre o vão da porta que abriu.

  Arrumo a postura e levanto com agilidade.

May: Claro, pode entrar. - sorrio para ele.

  Ele sorri e abre a porta por completo. Assim que está dentro do quarto, olha cada parte com plena atenção e admiração.

Erick: O seu quarto é muito bonito. - elogia, anda na minha direção e se mantém a uma distância segura.

May: Sério? - arregalo um pouco os olhos, surpresa por ele ter achado o quarto bonito - Não achou mórbido ou escuro demais?

Erick: Não, eu achei bem bonito. Dá um toque diferente e parece combinar com você. Então, eu gostei bastante. - permanece me olhando nos olhos e sorri no final.

May: Isso me deixa feliz. Geralmente as pessoas acham sombrio. - desvio o olhar, envergonhada pela atenção que recebo.

Erick: Acho muito difícil eu não gostar de algo que seja seu.

  Fala simplesmente, sem a menor dificuldade, como se estivesse ditando as propriedades do café para mim. Engasgo com o ar e coro.

Erick: Essa é uma das razões para eu ter passado a gostar mais de mim. - ele só percebe que falou isso em voz alta quando me vê atônita de boca aberta, ele fica todo vermelho e sem jeito.

May: O...quê? - mau consigo fazer com que a voz saia.

Erick: É...Quer dizer...Bom... - seu desconcerto é grande, ele passa a mão na nuca, desvia o olhar e ri nervosamente.

May: Tudo bem, não precisa ficar tão constrangido. - falo baixo e encolho os ombros.

  Erick balança a cabeça, olha para todos os lugares menos para mim. Eu não faço muito diferente dele. Tento me recuperar e tomo coragem para olhá-lo, o que não se mostra muito difícil, ele ajuda bastante com esses olhos claros e cheios de emoções que me abraçam a cada vez que eles me encontram. Sorrio para ele, com isso ele parece relaxar e retribui o sorriso. Sinto uma manada de borboletas voando por todo o meu estômago.

Erick: Você tem muitos livros. - caminha até a prateleira onde os livros estão e começa a ler as lombadas e a passar os dedos por cada um deles - Qual é o seu favorito?

May: O meu favorito? - me posiciono ao seu lado - Sem dúvida alguma, esse aqui. - seguramos o livro ao mesmo tempo.

  Afasto lentamente a minha mão, sinto que o olhar dele está em mim, viro o rosto na sua direção e mantenho o olhar no dele. Nos segundos seguintes, o tempo e tudo ao redor parecem parar, nada mais tem movimento, nada mais chama a minha atenção além dele. Nem meu livro favorito em suas mãos, nem a minha nova cafeteira recém retirada da caixa. A única coisa que quero é continuar olhando para ele, a única coisa que consigo perceber, sem contar o meu coração acelerado, são os olhos dele notando cada partícula do meu ser.

Como OlvidarOnde histórias criam vida. Descubra agora