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ㅡ Vamos ajudá-los a carregar as caixas!

A voz feminina atravessa a sala, trazendo entusiasmo no tom. Changmin balança a cabeça, desejando estar tão ansioso quanto sua mãe. Ele não sentia nada.

Ao levantar a cabeça parar espiar ligeiramente, vê através da porta aberta sua mãe em uma conversa animada com outra mulher que aparentava ter mais ou menos sua idade, talvez mais velha que ela.

Ele apoia a cabeça na mão e relaxa o corpo outra vez, suspirando ao cutucar a plantinha em cima da mesa de centro.

ㅡ Bem, você diz pra ajudar e não parece estar ajudando...

Ji Changmin!

O coreano imediatamente acorda de sua distração e se levanta preguiçosamente, alcançando chinelos perto da entrada com os pés. O céu do lado de fora era tão azul que machucava seus olhos, e mesmo vestindo uma fina camisa azul escura com listras, o calor do sol, mesmo fraco, incomodava seu corpo. Ele detestava o calor. O próprio verão em si, para ele, era a pior época do ano.

Um caminhão enorme ali perto, trazendo móveis e inúmeras caixas de papelão de tamanhos variados em sua traseira, chama a sua atenção. Era a segunda mudança da semana naquela rua e sua mãe era a mais feliz com aquilo. Diferente de seu único filho, ela fazia amizades rapidamente e adorava conversar com os vizinhos novos, ainda mais quando vinham de um país tão longe, como era o caso da mulher com quem ela falava no momento. A notícia se espalhava rápido por ali. Changmin aperta os olhos por conta da luz do dia, ajustando os óculos à face enquanto uma expressão de desgosto dominava seu rosto.

ㅡ Ela não vai entrar tão cedo ㅡ murmura, desviando o olhar para os próprios pés.

Changmin arrasta os pés sobre a grama após decidir andar mais, sentindo as folhas fazerem cócegas em sua pele. Quis rir, mas segurou sua vontade. A parte traseira do caminhão lhe pareceu tentadora. Sua mão alcançou a lateral, sentindo o material desgastado em cada centímetro.

ㅡ Oi, pequeno.

A voz que surge de repente faz Changmin dar um salto. Ao olhar para o lado, vê um garoto de cabelos castanhos que usava uma blusa verde escura com listras da cor do vinho. Estava sorrindo, e aparentemente tinha mais ou menos a sua idade.

Changmin leva a mão ao peito, sentindo o próprio coração batendo forte.

ㅡ Quem é você? ㅡ ele junta as sobrancelhas ao perguntar, sem esconder sua infelicidade.

ㅡ Sou o Kevin, acabei de me mudar ㅡ diz e aponta para a casa ao lado, depois mantendo as mãos juntas atrás do corpo. ㅡ Assustei você?

Changmin o olha com desgosto.

ㅡ Não me chame de pequeno.

Changmin se vira para frente, convencido de que havia derrubado todo o bom humor do outro. No entanto, seu sentimento de vitória é derrubado quando ele ouve uma risada leve logo atrás de si. Seu peito aperta, mas por uma sensação de raiva. Kevin dá alguns passos a frente com o mesmo sorriso calmo, quase irritante para Changmin.

ㅡ Desculpe, não quis ofender você. É só que... foi um pouco inevitável.

Kevin ergue os ombros e inclina a cabeça. Seus olhos naturalmente pequenos ficam ainda menores ao tentarem se proteger do brilho do sol. Changmin sobe os olhos lentamente, tendo que inclinar a cabeça um pouco mais para achar o rosto do outro, que provavelmente tinha uns seis centímetros a mais que ele. Com certeza era evitável, não importa o quê.

No entanto, ele não reclama. Não sente vontade.

ㅡ Tanto faz, Kevin.

ㅡ Não vai me dizer seu nome? ㅡ Kevin pergunta, se inclinando um pouco para frente.

Changmin passeia os dedos no material velho e então para, abaixando o braço e fitando o chão. Um segundo depois, fita o rosto alheio de volta.

ㅡ Não ㅡ e se vira, caminhando para longe do novo vizinho.

A carga do caminhão já estava posta ao chão. Se lembrando do pedido de sua mãe, Changmin desvia das caixas maiores e alcança duas médias, depois empilha uma sobre a outra. Era fato que ele não estaria fazendo aquilo se sua mãe não o incentivasse. Ela era a vizinha gentil que recebia bem as pessoas novas na rua, não ele.

O coreano inclina o corpo e posiciona as mãos nos lados da caixa inferior, e na hora de erguer, acaba precisando fazer mais esforço do que havia imaginado. Tenta controlar a respiração, que logo acelera, focando em dar passos cuidadosos a caminho da entrada da casa alheia, já que a caixa na parte de cima cobria completamente sua visão. Quanto mais se aproxima da entrada da casa alheia, porém, mais ele conclui que não conseguiria dar passos rápidos descuidados nem se quisesse; jamais teria força o suficiente pra isso. Ao repousar as caixas no chão com o máximo de esforço e cuidado, o alívio finalmente retorna ao seu corpo e aos seus membros superiores, embora ele ainda se sentisse sem fôlego. Antes que possa respirar direito, Kevin surge ao seu lado e deixa uma grande caixa na calçada da frente. Seu olhar pousa sobre o rosto do coreano, e Changmin se atenta para o que quer que ele fosse dizer, esperando ser provocado pelo seu quase fracasso e falta de força. No entanto, Kevin apenas sorri pequeno.

ㅡ Mandou bem, pequeno.

Kevin pisca e ergue o corpo outra vez, sumindo de seu campo de visão. Changmin abre a boca para falar algo, mas sente que todas as palavras em sua mente sumiram. Ele se põe em pé desajeitadamente e limpa as mãos nas calças, se esforçando ao máximo para se manter inexpressivo enquanto retornava a sua casa. Talvez porque um sorriso estivesse insistindo em surgir em seus lábios.



୨୧



ㅡ Ele é doido, não é?

Changmin desliza o dedo indicador sobre a borda do seu caderno, debruçado sobre a mesa de centro da sala. Havia visto sua mãe se despedindo de Kevin e de sua nova vizinha, a senhora Moon. Sua mãe retira os sapatos e fecha a porta atrás de si.

Ele eu não sei, mas a mãe com certeza. Disse que saiu do Canadá para vir para cá, acredita? Uma cidade tão simples como esta... não há nada interessante aqui. Que desperdício de viagem.

A mãe de Changmin segue até as escadas, parecendo espantada por completo. No entanto, o motivo da viagem deles não lhe interessava realmente. Não era tão enxerido ao ponto de se importar com o que as pessoas faziam ou deixavam de fazer, ou para onde iam em suas viagens. Com um suspiro pesado, ele abre o caderno e passa os olhos pelas notas musicais ali escritas, desejando que as aulas das quintas-feiras chegassem logo e ele pudesse se concentrar apenas no som do piano, e não em seu tédio, ou sua falta de razão para existir. Ou em sua melancolia.

O sol brilhava do lado de fora, mas era como se o inverno nunca tivesse deixado seu corpo. Odiava expressar tristeza, então preferia não expressar nada. Receber olhares desinteressados era melhor do que receber olhares de pena.

Changmin deita a cabeça sobre o caderno aberto. Ao fechar os olhos, imagina seus dedos correndo sobre as teclas. O preto e o branco. O som melodioso que parecia falar mais do que qualquer palavra que já havia saído de sua boca. Ele abre os olhos com o som da campainha tocando, sem saber se havia cochilado naquele meio tempo ou não. Ouve os passos de sua mãe. Ao levantar a cabeça, não precisa olhar na direção da porta para ver quem era. A voz da senhora Moon chega em seus ouvidos com familiaridade, mesmo que ele não entenda bem o que ela diz. Sua mãe, no entanto, fala um pouco mais alto.

ㅡ Precisa de ajuda com o piano? Posso pedir ajuda para você, sem problemas.

O olhar dele se vira na direção da entrada de imediato, mas seu coração acelera ainda mais quando descobre que Kevin está ao lado da mãe, olhando em sua direção.




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oiiiii, como vão?

espero que tenham gostado, é a minha primeira fanfic deles e eu tô suuuper super animada
não esqueçam de votar e comentar bastante!!
se cuidem e um grande beijo, até mais♡

summer heat • kevkyu᠉Onde histórias criam vida. Descubra agora