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Changmin mal dormiu naquela noite.

Revirava para o lado e para o outro, sentia os olhos arderem e o coração pulsar. Sussurrava que não aguentava mais, que queria poder desaparecer. Tampava os ouvidos com o travesseiro como se as vozes gritantes de seus pensamentos estivessem do lado de fora. Quem o dera.

Na manhã seguinte, sentia falta dele.

Durante o café da manhã, imaginava que ele fosse entrar pela porta e o cumprimentar com um bom dia. Sua mãe via que ele parecia distante durante a manhã inteira, mas decidiu não interferir. Quando Changmin se levanta, sua mãe o segura e diz "faça o que for melhor". Mas Changmin não sabia o que era melhor.

Sozinho em seu quarto, se lembrava de estar no quarto de Kevin. Se lembrava de seu cheiro e seu calor. Levava as mãos aos lábios, mas não lembrava de seu gosto. As horas longe dele pareciam meses. Não era nenhum exagero.

Changmin não viu a tarde chegar. Nem queria. Leu partituras, tentou se preparar para a aula do dia seguinte, mas não conseguia se concentrar. Pensava em Juyeon. Relembrar da cena de uma perspectiva de fora aumentava sua culpa. Como ele queria que Juyeon tivesse agido? Que ajoelhasse a seus pés e dissesse "humildemente peço sua licença para falar com Kevin"? Changmin ri do próprio pensamento, mas aquilo não tinha graça. Kevin não estava com ele. Kevin, que era como um girassol. Kevin, lembrava o amarelo. Mas o mundo de Changmin estava cinza.

୨୧

O chegar do fim da tarde o fez lembrar do aniversário de Nina. Havia se divertido, rido alto em meio a uma multidão. Sequer se lembrava da última vez em que havia experenciado aquilo. Kevin o trouxe um lado que nem ele mesmo conhecia. Quando estava ao seu lado, conseguia se lembrar de como era quando sua mente não estava lotada de pensamentos negativos. Changmin se tornava bem humorado, sonhador, romântico. Tipo de um jovem apaixonado. Ele achava que estava.

Mas, Kevin sentia o mesmo?

O céu sobre os fundos da casa estava começando a escurecer. A pergunta que fez em pensamento o fez direcionar os olhos para a casa ao lado. Uma dor atinge seu estômago. Sentia que poderia morrer.

Atravessando a grama que estava voltando a crescer, Changmin alcança a cerca. Surpreendente, escuta o barulho do piano, mas a janela está trancada com o vidro embaçado. Apertando as mãos contra a madeira, Changmin decide não escutar a lógica e remove a tábua mais solta, deixando-a de lado. Ele passa pela abertura e caminha até a porta dos fundos, a qual estava levemente aberta.

Changmin atravessa o corredor. Não parece haver ninguém na casa. Tudo está escuro e as portas ao longo dos corredores estão trancadas. A única luz fraca vem de uma porta semiaberta. Do mesmo lugar, o som do piano ecoa.

Aproxima-se devagar e espia o lado de dentro da sala. Kevin está de frente, mas seus olhos estão fechados. A sala é somente iluminada pela luz fraca que vinha do vidro, dando ao ambiente um tom quase melancólico. Aquilo não estava certo. Os dedos de Kevin são ágeis, como as de um verdadeiro profissional, mas a melodia que ele toca é dramática, tensa, como a trilha sonora de um filme em que você sabe que uma tragédia está prestes a acontecer. A música ganha seriedade, tons de angústia e de tristeza. O tom grava aumentando rapidamente, a melodia chega ao seu ápice, então retorna às notas mais leves. Changmin engole o choro que inflamava sua garganta e empurra a porta.

A melodia agora suaviza, Kevin sabe exatamente quem está ali.

ㅡ Tocando o que está em seu coração ㅡ Changmin sussurra, mais para ele mesmo do que para Kevin.

ㅡ Achei que iria embora.

O comentário poderia ter sido amargo, mas não foi. Kevin tinha um tom triste, e seus olhos permaneciam fechados. A música não parou em nenhum momento, sua concentração era admirável aos olhos de Changmin. A melodia era calma, mas melancólica.

summer heat • kevkyu᠉Onde histórias criam vida. Descubra agora