Capítulo 7

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• Fernando •

Lorenzo não fez birra ao me ver pronto para viajar, pelo contrário, ficou me dando recomendações como se ele fosse o pai e eu o filho. Meu pai se divertiu ao incentivar o meu menino a guardar remédios na minha bolsa e me emprestar sua toalha da sorte para que nenhum tubarão me pegasse no mar ou me perdesse nas enormes florestas do Rio de Janeiro. Todos pareciam ansiosos com a minha viagem como se estivessem felizes em me ver pelas costas.

Meus pais, irmã, cunhado e meu filho me levaram ao aeroporto para garantir que iria chegar bem e com certeza, checar se eu não desistiria de embarcar para o Rio de Janeiro.

A primeira classe me ofereceu um suco de maracujá para me fazer dormir. Na certa, devo ter irritado as aeromoças reclamando porque estava nervoso. Não era culpa delas. De bonito, devo ter virado o chato da poltrona 5A. Quando pousei, respirei fundo dando graças por chegar vivo. Odiava voar. Aviões me deixavam em pânico desde a primeira turbulência grave que enfrentei aos doze anos de idade.

Pisar em terra firme foi bem refrescante, era de manhã, mas já dava para sentir a diferença do clima.

Um cara moreno, magro e alto estava me esperando com uma plaquinha. As instruções da agência era que encontrasse um homem chamado Thiago. E era justamente ele, com uma risada engraçada, que me levou até um hotel mundialmente famoso no bairro Copacabana e me instalou na cobertura de frente para a praia. Era o lugar mais lindo que já tinha visto na vida.

Depois de avisar a minha família que estava bem, aproveitei para tomar café da manhã no restaurante com o grupo de pessoas que Thiago apresentou como meus amigos de turismo, que era composto por um casal canadense, Peter e Lory. Tinha a assistente dele, chamada Helena, uma morena alta e extremamente bela, um rapaz chamado Stefano, que era um italiano que falava inglês de uma maneira muito engraçada e tinha mais uma mulher chamada Maiara, que Thiago iria buscar no aeroporto na parte da tarde.

Eles pareciam pessoas legais que me acompanharam à praia logo após as apresentações. O mar era incrível, um pouco gelado, mas estava calor demais para poder reclamar. Era perfeito na temperatura. Thiago indicou um cara para ensinar Stefano e eu no surf. Aceitei. Antes de ser pai, eu faria muitas loucuras, mas eu me mantinha contido para ter uma história para contar quando voltasse para o meu filho.

Nosso grupo continuou reunido para o almoço e Thiago saiu, avisando que ia buscar a última integrante e que nos veríamos à noite no bar do hotel para planejar o dia seguinte. Ele iria nos levar em um ponto turístico pela manhã e organizar os horários. Tínhamos a tarde livre para fazermos o que quiséssemos. Estava me sentindo queimado o suficiente, tirei algumas fotos da praia para deixar registrado da viagem e deitei para tirar um longo cochilo, até porque estava ali para relaxar e deixar minha mente descansar.

Acordei suado, olhando para a porta da varanda aberta, percebendo estar de noite, a brisa fresca do mar batendo na minha pele me fazendo sentir gelado. Tomei uma ducha rápida e me arrumei para a noite no hotel porque estava quase na hora.

A primeira coisa que fiz ao descer foi pedir um uísque com gelo e perguntar se podia tocar o piano que estava no canto.

O bom rapaz perguntou gentilmente se sabia tocar e tive que provar com uma música para me deixarem continuar. Aos poucos foram chegando pedidos dos convidados e eu toquei o que sabia, divertindo as pessoas ao meu redor, relembrando como era bom relaxar com as melodias. Alguém pediu Yellow do Coldplay e fiz uma careta, pronto para negar, quando ela entrou. Uma mulher com longos cabelos ruivos que brilhavam através das luzes amareladas das velas e das próprias lâmpadas baixas, deixando seu tom de pele parecer mágico.

Tive a sensação de que tocá-la seria sentir como é uma seda pura.

Seu corpo dotado de curvas lindas estava coberto por um vestido branco, com flores amarelas, que abraçavam a cintura fina e empurravam os seios médios e redondos pra cima como duas almofadas. Todos os homens daquele bar estavam olhando-a porque a mesma encolheu os ombros como se não soubesse o que fazer. Quando nossos olhares se encontraram, percebi estar cantarolando a música enquanto tocava com algumas pessoas ao meu redor curtindo o som.

Por acaso: Mãe Onde histórias criam vida. Descubra agora