Capítulo 32

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• Maiara •

Acordei em um dia da semana, resolvendo que precisava de frutas para comer no café. Liguei para Maraisa, querendo saber que horas iria sair do plantão, avisei que passaria no mercado e iria para o trabalho mais tarde. Na rua, caminhei sem pressa, parei em uma barraca de queijo de cabra, comprando um pedaço e olhei ao redor por costume, mas não encontrei nada. Comprei os meus alimentos e fui embora para casa sem nenhuma parada.

Meu andar estava vazio e silencioso. Já tinha reclamado com o síndico sobre a portaria sempre aberta e o fato de estar sem segurança me incomodava muito. Estava até pesquisando algumas empresas de alarmes, Maraisa e eu colocamos câmeras por conta própria.

Entrei em casa depositando as coisas no balcão, virei e vi um vulto. Soltei um grito e joguei o vaso da entrada na pessoa que estava ali, eu o conhecia bem e a expressão de seu rosto, alterada, a maneira que suas roupas estavam desalinhadas me deixaram em alerta de que não era uma visita amigável. Meu segundo grito morreu na garganta porque uma pancada dolorosa em minha cabeça fez tudo ficar escuro.

Maraisa: Maiara? Maiara? — Maraisa estava em cima de mim, mas só conseguia ver tudo embaçado. Tinha outras vozes. — Aqui! No quarto! — ela gritou para alguém. — Maiara!

XX: Ok, Maraisa, afaste-se. Vamos cuidar disso.

Maraisa: Ela está grávida de oito semanas, por favor, tenham cuidado. — Ouvi a voz da minha melhor amiga soando aflita e apaguei novamente.

Fiquei indo e voltando, ouvindo algumas vozes, outras coisas incoerentes. Sabia que estava em um hospital e que tinha alguém fazendo minha dor de cabeça passar. Eu estava com sono e sem vontade de abrir os olhos, do contrário, choraria. Maraisa estava ao meu lado o tempo inteiro, falando com meus pais e depois, eles estavam ali comigo.

Mamãe estava histérica. Ela nunca lidava bem com as coisas. Papai parecia mais calmo, porém, queria falar com a polícia a todo custo. A agitação deles só fazia a minha cabeça doer ainda mais.

Maiara: O bebê está bem?

Percebi que meus pais ficaram em silêncio no mesmo instante. Não quis contar a eles antes de o próprio pai saber, principalmente porque enfrentaria o julgamento da minha mãe de ter engravidado fora do casamento, mesmo tendo trinta anos, uma carreira estável e sendo dona da minha vida.

Marco César: Você está grávida? — Papai ofegou e apenas assenti. — Oh, querida.

Almira: E quando iria nos contar, Maiara? — Mamãe colocou as mãos na cintura.

Maiara: Quando fosse o momento certo — rebati com calma e os olhei, sentindo dor. — Se Cesinha sabe, preciso ligar para Fernando. Antes de tudo, meu bebê está bem?

Maraisa segurou minha mão e apertou.

Maraisa: Está tudo bem com você, foi uma pancada forte na cabeça e precisará ficar em observação.

Maiara: Eu não acredito que isso aconteceu. — Esfreguei minhas têmporas.

Almira: Esse lunático vai ser preso — mamãe garantiu com um estalo na língua. — Só de pensar que esse idiota esteve na nossa casa, dizendo que havia mudado e eu...

Maiara: Não é um bom momento para culpa, mãe.

Até porque, eu fui a única a viver com ele por oito anos, então, seria a maior culpada de todos. Ela suspirou e deu um beijo na minha testa. Depois de ligar para Fernando, mal conseguir falar com ele e ser atendida por outro médico, fechei os olhos precisando descansar e tentar fazer a dor diminuir. Em algum momento, acabei dormindo de verdade por efeito dos remédios.

Por acaso: Mãe Onde histórias criam vida. Descubra agora