Capítulo 5

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• Maiara •

Meu peito parecia que ia explodir. A linha da rua se confundia com o céu no horizonte e tornou-se impossível controlar minha respiração quando percebi que a resposta da pergunta para Maraisa era dolorosa demais para suportar. Passei uma semana inteira com a cabeça doendo e o coração também, pensando nos motivos pelos quais ainda estava com Luiz. A conclusão era: a ideia de um casamento que não iria acontecer e se acontecesse, jamais seríamos felizes.

Luiz queria uma Maiara que não existia. Foi fácil me moldar porque passei a vida inteira não sendo o que minha mãe queria. Ela preferia uma filha mais doce, obediente, que fosse mais baixa e mais magra para parecer mais delicada. Ela me transformou em alguém visualmente agradável para não sofrer tanto preconceito e por mais que soubesse que foi para me proteger, fez com que me tornasse vulnerável para Luiz me pedir para perder mais peso, para malhar mais, para encolher a barriga em cada evento que íamos.

Eu nunca briguei quando ele sugeriu uma rinoplastia. Sabia que era bonita, meu corpo era atraente, meu estilo era bonito e sofisticado, mas nunca parecia ser o suficiente. Com o passar dos anos, Luiz foi tirando pequenos pedacinhos que sequer desconfiei e a ausência deles me tornou uma mulher em ruínas. Alguém que ficava se encolhendo para que outro pudesse crescer.

Era sobre agradar a mãe dele e nunca ter uma briga, afinal, eu tinha a obrigação de corresponder às expectativas da filha que ela nunca teve. Eu tinha que ouvir suas críticas, seus conselhos não solicitados e aturar suas opiniões sem questionar, porque para Luiz, era muito importante que me desse bem com sua mãe e eu, por algum motivo, em dado momento do nosso relacionamento, a mulher forte que diria foda-se, aceitei caber dentro de uma caixinha.

Por que ainda estávamos juntos se claramente o casamento não iria acontecer? Luiz estava confortável com o noivado porque eu não era boa o suficiente para ser sua esposa, o que eu tinha já não era motivo de orgulho, nem mesmo até onde cheguei na minha carreira por mérito e não por nenhum nepotismo maldito.

Por que ainda estávamos juntos se não havia amor?

Eu cresci entendendo que amar o outro era ceder, mas isso não é a verdade. É preciso mais de uma maneira que nunca fui educada e não era capaz de enxergar ainda. Mas era meu fim com Luiz e o pior de tudo, meu estômago estava embrulhado com a ideia de ser aquela a dar o passo final, porque de repente, a pergunta de Maraisa tirou um céu de bronze acima da minha cabeça e enxerguei muitos motivos pelos quais já não estávamos juntos há muito tempo.

Ele me deixar sozinha sempre que eu precisava de um abraço, mas exigir que estivesse ao seu lado a cada crise de ansiedade, o que eu ficava de todo meu coração por acreditar fielmente que um casal deveria suportar tudo juntos. Todas as vezes que a mãe dele o chamou e ele me largou, até mesmo em festas de amigos, no meio da rua, para voltar para casa sozinha e quando fiquei doente, tendo Maraisa cuidando de mim a todo momento e Luiz simplesmente foi fazer compras na Disney com a mãe porque ela não podia ir sem o filho.

Por todas as decisões da nossa vida que ele tomou sem mim, como se a minha opinião nunca fosse importante, indo de restaurantes a eventos importantes da nossa vida a dois. Luiz decidia até mesmo como eu iria gerenciar a minha carreira e só de pensar nisso, sentei em uma calçada qualquer, suada, ofegante e sem me importar que sujaria minha roupa. Uma das minhas vizinhas abriu a porta e perguntou se eu precisava de ajuda, ela era uma das poucas pessoas amáveis ali.

Oferecendo-me água, levou-me para casa e entrei no lar que compramos para vivermos juntos para sempre. Estouramos champanhe, prometendo que nos casaríamos em seis meses, porque ali era o lugar que daríamos start às nossas conquistas pessoais. Luiz parecia sentir orgulho de contrariar meus pais, porque eles foram contra a compra da casa antes do casamento e meu pai o fez assinar um contrato relacionado aos nossos bens. Luiz era de família rica e eu ouvi que minha família queria dar um golpe por vários meses até que ficou claro que eu dei o valor da metade da casa assim como ele.

Por acaso: Mãe Onde histórias criam vida. Descubra agora