• Fernando •
Maiara: Ei, acorda dorminhoco... — Maiara sussurrou e ouvi a risadinha de Lorenzo ao meu lado. — Seu pai dorme como um urso.
Fernando: Eu sei, e a culpa é totalmente de vocês — resmunguei, colocando meu braço acima do meu rosto e ela riu, tirando. Fui obrigado a abrir os olhos e me assustei com os dois bem próximos a mim. — O que foi? Reunião de família a essa hora da manhã?
Lorenzo: Por que a culpa é nossa, papai? — Lorenzo perguntou, franzindo a testa pra mim.
Fernando: Porque você chuta e ela fala — respondi, encolhendo os ombros e ambos assentiram em entendimento, sem culpa.
Maiara: Combinei com meus pais de fazer um passeio de turista hoje, com meu irmão e cunhada. Topa? Ou tem outro compromisso? — Ela me deu um beijo suave na testa.
Fernando: Sério? Nós precisamos levantar e comer. — Soltei um bocejo.
Maiara: Está com tanto sono assim? — Maiara continuou rindo. Eu a amava demais para não me importar com seu falatório nas últimas noites. Estava ansiosa e agitada. Depois iríamos conversar. Primeiro, passeio em família.
A correria da manhã passou a fazer sentido com Maiara. Dividir as tarefas com ela tornou tudo melhor. Lorenzo ficava mais calmo e eu menos agitado, todos conseguiam ficar prontos no horário. Era impressionante o quanto ela conseguia lidar com coisas que eu me sentia perdido de uma maneira simples, natural e com um sorriso no rosto.
Escolhemos uma confeitaria tradicional no centro para tomar café com os pais dela, era uma das mais conhecidas da cidade. Assim que chegamos lá, tinha fotógrafos tirando fotos de Cesinha e Milena, depois tiveram conhecimento da minha pessoa. Claro que isso iria para a manchete da manhã seguinte, mas não me importei muito.
Cesinha não estava envolvido no caso e nós éramos livres. Ele era um funcionário de mídia, não financeiro. Seus pais chegaram pouco depois, encontramos uma mesa e fizemos nossos pedidos. Lorenzo ganhou lápis de cor para desenhar em uma grande folha, o que o deixou ocupado, sem perguntar a cada dois segundos se a comida estava chegando.
Marco César era um homem robusto, cabelos pretos e olhos castanhos como a filha, e um bigode engraçado que o deixava com o ar de sério. De longe dava para saber que era um pai zeloso e de olhar avaliativo com quem ficava perto de seus filhos. Ele não me deu nenhum momento ruim, foi simpático como a esposa.
Almira me proibiu de chamá-la de senhora. Eles preferiram que os chamasse pelo nome, ficava mais simples. Ambos pareciam estar à vontade comigo e com a minha família. Maiara ficou com eles a maior parte do tempo, mesmo que Lorenzo estivesse ao seu redor pentelhando e querendo atenção. Ele também gostou de Marco César, foi completamente doce e simpático. Agora ele tinha novos avós. Vovó Almira e Vovô Marco César. Pedi desculpas pela ousadia da minha criança, mas fui veementemente repreendido e ignorado.
Maiara era a versão feminina de Marco César e Cesinha a versão masculina de Almira. Era tão nítido que chegava a ser engraçado. E ainda tinha Milena, a baixinha falante.
Maiara empurrou o prato pela metade e me lançou um olhar feio com beicinho, não resisti e roubei um beijo, ela sorriu acariciando minha nuca.
Deitou a cabeça no meu ombro e ficou tranquilamente brincando com meus dedos enquanto Lorenzo contava suas famosas histórias que só ele entendia.
Maiara: A imaginação dele é algo incrível — Maiara comentou com os pais. — Esses dias ele acordou e sonhou que estava voando em um parque e que depois, ele se tornou uma nuvem. Um novo disfarce do Batman.
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Por acaso: Mãe
أدب الهواةMaiara Carla Pereira sabia o que queria e quando queria. Decidida e ambiciosa, escondia dentro de si uma garotinha sonhadora, que tinha planos comuns e românticos, julgados no meio em que vivia e principalmente, no futuro que almejavam para ela. Pub...