Capítulo 22

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• Fernando •

Lorenzo: Pai, o que é isso? — Lorenzo perguntou, sacudindo a caixa do piano com força.

Fernando: Devagar! Isso quebra! — disse alto e ele parou na hora. — Abra e veja. Maiara me deu de presente lá em Paris. Você vai gostar!

Lorenzo: Ah, sim... Um piano! Que legal! — Ele soou admirado e sorriu. — Nós devíamos comprar um piano. Você só toca na casa da vovó. Temos que ter um em casa!

Fernando: Nós não temos espaço em casa, mas se você quiser, posso contratar uma professora para você e quando chegar para te buscar na sua avó podemos treinar um pouco.

Lorenzo: Legal! Eu quero! — Levantou a mão e batemos juntos.

Minha viagem de volta foi tranquila. Trabalhei os últimos dois dias e já era domingo. Passamos o dia inteiro na casa dos meus pais e distribuí tudo que tinha comprado de presente para minha família. Exceto os de Tati e Beto. Eles só viriam durante a semana e ficariam até o outro domingo. Era o aniversário de cinquenta e cinco anos do meu pai na próxima sexta-feira. Mamãe preparou uma pequena festa com familiares e amigos íntimos.

Eu ainda estava no modo feliz em excesso pelos dias excelentes ao lado de Maiara e com saudades dela novamente. Nossa despedida foi difícil. Em compensação, não tinha mais aquela incerteza e insegurança de antes. Fui até lá provar que estava disposto a arriscar tudo e tentar um relacionamento, não importando o quão louco aquilo seria. Ela estava mais calma, menos chorosa, talvez um pouco bicuda, resmungando sobre estar mal acostumada em ter-me sempre ao lado.

Lorenzo passou seus dias na ONG, lá tinham outras crianças para brincar. Mesmo que estivesse chateado com minha mãe por ceder e deixá-lo perder tantos dias de aula, ficava bem pela felicidade dele em correr e ralar o joelho como uma criança normal. Eu não tinha tempo de deixá-lo brincar com um amiguinho. 

Nós dois ficávamos muitos juntos e vivíamos sozinhos a maior parte do tempo. Não queria ser o único amigo do meu filho. Ele tinha que ter alguém da idade dele para poder extravasar a energia mal contida.

No momento, Lorenzo estava pulando na cama. Saltando com força. Terminei de dobrar suas roupas limpas e deixei de lado para guardar depois. Limpei o canto da mesa do escritório e coloquei o piano ao lado de um porta retrato com uma foto minha e de Lorenzo no Natal anterior. 

Ele continuava saltando na cama e ensaiando cambalhotas no ar. Eu tinha certeza de que Beto era responsável por aquele novo aprendizado perigoso.

O meu celular tocou e a chamada atraiu a atenção dele e saiu correndo. Lorenzo precisava ser o primeiro a falar com Maiara. A namorada do papai. Ela foi promovida de amiga a namorada durante minha viagem à França.

Ele conversou sozinho com Maiara, se familiarizando, para não estranhar a presença dela quando viesse passar longas temporadas comigo, conforme eram nossos planos. Estive trabalhando muito além do que deveria, a diferença era que ao invés de ficar no escritório, trabalhei em casa com ele pulando ao meu redor ou em cima de mim.

Lorenzo: Oi Maiara! — saudou animado, e ela riu. Sua risada musical aqueceu meu peito. Ela estava bem. — Tudo bem?

Maiara: Tudo ótimo e você? — ela respondeu suavemente e entrei em seu campo de visão. —  Oi, lindo!

Lorenzo: Eu e o papai estamos bem! — Lorenzo sorriu e olhou pra mim, que assenti confirmando sua resposta.

Fernando: Filho, vem aqui, senta no meu colo.

Como sempre, os dez primeiros minutos foram concentrados nele. Até que cansou de ficar parado e foi correndo para o quarto brincar com seus bonecos. E então, ela era toda minha.

Por acaso: Mãe Onde histórias criam vida. Descubra agora