Capítulo 38

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• Maiara •

Almira: Ela é tão linda! — Minha mãe balançou minha filha suavemente. — A filha da minha filha. Não existe nada mais emocionante que isso — disse com os olhos brilhando de lágrimas não derramadas.

Ser mãe era indescritível. Cecí realmente era a minha miniatura com os olhos do Fernando . Não tinha absolutamente nada nela que não fosse fofo e perfeito. Podia passar o restante da minha vida inteira admirando sua beleza. Todo meu amor pela vida e pelo mundo se expandiu, minha visão foi alterada para tudo.

Minha garotinha estava acordada e calma no colo da minha mãe, com meu pai pendurado em seu ombro. Filomena e Sérgio estavam em pé atrás deles. Os avós estavam literalmente afogando meu bebê de tanta baba. Fiquei preocupada que Lorenzo sentisse ciúmes da irmã, afinal, ele sempre foi a única criança da casa, acostumado a dormir entre nós dois e ter atenção exclusiva.

Mas ele parecia aliviado. Minha criança não era um demônio, mas era um pestinha. Estava aprontando todas só porque tinha a distração da irmã. Encontrei-o pendurado na cortina porque estava brincando de homem aranha. Um dia, ele ainda me daria um ataque cardíaco.

Como no momento em que todos estavam observando Cecí, ele estava com o skate novo no corredor de cima, sentado nele e andando rápido, chegando a meio passo do primeiro degrau da escada. De onde estava sentada podia vê-lo aprontar e me deixar arrepiada toda vez que quase caía. E quando chegou perto novamente, perdi minha paciência.

Maiara: Lorenzo! Pare com isso. Você vai cair. Brinque com outra coisa e peça a seu pai para te levar lá no parque mais tarde.

Lorenzo: Tá bom, mamãe. — Inclinou a cabeça, me dando um sorriso torto e piscando.

Tão parecido com o pai.

Marco César: O garoto é muito charmoso. — Papai pontuou com um sorriso.

Maiara: Ele é, sim. — Suspirei, observando-o enquanto descia a escada e sentava na outra ponta do sofá. — Vou amamentar sua irmã, quer vir comigo?

Lorenzo: Sim, mamãe. — Lorenzo segurou minha mão e peguei minha filha. Ela estava com os olhos arregalados para minha mãe. Devia estar pensando: Quem é essa mulher peculiar que não para de me apertar?

Maiara: Vocês podem colocar a mesa? Fernando deve estar chegando com a comida.

Filomena: Eu faço isso — Filomena disse, indo para cozinha.

Maiara: Faminta, filha? Mamãe vai resolver isso rapidinho.

O cheirinho de bebê dela era maravilhoso. Minha mãe subiu comigo até meu quarto, Lorenzo foi para o closet onde tinha uma caixa com alguns brinquedos e pegou um boneco, sentando no chão. Escolhi a poltrona próxima ao berço portátil que ficava ali, assim ela dormiria um pouco.

Almira: Nunca imaginei que seria mágico ver minha filha com seu bebê nos braços. — Mamãe estava maravilhada. — Parece calma e no controle, na sua idade, eu estava com tanto medo de ser mãe e cheia de dúvidas...

Maiara: Sempre tive muitas dúvidas de mim mesma, era insegura, eu tinha você e Luiz alimentando boa parte dos meus medos e eu sei que por muito tempo, tive culpa em permitir. Ele, jamais vou entender os motivos, e os seus, estou feliz que estamos lidando com eles — respondi honestamente, olhando para o meu presente da vida. — Quando fui para o Rio de Janeiro, eu entendi o quanto era importante me amar e aceitar quem eu era, sem tirar nem por. Amar Fernando só foi possível porque eu me amei. E hoje, posso entender seus medos.

Por acaso: Mãe Onde histórias criam vida. Descubra agora