Percebi que o amava após se conhecermos há dois meses.
Tinhamos acabado de começar a ficar sério e em uma das madrugadas que ele passou no meu apartamento, depois de mais uma vez chegar tarde da faculdade, o encontrei adormecido em meu sofá com uma camiseta minha, uma presilha no cabelo, óculos quase caindo da ponta do nariz e nosso livro de poesia favorito aberto em seu colo. Eu sabia que ele estava me esperando para lermos mais um poema daquele imenso livro, assim como haviamos feito em algumas outras noites.
E foi ali que eu percebi, que mesmo se conhecendo há tão pouco tempo, eu o amava com todo o meu coração.
Percebi que o amor não tem data, hora, lugar e que muito menos vem com aviso prévio de que você vai se apaixonar. Ele simplesmente bate em sua porta. Você pode ignorar, fechar a porta em sua cara, ou deixá-lo entrar. Correr o risco de ter seus melhores ou piores sentimentos.
Eu abri a porta, convidei para entrar e se sentar, ofereci algo para beber e ele nunca mais foi embora.
Acordo e vou dormir todos os dias com meu amor ao meu lado, e eu não poderia ser mais grato por ter tomado essa escolha.
Me lembro da primeira vez que me apaixonei.
Eu era um garoto imaturo e jovem que não sabia nada da vida e do mundo lá fora, mas agia como se soubesse e estava pronto para tudo que viesse. Pois é, eu estava errado.
Ainda era colegial e um dia um dos garotos populares me chamou para sair. Ele era doce e bonito, tinha muitos pretendentes e eu não conseguia entender o que ele havia visto em mim.
Ele me tratou bem em todas as vezes que nos encontramos, e cada vez mais se mostrava uma pessoa gentil e interessante de se conhecer. Mas eu era um garoto tolo. A partir do momento em que quando olhava para seu rosto e o meu coração acelerava, ou enquanto tentava estudar seus olhos vinham a minha mente, eu fugi.
Parei de responder suas mensagens e comecei a evitá-lo no colégio.
Queria me apaixonar, via o amor e paixão em meus livros favoritos de poesia e só ficava cada vez mais curioso e ansioso para sentir essa sensação. Mas eu mesmo me sufoquei em minha insegurança e minhas dúvidas, e sem querer deixei o medo matar minha paixão.
Anos depois, já na faculdade, encontrei o garoto em uma festa. Pensei que estaria furioso ou que nem olharia em minha cara.
Ele quem veio até mim pedindo desculpas. De início não entendi, mas aparentemente ele havia feito o mesmo comigo. Estavamos tão presos dentro de nossos medos e inseguranças que nem percebemos as atitudes do outro.
Prometi depois dali, que mesmo que novas experiências me assustassem, eu esperaria elas terminarem para tirar uma conclusão.
Mesmo que rápido, posso ter demorado a perceber meu amor por você. Não foi um amor de primeira vista.
Foi um amor de primeira, segunda, terceira e infinitas vistas. Cada vez que eu o olhava só conseguia sentir meu peito apertar um pouquinho mais e logo em seguida surgir um pequeno sorriso em meus lábios. Aquela sensação de conforto. Principalmente quando via seu sorriso direcionado a mim. Ah, como ele lembra casa.
Posso falar que seu sorriso tem aparência de lar, mas seus olhos que refletem amor. Seja o meu amor que tenho por ti, ou o seu que tem por mim, ou por qualquer um que ama.
A cada dia que posso passar ao seu lado, percebo mais como cuida dos outros e de tudo ao seu redor. Como distribuí amor para quem está disposto a tê-lo, ou não, em sua vida.
Antes achei que seu amor bateu em minha porta e eu o convidei para entrar, porém hoje sei que ele entrou sem convite, tomou conta de parte do meu espaço para si e não foi mais embora.
*
"I was a flight risk with a fear of falling
Wondering why we bother with love if it never lasts"-Mine, Taylor swift
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grapejuice - l.s
FanfictionCafés, flores, pores do sol, poesias, vinhos e muitas madrugadas. *Esta é uma estória curta de ordem não tradicional na qual mostra eles já juntos e apenas alguns de seus melhores momentos.