capítulo sete

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Mais uma prova do seu amor por mim foi quando eu fiquei doente por uma semana, e você ficou ao meu lado cuidando de mim. Até que na outra semana, você estava doente e era minha vez de cuidar.

Amo frio e chuva, mas as vezes odeio Londres por suas gripes incontáveis.

A desgraça começava quando alguém do seu ciclo aparecia com uma suposta renite alérgica, e então, no outro dia era você que aparecia com a tal alergia.

Eu costumava odiar ficar doente. Ter que passar uma semana acamado impossibilitado de fazer praticamente tudo, e depois passar dias correndo atrás de tudo que foi perdido durante a semana de enfermo.

Eu só costumava odiar.

Desde que começamos a namorar, quando um ficava doente, todos nossos compromissos eram desmarcados pelas próximas duas semanas. Quando o resfriado de um acabava, o outro já começava a espirrar.

Agora resfriados são a minha melhor desculpa para passar uma semana recebendo seu carinho e atenção o tempo todo. Beijinhos por todo o meu rosto sem ao menos se importar que o vírus iria passar para si mesmo.

Era uma quinta-feira quando eu cheguei em casa espirrando e reclamando de dor no corpo, e ao invés de se afastar, você só se aproximou.

Recebi comida na cama por uma semana, massagem em todo meu corpo e muita atenção e aconchego.

Não teve um dia sequer que você não dormiu agarrado a mim. Como em todas as outras noites.

E depois de uma semana. Foi a minha vez.

Você quem acordou no meio da madrugada suando frio e com o corpo pegando fogo.

-Harry, meu amor, venha. Você vai se sentir melhor. - eu disse

-A água tá muito fria, não quero. - ele resmungou em resposta

-Eu sei, meu amor. Mas para que sua febre diminua vai ter que ser assim. - eu continuei - Venha, eu entro com você.

Naquela hora não passou pela minha cabeça tirar o restante de roupa no meu corpo, e me molhando inteiro, tomamos aquele banho de água congelante juntos.

Poderia dizer que essa é a pior parte, mas pelo menos nós entramos numa gelada juntos.

Com muitos abraços e beijinhos, xaropes para tosse e comprimidos, a gripe ia cessando aos poucos.

Depois de duas semanas nós estavamos completamente saudáveis.

E então vinha a parte difícil: trabalhos atrasados e provas perdidas.

Costumávamos revezar nos estudos para que pudéssemos nos ajudar. Quando você tinha prova, eu lia seus cartões de respostas, e quando era a minha, você deixava post-its com a matéria anotados por toda a casa.

Em todos os espelhos, paredes e até nas garrafas de leite na geladeira.

Com as fichas não era muito diferente. Demorava uma semana inteira para encontrar todas as fichas feitas na semana de prova.

Abria uma bolsa, puxava um casaco no armário, no meio do sofá. Em qualquer lugar era possivel encontrar uma fichinha perdida.

E esta nossa rotina gostosa seguiu por todos os anos restantes de faculdade.

Mesmo que uma rotina estivesse sendo estabelecida, meus dias nunca eram monótonos. E caso fossem, pelo menos eles eram chatos e sem graça com você.

Tudo ao seu lado ficava um pouco mais tolerável. Seja as provas finais do semestre, dias onde a hora parecia não passar e até resfriados.

Se é ao seu lado, então o chato é aceitável.

E eu não mudaria absolutamente nada.

As vezes penso que talvez nós pudessemos ter nos encontrado antes, e assim ter vivido mais tempo ao lado um do outro, mas honestamente, eu prefiro assim.

Acredito que se algo nos ligou, eventualmente nós achariamos a outra ponta da nossa linha invisível.

E quando fosse pra ela se encontrar, iria acontecer. E aconteceu.

Nenhuma tesoura, faca, estilete, serra elétrica ou qualquer objeto afiado poderia cortar nossa conexão.

Nem agora, nem nunca.

*

"And isn't it just so pretty to think
All along there was some
Invisible string
Tying you to me?

- Invisible String, Taylor Swift

grapejuice - l.sOnde histórias criam vida. Descubra agora