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"A vida continua, fica tão pesada
A roda corrompe a borboleta
Cada lágrima, uma cachoeira"

•••

Emilly Spellman

Acordei sentindo o colchão afundar conforme os meus movimentos. Abri os olhos devagar e notei que estava em um quarto muito bonito, onde a cama ficava de frente à uma enorme janela que dava visão para uma vista incrível da cidade.

Ah, Londres... se soubessem das tuas maiores sujeiras. — pensei.

Respirei fundo e levantei-me, e caminhei para o banheiro que havia ali. Fiz minhas necessidades e depois saí do quarto. Caminhei tranquilamente pelo corredor, até achar Henry que estava na sala de jantar.

— Bom dia, Emilly... — ele disse assim que me viu. — Dormiu bem?

— Não dormia bem há meses... — dei uma risada sincera e ele me acompanhou. — Obrigada por isso, Henry.

— Não precisa me agradecer. — ele deu um sorriso sem mostrar os dentes.

— Mas a vida infelizmente continua, não é? Mas foi bom ter o mínimo de paz por uma noite. — falei e rimos juntos.

— Preparei esse café pra você... eu quase nunca tomo café em casa, ou nem tomo. — ele riu envergonhado. — Mas me esforcei em levantar cedo e te fazer este.

— Oh, Henry... um velho e bom cavalheiro inglês. — sorri de lado. — Eu não posso recusar tamanho carinho.

— Vou adorar sua companhia. — ele sorriu.

— Eu só não vou poder demorar... infelizmente ainda tenho que passar no escritório do Peter para prestar contas. — revirei os olhos e Henry assentiu entristecido. — Mas agradeço por você ter ajudado uma desconhecida...

— Como te falei: não deixaria uma mulher sozinha vendo o que eu vi. — ele sorriu e sentamos à mesa. — Mas, então... você não me falou quanto valia... bom... eu não posso te deixar ir de mãos vazias... não sei do que esse cara é capaz.

— É oitocentos... — falei e engoli a seco com tamanha vergonha.

Se fosse por mim eu nem cobraria nada de Henry, não fizemos nada... ele apenas me salvou por uma noite.

— Ok... eu pego depois do café. — ele respirou fundo. — Se quiser, eu te deixo próximo, eu...

— Agradeço, Henry... mas é melhor não. Ok? — respirei fundo. — Não quero ser ingrata, mas você já fez muito por mim... tenho que seguir sozinha.

— Tudo bem... te respeito. — ele assentiu e respirou fundo.

Nos servimos do que tinha na mesa, e logo começamos a comer. Estava tudo uma delícia e muito bem preparado... poderia ficar aqui pela hora que fosse!

— Você disse que sua mãe era brasileira, certo? — ele perguntou e assenti. — Você fala alguma coisa da língua dela?

— Bem pouco. — ri sincera. — Em casa nós falávamos inglês, português era mais momentos específicos.

desirée - henry cavillOnde histórias criam vida. Descubra agora