004

62 7 9
                                    

"Cada lágrima, uma cachoeira
Na noite de tempestade
Ela fecharia os olhos
Na noite de tempestade
Ela voaria para longe"

•••

Emilly Spellman

Fiquei esperando alguma reação dele por uns quinze minutos, mas ele somente ficou sentado e estagnado com a minha proposta. E em minha mente só passava o quanto eu tinha sido idiota em ter vindo aqui, e pior ainda: ter lhe feito essa proposta. Mal nos conhecíamos! Ele sequer tinha obrigação em me ajudar com isso.

Agarrei minha bolsa ao corpo imaginando o quanto Henry estaria me chamando de louca em sua mente agora. E ele estava certo. Só uma louca mesmo poderia fazer isso.

— Henry, me desculpa. Eu não deveria ter vindo aqui, e pior: ter te pedido isso. — peguei minha bolsa e me levantei.

Caminhei para a porta e antes de sair olhei uma última vez à Henry que não mudara a sua expressão. Estava decidida que era a última vez que o veria, não o procuraria mais, o que ele havia feito por mim tinha sido além da sua obrigação e eu não deveria simplesmente pedir por mais.

Saí do apartamento e apertei imediatamente o botão gelado do elevador. Assim que chegou ao andar em que eu estava entrei no mesmo e apertei para ir ao térreo. Quando as portas estavam se fechando eu vi a mão de Henry impedir que se fechasse por completo, me puxou dali e me levou de volta ao seu apartamento.

— Eu vou te ajudar. — ele sussurrou. — O que aconteceu com você não foi sua culpa, e eu sinto muito por poder te ajudar somente dessa maneira. — ele respirou fundo. — Pra mim sexo é uma coisa importante, e nunca faço fora de um relacionamento. Mas eu me sentiria péssimo se não te ajudasse, entende? Pareço um idiota falando, porque sexo não é uma coisa ruim. — assentiu e ele olhou em meus olhos. — Você tem certeza?

— S-sim... — falei nervosa e sentindo minhas mãos suarem com tamanho nervosismo.

— Estou indo contra o que eu penso, mas é por uma boa causa. — ele sorriu de lado. — Você confia em mim?

— Você já me deu provas suficientes de que devo confiar em você... se eu não confiasse não pediria tamanho absurdo. — engoli a seco.

— Certo. — ele respirou fundo mais uma vez. — Se quiser parar, ou qualquer outra coisa, é só me dizer.

— Tudo bem. — limitei-me a um sorriso.

Henry pegou delicadamente em minha mão e me levou até o quarto dele, onde havia uma vista absurdamente impressionante de uma janela panorâmica que pegava do chão até o teto do quarto. Observei que uma fina chuva caía sob a cidade, o que deixou a paisagem ainda mais bonita.

— Eu gosto de ficar parado aqui observando a paisagem. — Henry disse me tirando do meu transe. — É uma vista impressionante.

— Ela poderia estar aqui... poderia levar toda a minha dor. — falei e respirei fundo.

— Eu não consigo mensurar a dor que sentes. E como já falei: sinto muito por isso. — ele disse e o olhei. — Sei que você não merece passar por nada disso.

Assenti e voltamos a ficar em silêncio. Minutos depois ele me puxou para sentar em sua cama, eu não sabia o que fazer, nem por onde começar. Não tinha medo. Pois sabia que essa era uma chance que eu não poderia desperdiçar. Segurei a vontade de chorar, e então sorri para Henry que se aproximou um pouco.

desirée - henry cavillOnde histórias criam vida. Descubra agora