CAPÍTULO 10

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COLDEX

Eu sei que ela está aprontando, minha nuca praticamente está pinicando com as ideias que esse anjo está tendo em sua cabecinha danada. São dez anos juntos, eu já conheço bem a companheira que tenho, e os outros já deveria fazer o mesmo com as deles.

— Que foi, amor? — me olhou de lado, enquanto move a agulha rapidamente em seu tricô.

— Eu sei que está aprontando. Eu confio você com minha vida, mas, não confio em ninguém com ao menos um grão de areia, então, por favor minha pequena, não faça nada que te coloque minimamente em risco. — Imploro sem esconder meu temor, e ela hesita.

Estamos na nossa sala, estou deitado com minhas meninas dormindo espalhadas sobre mim, exaustas. Gosto de estar de volta na montanha, existe uma sensação boa e aconchegante, que me faz sentisse saudável e seguro. 

— Leva as meninas para a cama. Vou te esperar no quarto. — Indicou suspirando, e assinto pegando as minhas meninas com facilidade uma em cada braço.

Luz não consegui levantar as meninas, somente a nossa menorzinha, porém, elas são levinhas e consigo levar as duas ao mesmo tempo. Nossa habitação é bem grande, porque meus pais pretendiam ter uma grande família, porém, não foi o caso e sinto falta de não ter convivido com eles, e nem que tenham visto meus filhos. Quando a doença os levou, eu era apenas um bebê e não recordo de nenhuma imagem deles, porém, Kammy me disse que eles eram doces e divertidos, e mesmo meu pai sendo um humano pequeno, era digno de confiança e foi o braço direito de Harlan, o pai do Hagar e nosso líder tribal na época. 

Coloco as duas para dormir, e sorri feliz por elas estarem finalmente na nossa casa. Aqui será tudo diferente, elas serão mais saudáveis e terá um desenvolvimento forte e ágil, e isso me deixa feliz e ansioso por cada fase das suas vidas jovens, e que a Luz possa usufruir de todas as maravilhas que a montanha pode trazer a sua vida. Quando conheci minha Luz, não evitei amá-la por ser uma humana, porque até certo ponto também sou, e meu único medo era ser insuficiente para ela, ou não poder suprir suas necessidades avançadas, devida a vida que levava na planície, com tecnologias e modernidade. 

— Boa noite meus amores. — A Luz beija as duas, mesmo dormindo. — Vamos? — Me deu a mão, e assinto caminhando atrás dela, para o nosso quarto.

— Vai me dizer o que estão aprontando? — Coloco minhas mãos em seu quadril, nosso olhar se encontrando com intensidade.

— Primeiro tem que prometer que não vai surtar, beleza? — Assinto sem muita vontade, porque quando ela fala assim, a coisa é grave. — Eu e as meninas, estávamos pensando em dar uma saidinha rápida da montanha.

— Como é? — Sussurro assustado com suas ideias. — Sabe que é proibido. Por que pretendem isso? — Dou uma chance, mesmo hesitando sobre seus motivos e risco. 

— Harley tem algumas obras de arte, e ativos no nome dela, e ela queria vender e usar o dinheiro para trazer algumas coisas para a montanha. — Morde o lábio me olhando, e encaro minha fêmea, tentando lembrar se já disse a ela o motivo que fez meu povo ser dizimado. — Eu sei o que está pensando. — Apontou suspirando, e se distanciando um pouco.

— Se sabe, por que está com essas ideias? — Questiono estupefato com o assunto. — Sabe que não podemos. O que é tão necessário, que não temos aqui? — Desânimo um pouco, pensando que ela esteja passando por alguma necessidade.

— A população está crescendo, e precisamos de recursos médicos. Os partos aqui são difíceis, sabia?! — Resmungou pensativa. — E não usaríamos as riquezas da montanha.

— Não Luz. Isso não está certo. — Neguei me sentando e arrastando minha mulher para meu colo. — Não é seguro nem mesmo sair daqui. Não sabemos como está na planície, e prometi a deusa que moraríamos aqui para sempre.

O SEGREDO DA MONTANHA 3 |+18|Onde histórias criam vida. Descubra agora