Chapter 08

308 34 70
                                    

Karen morava em um acampamento para ciganos, em uma comunidade afastada dos grandes centros urbanos, por sua cultura exótica. Ate porque, o povo romani, ainda sofria preconceitos nas pequenas cidades. Geralmente eram pessoas viajantes, vivendo nas proximidades da sociedade estabelecida. Alguns romani ainda viajavam de um lugar para outro, embora a maioria tenha mudado para uma vida estável. Os adeptos modernos possuíam caravanas, carros ou trailers. Suas vidas melhoraram e passaram a se dedicar a ocupações como: venda de carros usados, produção de utensílios de cozinha de aço inoxidável e mecânica. Alguns ainda trabalhavam como animadores de circo e cartomantes.

Eram chamados assim em sua forma 'politicamente correta', ja que para muitos a palavra 'cigano' seria ofensiva. Por exemplo, em um dos dicionários da língua Romena, a palavra “tigan” (cigano) seria descrita com uma conotação negativa “uma pessoa de pele escura” ou “uma pessoa com maus hábitos”.

Por sorte, ou destino, a temporada de moradia de Karen se dava próximo a sua cidade natal. Liam jamais deixava de vê-la, mesmo com o seu estilo de vida diferente do dele. Desde a infância, se mudavam de um canto para o outro, mas isso deu uma pausa em seus quatro anos de idade, mais ou menos quando as gêmeas vieram e seus pais decidiram viver em uma casa simples nos arredores da cidade. Sempre humildes e sem ver necessidade de ter uma fortuna para sobreviver. Às vezes um luxo e outro como viagens, mas nada que fugisse tanto à regra. 

Liam foi recebido com uma dança, como de costume, feita com grande sentimento e força de expressão. Ela acontecia quando os adeptos estavam alegres, ou para comemorar uma celebração como um casamento ou batizado, mas também dançavam nos raros momentos de tristeza, pois através da dança transmitiam sentimentos e emoções. A música em questão era uma versão própria no violão de In the end, do Linkin Park e teve pétalas jogadas em seu rosto, enquanto tentava acompanhar sem muito jeito, apenas para interagir com as pessoas que se tornaram a segunda família de sua mãe, desde que os filhos se tornaram adultos e ela resolveu voltar às origens, viúva e com a sensação de missão cumprida na criação de seus tesouros, mesmo sem o marido. 

E todos gritavam que o filho pródigo havia retornado, por nenhum motivo especial. Era apenas Karen brincando com Liam e tentando implicar um pouco antes de sair de sua própria tenda e encher o primeiro filho de beijos. 

— Um dia longe de você é equivalente a cem anos, pequeno urso. — pegou em sua mão e o girou, logo trazendo para os seus braços. — Está mais magro. Não gostei. — o analisou dos pés a cabeça, sabendo que o físico do filho devia ter algo a ver com o marido do mesmo. Liam sorriu e beijou sua testa. 

— Também fico feliz em vê-la, senhora Payne. 

Juntos, caminharam para dentro da tenda, Liam desabafando de imediato a pedido de Karen, que odiava enrolações. Ela compreensiva, apenas escutando.

Para Karen, a vida de romani era mais cabível ao seu estilo, além do aprendizado místico por trás daquela crença. O marido sempre achou interessante e ela foi uma mulher feliz, com um parceiro maravilhoso, apesar da fama conservadora que os soldados costumavam passar. Os casamentos ciganos eram geralmente arranjados pelos adultos para fortalecer os laços de parentesco e políticos. Não foi o caso de Karen, que preferia a liberdade de escolher o homem que lhe daria filhos e seria seu grande amor até o último dia de sua vida, quiçá pertencente em outras vidas. E assim que fugiu de onde residia antigamente, do domínio de pais controladores, conheceu o futuro marido em uma lanchonete, enquanto estava atendendo.  

— Aquele bundudo nunca me enganou. Aquele rosto de bonzinho… Devia se vingar e chamá-lo pelo nome de outro também — sugeriu, reclamando de Louis, como de costume — Pense em um homem gostoso. 

— O Michael B. Jordan. — disse o primeiro que veio à sua mente. A mãe franziu o cenho, tentando recordar. Não era tão antenada a tecnologia ou séries, apesar de gostar de gravar o cotidiano algumas vezes em uma câmera velha, apenas para a posteridade. — É um ator famoso e bonito… — esclareceu ao ver a dúvida estampada no rosto de Karen. Se sentou no tapete em frente a mesa e ela ocupou o outro lado, por trás de sua bola, baralho, incensos e uma bandeja com uma jarra de chá e dois copos.

Autumn love - ZiamOnde histórias criam vida. Descubra agora